Capitulo I - Aviso

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As marcas da noite anterior ainda podia sentir claramente em seu corpo. Seu desejo era de não se mexer e poder ficar ali quietinha na cama. Seu corpo nu, coberto pelos lençóis, doía quando se mexia e sua vontade era de chorar e chorar Seu coração não poderia estar tão destruído assim. Era seu corpo e ninguém poderia tocá-lo sem consentimento.

Seus olhos ardiam de tanta dor, mas essa estava em seu íntimo, rasgando todo o seu peito em um soluço, agarrando-se ao lençol. Queria que aquilo tudo acabasse ou ao menos pudesse fugir, mas não conseguiria passar pelos empregados nojentos.

Ela queria tanto que pudesse ser livre. Andar tranquilamente para onde quisesse com seu filho, com a liberdade que nunca teve até hoje. Ah, seu filho. Um soluço rasgado passou por sua garganta. Como pediu a Deus para que o livrasse das mãos desse maldito homem, mas não recebera resposta alguma.

Agarrou-se ao lençol lembrando das vezes em que seu filho era alvo de violência quando ele bebia, resultado dessa era um pequeno gesso em seu braço hoje. Oh, como já pensou em acabar com aquilo tudo e acabar com a vida do homem. Seus pensamentos e seu coração não deixaram, ela não era uma assassina.

Mas até quando sofreria assim?

Na noite anterior, após ser pega a força pelo fazendeiro que se dizia marido, foi jogada na cama e lhe tirado todas as roupas. As cenas que passavam em sua mente eram horríveis demais, ela nunca mereceu aquilo.

Os tapas e os apertões pelo corpo a faziam soluçar por lembrá-los. Era uma objeto na mão daquele maldito, que brincava com seu corpo e seu coração, destruindo tudo que havia nele. O que poderia fazer? Nem ao menos pisar para fora de casa poderia, ou era obedecer ou sofrer as consequências. Seu corpo encolhido e frágil naquela cama, apertando aquele tecido como se poderia ser salva através dele, era o alvo da dor mais dilacerante possível. A dor na alma.

O cansaço lhe atingiu e, de tanto chorar, ressonava com os olhos inchados e as marcas em seu corpo. A porta do quarto foi aberta e ali entrou uma figura baixinha e carrancuda, mas que por trás carregava um sorriso de compaixão e preocupação. Uma velha senhora que trabalhava naquele lugar desde jovem, viu o tempo mostrar quem o patrão era e viu a pobre mulher sendo maltratada pelo maldito.

Como de costume, entrou e se sentou sobre a cama, observando a figura frágil e delicada a sua frente. Era tão bonita, tão jovial, mas tão maltratada. Acariciou seus fios e seu rosto, despertando a mais nova de seu cansado sono. Era difícil ver as marcas que o homem deixava, mas não podia fazer nada e se tentasse seria apenas mais uma a ser agredida.

--- Bom dia, Sra. Regina. --- Comprimentou-a como fazia todos os dias. Seu olhar era preocupado para com a mais nova, sempre doía vê-la daquela maneira tão machucada.

--- Bom dia, Jude. --- Disse com uma voz rouca pelo choro e com semblante carregado, olhos inchados e dores pelo corpo.

Aquela senhora era o mais próximo de alguém que ela tinha, uma velha cozinheira daquela casa. Todas as vezes em que sofria na mão do homem era cuidada pela senhora, pelo menos quando o maldito não estava em casa. Havia também sua neta, Aurora, uma linda menina que por proteção de Deus não foi vítima de nenhum daqueles nojentos.

--- Vamos tomar um banho? Creio que ficará um pouco melhor com a água te lavando. --- Regina concordou e se levantou devagar, sentando sobre a cama e sentindo os resultados da força bruta do marido.

--- Onde está, Henry? --- Perguntou ao se lembrar do menino. Antes de ser arrastada para aquele quarto, pediu ao garoto que tracansse a porta e dicas de quietinho.

--- Está bem, Sra. Regina. Já dei o café da manhã no seu filho e está brincando no quarto com os bichinhos dele. --- A morena sorriu levemente imaginando a cena. Seu filho era o único tesouro que tinha naquela vida, faria de tudo para protegê-lo e poder guardar seu pequeno coração.

Resgate De Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora