CROOKEN SANDS

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O sr. Arthur Fernlee Markam, que comprou aquela que era conhecida como Red House, no alto de Mains of Crooken, era um comerciante londrino que, sendo essencialmente da zona leste, julgou necessário, quando foi durante as férias de verão à Escócia, providenciar um traje completo de chefe das Highlands, como aparecia nas cromolitogravuras e no teatro musical. Ele assistira no Empire uma vez ao Grande Prince — o rei salafrário— fazendo o teatro vir abaixo ao entrar em cena como MacSlogan de MacSlogan e cantar a famosa canção escocesa "There's naething like haggis to mak a mon dry" [Nada como buchada de carneiro para deixar um homem sedento]. Desde então, conservou na lembrança uma imagem fiel da aparência pitoresca e beligerante que viu representada. Na verdade, se o interior da mente do sr. Markam pudesse ser consultado sobre sua escolha de Aberdeenshire como local de veraneio, seria revelado que, no primeiro plano do local pintado por sua imaginação, espreitava o vulto multicolorido de MacSlogan de MacSlogan. Seja como for, uma sorte muito benfazeja — certamente no tocante à beleza exterior — o levou a escolher Crooken Bay. Tratava-se de um lugar adorável, entre Aberdeen e Peterhead, logo abaixo do promontório rochoso de onde os longos e perigosos recifes conhecidos como The Spurs, as Esporas, avançam pelo mar do Norte adentro.

Entre esse lugar e Mains of Crooken, um vilarejo abrigado pelos penhascos do norte, há uma baía profunda contornada por uma miríade de dunas inclinadas, em que os coelhos são encontrados aos milhares. Em cada extremidade da baía há um promontório rochoso e, quando a madrugada ou o crepúsculo cai sobre as rochas de sienito vermelho, o efeito é extremamente agradável. O leito da baía em si é coberto de areia plana e a maré se estende até muito longe, deixando uma camada lisa de areia dura, juncada por estacas de redes e tarrafas dos pescadores de salmão. Numa das pontas da baía, há um pequeno grupo ou conjunto de rochas cujos topos se erguem acima da água, exceto quando, no tempo ruim, as ondas as cobrem de verde. Na maré baixa, elas ficavam expostas até a areia, e ali talvez fosse o único pequeno trecho de areias perigosas nessa parte da costa leste.

Entre as rochas, afastadas cerca de quinze metros, há um pequeno trecho de areia movediça que, como as areias de Goodwins, só é perigoso quando a maré sobe. Essas areias movediças se estendem até se perderem no mar e, na outra direção, até sumir na areia dura da praia. No aclive da encosta que se ergue atrás das dunas, a meio caminho entre as esporas e o porto de Crooken, fica Red House. Ela se ergue em meio a um arvoredo de abetos, que a protege de três lados, deixando aberta toda a fachada que dá para o mar. Um jardim bem cuidado e antigo se estende até a estrada, atravessada por uma trilha de grama, que pode ser usada por veículos leves, que, por sua vez, leva até a praia, sinuosamente contornando as dunas.

Quando a família Markam chegou a Red House, depois de 36 horas a bordo do vapor Ban Righ de Blackwall até Aberdeen, mais o trem para Yellon e vinte quilômetros de carruagem, todos concordaram que nunca haviam visto lugar mais aprazível. A satisfação geral foi ainda mais marcante porque, naquele exato momento, ninguém da família estava, por diversos motivos, inclinado a considerar nada ou nenhum local além da fronteira escocesa favorável. Embora a família fosse grande, a prosperidade dos negócios lhes permitia todo tipo de luxos pessoais, entre os quais um vasto espectro de indumentária. A frequência com que as moças Markam trocavam de vestidos era motivo de inveja até para as amigas mais íntimas e de alegria para elas mesmas.

Arthur Fernlee Markam não confessara à família nada a respeito de seu novo traje. Não tinha muita certeza se estaria imune ao ridículo ou pelo menos ao sarcasmo, e, como era sensível a tais coisas, achou melhor chegar ao ambiente apropriado antes de se exibir em todo o esplendor para os seus. Empenhara-se para garantir que o traje das Highlands ficasse perfeito. Para tanto, fizera muitas visitas ao Mercado de Tartãs Escoceses em Lã Pura, que fora fundado recentemente em Copthall Court pelos senhores MacCallum More e Roderick MacDhu. Tivera conversas ansiosas com o diretor da firma, o MacCallum, como ele mesmo se chamava, evitando qualquer acréscimo como "senhor" ou "cavalheiro". Todo um arsenal de fivelas, botões, faixas, broches e ornamentos de todo tipo foram examinados nos minuciosos detalhes. Por fim, uma pena de águia de proporções suficientemente magníficas foi encontrada e o traje ficou completo. Só quando o viu terminado, com os tons vibrantes do tartã atenuados para uma comparativa sobriedade devido à infinidade de ornamentos típicos prateados, broches de quartzo enfumaçado, saiote, adaga e alforje, é que ele se sentiu plena e absolutamente satisfeito com sua escolha.

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