Desprendimento!

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Eu posso ver, nós não estamos ligados pelo amor, nos estamos amarrados por um sentimento de gratidão, eu me amarrei a ti por teres sido quem foste, por me teres dado o que deste, mas não preciso mais dessas amarras, elas impedem-me de seguir.
Serei eternamente grata... Mas não te devo nada, tampouco, deves a mim.
Não foste tu a causa da minha dor, tampouco, meu dissabor. Não foste tu a razão da minha exaustão, tampouco, o causador da solidão.
Eu estava exausta antes de ti, eu tinha feridas antes de ti, já sentia o gosto amargo da vida e também já estava só nesta corrida. Não era e também não sou quem sou por ou para ti.
Sou resultado de um cálculo matemático que precedeu nossa união.
Sou resultado das lapidações da noite e do dia, sou resultado da conversa entre o mar e o rio.
Sou resultado da disputa entre calor e frio, sou resultado da reconciliação entre o céu e a Terra.
Eu sou como sou! Mas não há teu traçado nesses rabiscos, foste no máximo o lápis usado para me retocar, o vento que me empurrou para direção certa, um degrau a mais na escadaria que me levará ao topo.
Reitero... Não te devo nada, tampouco, deves a mim!

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