Seus pés caminhavam lentamente pela calçada, ele não tinha pressa, ninguém o esperava nem mesmo tinha a vontade de ir para casa. Quando levantou seu olhar para frente avistou um pequeno parque, haviam crianças brincando ao redor, adultos que zelavam pela sua proteção não tiravam o olhar um segundo sequer daqueles pequenos seres humanos.
Decidiu se sentar no banco de madeira que tinha a poucos metros de onde estava para observar mais um pouco a existência humana. Não era incomum, Hoseok gostava de observar pessoas e de como elas eram diferentes como cada um tinha seus pequenos traços e características únicas. Afinal ninguém era exatamente igual ao outro. Quando se sentou e sentiu a brisa da noite tocar o seu rosto teve a vontade de se deitar e ficar absorto olhando apenas para aquele céu escuro com estrelas ano luz de longitude.
Sua cabeça tocou o banco frio de madeira enquanto seus pés descansam no apoio do banco. Estrelas o encantavam. Quando era pequeno sua mãe o dizia que quando as pessoas morriam viravam estrelas. Não sabia porque pessoas tinham que partir para virarem estrelas e acha isso um tanto quanto estranho, mas não questionava sua mãe, pois sabia que ela era a mulher mais sábia que conhecia. Depois de um tempo aprendeu que o que se via daquelas estrelas era apenas o reflexo de sua morte, estrelas eram eternas porque apesar de terem morrido a milhões de anos sua luz ainda se refletia a milhões de quilômetros.
Pessoas viravam estrelas por que queriam ser eternas como elas ou melhor as pessoas que ficavam queriam que os amados falecidos fossem eternos. Sorriu ao pensar, que sua mãe era uma estrela porque, ela era eterna em seu coração.
Ficou tanto tempo mergulhado em seus pensamentos que não percebeu que as crianças e adultos tinham sumido. Não havia mais ninguém a não ser ele mesmo. Ao sentir as gotas frias cair em seu rosto constatou que estava começando a chover, mas não se incomodou a levantar e ir a um lugar seguro, queria sentir o molhado do céu. Fechou os olhos e sentiu a escuridão o encharcar com gotas de chuvas, levantou a sua mão para o céu e sentiu o cair da água em sua palma era bom sentir, era bom respirar, de qualquer forma era bom estar vivo.
Quando a chuva passou a ficar mais forte, Hoseok teve que se esconder em um lugar seguro. Correu o mais rápido possível para a estação de metrô que ficava a poucos metros do pequeno parque. Desceu as escadas cinzas e desgastadas, o metrô não estava vazio, mas também não haviam muitas pessoas. Afinal eram quase meia noite.
Se encostou em uma das pilastras coloridos da estação e se pegou olhando o metrô passar rapidamente. Era incrível como ele se movia tão rápido e você só podia ver o reflexo cinzento do mesmo. Pegou seu cigarro e poise a boca. Não era de fumar muito menos em público, mas sentia a necessidade de pôr um em sua boca, ate que alguém o cutucou.
- Desculpe o senhor não pode fumar aqui - Olhou para o dono daquela voz rouca e cansada. Ele tinha os cabelos cinzas como a cor do metrô o que o deixou Hoseok intrigado. Seus lábios formavam um bico como uma forma de protesto. O rapaz usava roupas floridas como se fosse um jardim botânico, seu fone enorme estava como enfeite em seu pescoço e parecia tocar alguma música animada.
- Não vou fumar só acho maneiro estar com um na boca - indagou para os de cabelo cinzentos como fumaça. O rapaz franziu o cenho em estranheza.
- Como assim? você é tipo a versão coreana da culpa das estrelas? - Perguntou. E Hoseok riu fraco.
- Pode ser, mas eu não estou com câncer, e nunca tive um, juro.
- Então você só é um fã? - perguntou ainda mais estranhando o homem à sua frente.
- Também não. Na verdade, eu só vi o filme e talvez eu tenha derramado algumas lágrimas, mas você não pode me culpar, quem não choraria? - o rapaz ainda não entendia Hoseok e isso fez o moreno sorrir.
- Você é estranho. - Completou por vez.
- Certo, não estou questionando porque você está usando o jardim botânico na sua blusa. - Disse o provocando, que o encarou indignado.
- Saiba que isso é a última moda em Veneza. - Falou com um olhar sério. O Moreno riu novamente.
- Está mais pra agostinho Carrara. - Ele estava adorando ver a cara de descontente do cinzento a sua frente e isso melhorou quando o bico em seus lábios ficou maior. Ele era baixinho e fofo, pensou.
- Certo falou o homem de terno chinfrim aposto que pagou 50 reais no camelô - Falou irritado enquanto cruzava os braços.
- Ei pra sua informação foi 70 reais - Disse sorrindo - Gosto de estar de terno me faz me sentir importante. - O rapaz o olhou descrente.
- Por que um terno te faria se sentir importante? - Questionou.
- Porque pessoas importantes usam terno. É como se as pessoas as olhassem com admiração e respeito só por usar esse traje. Gosto de parecer importante para estranhos.
- Então você só quer preencher o seu vazio achando que as pessoas vão te notar porque você usa um terno. - Não foi uma pergunta foi uma constatação. Hoseok o encarou e ficou surpreso pelo rapaz o desvendar assim tão fácil. Ele era tão previsível assim afinal?
- É exatamente isso - confessou meio triste.
O metrô tinha acabado de chegar na estação em que estavam. O rapaz olhou meio incerto para o moreno, mas mesmo assim disse:
- Não se preocupe em ser notado pelas pessoas por um terno. Você brilha o suficiente sem isso. - Se virou em direção ao metrô. - Adeus han...? sr. terno. - Caminhou e adentrou o vagão. Ele se virou e encarou o moreno, sorriu pequeno, Hoseok fez o mesmo. E enquanto as portas daquele metrô se fechavam Hoseok concluiu que aquele garoto também era uma estrela, porque as memórias dele ficariam eternas em sua mente.
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The subway of the lost stars
RomanceHoseok acreditava que estrelas eram eternas e teve mais certeza ainda quando conheceu Yoongi o garoto de camisa florida que pegava o mêtro todas as noites.