Alex ficou se olhando no espelho por alguns minutos segurando uma faca butterfly que tinha guardada desde pequeno, o tempo parecia estar parado para Alex, ele lembrava somente da frase que seu pai sempre dizia: "Alex, meu filho, de que adianta ter a arma se não tem coragem para usá-la."
Alex tinha diversas lembranças de seu pai: um homem alto, forte e um tanto bruto. Ele morria de medo do homem que o devia protejer, afinal ele não batia somente em sua mãe, o que o fazia ir com roupas compridas para a escola para esconder os hematomas de quando seu pai dava um "corretivo" nele.
Após lembrar dessas coisas largou a faca dentro da bolsa.
Alex: - Eu nunca serei igual a esse homem.
Saiu do banheiro andando lentamente tentando evitar mancar, porém uma vez ou outra não aguentava sustentar aquela forte dor e acabava mancando.
Katherine - Olá novamente! Vejo que ainda não está muito bem.
Dizia ela com um olhar de preocupação vendo ele puxar um pouco da perna esquerda enquanto seguiam pelo corredor.
Alex: - Nada que uma boa noite de sono e alguns remédios para dor não resolvam.
Alex não gostava de mostrar fraqueza pertos dos outros, sempre se fazia de durão, não importava o qual forte era a dor sempre tentava disfarçar a todo custo.
Katherine: - Provavelmente você não deve saber, mas eu sou a sobrinha do diretor dessa escola, e sim, eu sei que meu tio é um pé no saco e para tentar dar uma ajuda posso te acompanhar até em casa.
Alex olhava para Katherine com uma grande vontade de rir, porém prendeu risada.
Alex: - Desculpe, mas onde eu moro garotas como você não sobrevivem nem 5 minutos
A garota encarou Alex com um olhar furioso e estava prestes a começar a esbravejar e desferir muitas palavras para Alex, parecia estar pronta para dar uma lição de moral nele, porém Alex a olha e percebe ela abrindo a boca pronta para gritar, logo ele sutilmente com um dedo fecha a boca dela.
Alex: - Eu moro em um prédio bem no centro de Deep Falls.
Suspirava e observava a garota ficar sem palavras, essa cidade não era muito boa, a cidade vive cheia de pessoas usando drogas em becos, ao anoitecer tudo piora todos os usuários que ficam pela área se divertem arrancando as lâmpadas dos postes, para vender comprar suas drogas, e assaltando pessoas nas ruas. Nem os policiais gostam de ficar nessa cidade e sempre que ficam eles param na loja de conveniências para ficar comendo besteiras. É uma cena comum ver pessoas sendo assaltadas na rua próximo aos policiais e eles não irem atrás dos bandidos, eles simplesmentem não veem ou fingem não ver.
Alex: - Bom, obrigado pela sua ajuda hoje cedo, porém tenho que ir andando porque, como pode ver, não vou chegar tão rápido em casa.
Quando estava começando a sair pelas portas da escola Alex escutou alguém correndo em direção a ele e virou, Katherine estava indo em sua direção com um pequeno pedaço de papel em mãos.
Katherine: - Caso você precise de ajuda novamente me mande uma mensagem ou ligue.
Alex sorriu quando pegou o papel.
Alex: - Claro, pode deixar!
Voltou a andar e deu outro leve sorriso enquanto olhava o papel e observava que no lugar do pingo do "i" ela colocou um coração.
O trajeto de volta para a casa parecia não terminar e a dor irradiava pelo seu corpo.
Alex: - Mãe, cheguei!!!
Indo em direção a cozinha ele avistou sua mãe no chão no meio do corredor , largou a mochila e foi correndo em direção a ela deixando a dor de lado, porém ainda mancando um pouco, abaixou próximo a ela e deu alguns tapas em seu rosto para vê se ela acordava.
Colocando mãos no rosto da mulher desacordada, começou a chorar andando de um lado para o outro da casa.
Alex: - Meu deus!Meu deus!
Em meio a aflição, Alex correu em direção ao telefone da cozinha e ligou para os médicos, sua voz falhava enquanto pedia ajuda.
Alex: - Socorro! É a minha mãe, ela está caída aqui no chão e aparentemente não está respirando, eu bati no rosto dela algumas vezes e ela não fez um movimento.
Ficava olhando a sua mãe enquanto falava ao telefone indicando aonde morava, mas não teve tempo de dar todas a informações necessárias, pois a ligação caiu e o desespero tomou conta dele.
Alex: - Alô!! Alô!!! Tem alguém aí? Por favor, responda.
Olhando em direção a mesa, Alex avistou vestígios de um pó branco que pensou ser açúcar ou sal, mas ao se aproximar de sua mãe e virar o seu rosto em sua direção viu seu nariz branco.
Por alguns segundos o tempo pareceu parar, passavam tantas coisas pela sua cabeça, não conseguia entender. Sua mãe teve problemas com drogas após o incidente com seu pai, porém achava que ela tivesse parado, que tudo voltara ao normal.
Alex a pega em seus braços, ela não era tão pesada, era uma mulher franzina de aparência frágil, de cabelos pretos com alguns fios grisalhos. Alex começou a descer as escadas rapidamente, ao passar pela porta se deparou com muitas pessoas na rua, porém estava aparente que não eram pessoas que prestavam, então começou a caminhar mais rápido e pedindo ajuda enquanto andava, porém só observava as pessoas virando seus rostos sem nenhum remorso e assim foi, por mais ou menos 2,5 km até chegar próximo ao hospital onde os seguranças o ajudaram enquanto algumas enfermeiras corriam com a maca para pôr a mulher. Após sua mãe ser levada, Alex, ofegante, se apoia em um dos segurançasAlex: - Acho que eu não estou muito bem...
De repente, sua visão ficou escura e o mundo a sua volta desapareceu nessa escuridão. Quando começou a abrir seus olhos,viu uma luz branca intensa e percebeu que estava em uma cama hospitalar, suas roupas não eram as mesmas. Alex levantou rapidamente ignorando o tubo de soro que estava ligado em seu braço e começou a perguntar repetidamente.
Alex: - Cadê minha mãe? Cadê minha mãe?...
E assim foi, até alguns seguranças chegarem e o segurar, o colocando na cama e o prendendo. Assim que o rapaz aparentou estar mais calmo, o doutor adentra pela porta da enfermaria.