cap 10

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10° CAPÍTULO

Sophia

Eu fiquei tão feliz quando vi o Rodrigo passar por aquela porta com o meu filho nos braços,
que eu não me importei com mais nada e o abracei, ainda com ele nos braços do Rodrigo.
Meu coração estava tranquilo agora, em ver que ele estava bem e minha mãe também.
Percebo que estou muito tempo aqui desse jeito, abraçando no Rodrigo. Me afasto
lentamente dele e pego o Gustavo no meu colo.
- Não chola mamãe. – diz o Gustavo limpando o meu rosto com suas mãos.
- Eu estou feliz que estou te vendo, meu filho. Nós passamos tanto tempo longe. Eu fico com
saudade. – deixo um beijo em sua bochecha e o aperto mais em meus braços.
- Saudade mamãe. Saudade. – diz e envolve os seus braços no meu pescoço abraçando-me
forte.
Vou até minha mãe que está em pé perto da porta e a abraço.
- Você tem muitas coisas para me explicar, mocinha.
- Eu sei mãe. Mas pode ser depois?
Ela me dá um aceno de cabeça e volta o seu olhar para toda a cobertura. Eu tive a mesma
reação que ela, quando entrei aqui. Eu deveria saber que o Rodrigo não teria um simples
apartamento. Essa cobertura é enorme e linda, ele me disse que estava abandonada, mas
não é o que parece, pois todos os cômodos estão muito bem mobiliados e a vista desse lugar
é maravilhosa. De frente para a praia e ainda tem uma piscina aqui. É tudo muito lindo.
Sento-me no sofá com o Gus no meu colo e o aperto em meus braços. Só de pensar que
aquele maluco está solto e que ele pode saber da existência do meu filho, me dá medo. Ele é
louco, eu não sei nem o que ele seria capaz de fazer com o Gus. Mas o que me conforta é que
estamos agora longe do morro. Ele não vai poder fazer nada com a gente aqui, o Rodrigo me
prometeu que não vai deixar que nada de ruim aconteça com a minha família. E eu confio
nele... Confio muito. Tanto que eu contei sobre o DG pra ele. Não foi fácil me abrir e ter que
me lembrando de todas aquelas coisas pela qual eu passei. Mas eu não conseguiria mentir
pra ele. Eu estranhamente me senti mais aliviada depois de ter contado tudo o que me
aconteceu. Eu de inicio tive medo. Medo de ser julgada. De ele não entender o meu lado de
querer ficar com o Gustavo, mesmo depois de tudo que aconteceu. Mas a sua reação foi o
que mais me surpreendeu. Ele não me julgou. Apenas me ouviu e me disse coisas que me
confortaram. Ele fazia-me sentir protegida em seus braços...
E seu beijo... Do jeito que eu me lembrava, só que ainda melhor. Ele foi mais carinhoso.
Segurava-me com firmeza, mas não com brutalidade. Era mais como quem dizia: “Não vou te
deixar ir nunca mais“. Mas eu não quero me iludir com isso. Ele disse que queria ter uma
conversa comigo sobre nós dois. Eu não faço a mínima ideia do que ele vai falar, mas eu
estou ansiosa pra saber, porém, ao mesmo tempo o meu coração está apertado com medo
de que o que ele queira me dizer, não seja nada do que eu anseio em ouvir.
Droga! Esse homem tem que ser tão imprevisível assim? Não dá pra eu saber o que ele está
pensando ou querendo fazer. Essa sua linda carranca não deixa brecha pra nada.
Depois de um bom tempo ele me chama para conversar. Eu deixo o Gustavo com a minha
mãe, que me dá um olhar cheio de perguntas. Ela não é boba, sabe que está acontecendo
alguma coisa entre eu e o Rodrigo. Coisa essa que nem eu sei ao certo o que é. Só nos
beijamos duas vezes.
Ele pega na minha mão e vai me direcionando até a enorme varanda. Subimos uma escada
que dar acesso à área da piscina, onde há uma churrasqueira e uma pequena varanda com
alguns sofás dispostos. E foi em um deles que nós nos sentamos.
O Rodrigo solta minha mãe e apoia seus braços em suas pernas. Seus olhos são direcionados
ao chão, está pensativo ou escolhendo as palavras que irá dizer. Eu não me atrevi a dizer uma
palavra.
- O que você está fazendo comigo, em Sophia?
Eu não entendi a sua pergunta. Não faço a mínima ideia do que ele está falando.
- Aãn? – a única coisa que sai da minha boca.
- Porra mulher! – ele agora passa suas mãos freneticamente pelos seus cabelos, bagunçandoos.
– Você realmente não tem noção do que você causa em mim?
- Não. – digo segurando um sorriso que está louco para brotar em meus lábios.
- Desde o momento em que eu te vi pela primeira vez na minha cozinha, eu sabia que não
conseguiria te ter longe de mim. Eu tentei! Eu juro que tentei. Mas eu não sei o que você
tem, que me desarma todo. Quando eu estou com você, eu simplesmente me esqueço de
tudo e de todos ao meu redor. Esqueço até mesmo quem eu sou.
Ele dizia tudo isso olhando intensamente dentro dos meus olhos.
- Tem algo muito forte que nos une e você sabe disso... E porra! Está vendo? Olha como eu
estou falando. Eu não sou assim! Olha o que você faz comigo.
Solto uma gargalhada baixa. Por incrível que pareça eu continuo com os meus olhos fixos aos
seus. Agora quem precisa desse contato visual sou eu. Eu preciso tentar enxergar além do
que eu vejo. Além do que ele está me dizendo. E eu estou conseguindo. Eu vejo sinceridade
em seu olhar. Em suas palavras...
- O que eu quero dizer é que eu não vou conseguir ficar na mesma casa que você vinte e
quatro horas por dia sem te tocar. Sem provar do seu beijo, que já virou um vicio pra mim.
Você não sabe o sacrifício que eu estou fazendo aqui pra não te beijar agora e...
Não o deixo continuar. Pego o seu rosto em minhas mãos e colo nossas bocas sem me
importar com mais nada. Eu jáouvi o suficiente. Eu não sei como será a continuação da
conversa, mas eu não me importo mais com nada que ele me disse. Já ouvi o suficiente.
O Rodrigo rapidamente leva suas mãos para a minha cintura, me fazendo sentar em suas
pernas. Abro minha boca dando passagem para a sua língua entrar de modo grosseiro, mas
delicioso. Ele aperta com força minha cintura quando eu começo a chupar sua língua. Já
posso sentir sua ereção crescendo na minha bunda. Mas eu estranhamente não me importo
com isso. A segurança que ele me passa não me deixa sentir medo de mais nada. Quando eu
estou ao lado dele eu me sinto segura... Protegida. Eu percebi hoje que ele não fará nada
para me machucar. Eu sei que não.
Ele desgruda nossas bocas, sua respiração, assim como a minha, é ofegante.
- É melhor parar. – me dá um beijo rápido e me faz sentar no sofá de novo.
Vejo-o muito discretamente levar a mão até o seu membro, ajeitando-o na calça.
- Está vendo o que você faz comigo? Me faz perder o controle.
- E isso é bom?
- Não. Pois eu não posso fazer com você tudo que eu tenho vontade, quando eu perco o meu
controle.
- Tipo? – se ele me disser que bateria em mim com aquelas coisas que encontrei em sua
gaveta. Eu não sei o que dizer.
Eu não me submeteria a algo assim.
Ele balança a cabeça e respira fundo encostando suas costas no sofá.
- Nada. Esquece.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Pode.
- Eu quero que você me diga a verdade. – ele acena e eu continuo. – Você é um dominador?
Vejo seus olhos se arregalarem assim que termino de dizer. Ele rapidamente desencosta suas
costas do sofá e me encara.
- De onde você tirou isso? – seu modo relaxado deu lugar aquela postura imponente de
sempre. O que me dá ainda mais certeza.
- É que... Eu fui arrumar o seu quarto e a sua gaveta do guarda roupa, aquela que tem uma
tranca, estava aberta e...
- E você sentiu no direito de mexer nas minhas coisas? – sua voz é grave.
Por um momento eu fico com medo. Mas deixo-o de lado e assumo uma postura mais
confiante diante dele.
- Não. Eu apenas fui fecha-la e vi. – minto. – Eu fiquei curiosa, admito, em saber se você era
ou não um Dominador. Eu sei que não tenho muita experiência, digamos assim, nessas áreas.
Mas isso não significa que eu não saiba distinguir um simples objeto de prazer para objetos
usados nesses tipos de... Pratica. Digamos assim.
- O que mudaria pra você, se eu dissesse que sou e que eu te quero como minha submissa?
Olho-o espantada, não acreditando em sua pergunta. Ou proposta? Não sei. Isso só comprova
as minhas suspeita de que ele é sim um Dominador.
- Não mudaria nada. Mas eu nunca me prestaria a esse papel de submissa. – digo a verdade.
De minha parte nada mudaria. Eu o trataria da mesma forma e o que eu sinto por ele não
passaria. Mas de jeito nenhum me submeteria a ele.
Posso ver um pouco de decepção no seu olhar.
- Mas você ainda não respondeu a minha pergunta.
Ele respira fundo e sem desgrudar o seus olhos dos meus, responde.
- Sim. Eu sou um dominador.
Eu não fiquei surpresa em ouvir essas palavras saindo de sua boca. Até porque eu já tinha
quase certeza. Agora eu tenho tantas perguntas para fazê-lo, só não sei se teria respostas.
Mas não custa nada tentar.
- O que te levou a fazer isso?
Eu não estou o julgando, é apenas uma pergunta. Eu realmente quero saber o que dá na
cabeça de uma pessoa a ter prazer agredindo outra. Isso é algo que não entra na minha
cabeça.
O que eu irei fazer agora não é uma comparação, o Rodrigo está longe de ser igual ao DG.
Mas essa coisa de sentir prazer com a dor alheia me lembrou do que eu vivi. Eu via prazer nos
olhos do DG vendo minhas lágrimas caindo, meus gemidos de dor e minhas suplicas para
parar...
- Muitas coisas que não vem ao caso agora. – diz ríspido.
- As mulheres... Com quem você sai... Elas fazem por...
- Por dinheiro e prazer. Mais por dinheiro – responde neutro como se fosse a coisa mais
normal do mundo. Mas querendo ou não, de fato é.
Ele sai com prostitutas. Não! Porque pra mim a mulher que vai pra cama com a outra pessoa
por dinheiro, não tem outro nome a não ser prostituta. Elas ainda apanham pra isso.
- Elas deixam você bater nelas por dinheiro?
- Sophia, acredite ou não. Tem pessoas que gosta. E eu não sou louco, eu sei qual o limite das
minhas submissas. Eu nunca faria nada para machuca-las. Eu não faço nada que elas não
gostem que pratiquem nelas. Tudo que eu faço é para o prazer de ambos.
Minhas. Elas. Nelas...
É mais de uma. Também, o que eu poderia esperar de um homem desse tamanho? Ele não se
saciaria com apenas uma.
Fico imaginando como deve ser cada uma deles. Ele é um homem que aparenta escolher
muito bem quem vai levar pra sua cama. Imagino uma mulher mais linda que a outra.
Mulheres como a Clara, podre, vazias. Mas lindas e “gostosas” ao olhar de um homem. E eu
não me encaixo em nenhum desses requisitos. Mas eu não estou me queixando. Eu agradeço
a Deus por não ser assim. Eu acho que nem se eu estivesse passando fome, teria coragem de
me vender por dinheiro. Eu acho que isso não justifica. Há vários meios em que as pessoas
podem se virar para ganhar dinheiro e elas escolhem a maneira mais “fácil”. Que pra mim de
fácil não tem nada.
- Era disso que eu tinha medo. É por isso que eu escondo esse meu lado das pessoas. Elas
nunca me entendem. – ele levanta e anda de um lado para o outro.
- Mas é difícil, Rodrigo... – Me levanto ficando de frente para ele. – Olha! Eu não estou te
julgando. Há um motivo pra você gostar disso. Eu não sei qual e você não quer falar. Okay! Eu
entendo essa parte. Mas é um pouco difícil de entender isso tudo, sabe? Como alguém
consegue sentir prazer assim? Um sexo normal não te satisfaz?
Depois que a pergunta sai de minha boca sinto meu rosto esquentar e a vergonha tomar
conta de mim.
“Que droga de pergunta é essa Sophia? Nem você mesma sabe como é.”
Ele me olha e a surpresa, pelas minhas palavras ditas, é nítida em seu rosto.
- Sim Sophia, me satisfaz. Antes que você pense que eu sou um maluco. Se é que já não está
pensando... Esse não é o único meio que eu uso pra me satisfazer. – ele diz e vem andando
em minha direção. E a cada passo seu, eu dava dois para trás.
- Eu consigo muito bem me satisfazer com um sexo normal, mas às vezes a mesmice cansa. –
sinto minhas costas baterem na parede e percebo que não tenho mais para onde correr. O
Rodrigo sem desgrudar os seus olhos dos meus, junta o seu corpo no meu e segura minha
cintura com força.
- Eu procuro o clube apenas quando eu estou muito estressado. Dominar me acalma nessas
horas.
Ele passa seu nariz pelo meu pescoço e continua.
- Ou quando uma certa morena, de cabelos cacheados e um corpo que me faz enlouquecer,
anda viajando os meus sonhos de madrugada... – sua mão sobe e desce na minha cintura.
Seu nariz ainda percorre o meu pescoço e deixa pequenos beijos pelo local. – Me fazendo
acordar com uma porra de uma ereção que nem com os pensamentos mais broxantes do
universo eu consigo fazer com que ela vá embora. Ai eu sou obrigado a tentar de outra
forma, se é que você me entende. – mais um beijo no meu pescoço e o meu corpo todo se
arrepia. – Mas de nada adianta. Nem assim eu consigo fazer com que essa mulher saia da
minha mente. Parece que ficou ainda mais forte desde o dia em que eu beijei-a pela primeira
vez.
Ele roça os seus lábios nos meus. Eu fecho os olhos na esperança de que ele me beije
realmente, mas isso não acontece. O Rodrigo desce sua boca para o meu pescoço e continua
distribuindo beijos e mordidas, me deixando completamente arrepiada e molhada. Devo
dizer. Se suas mãos não estivesse em minha cintura, eu com certeza estaria no chão. Minhas
pernas estão feito gelatina.
- Ela não sai da minha cabeça. Ela me enfeitiçou apenas com o seu jeito. – um beijo e uma
mordida em meu pescoço. – Com seu beijo.
Ele sobe e me dá um beijo rápido. Sem língua. Sem nada. Apenas juntou nossas bocas e no
final puxou meu lábio inferior mordendo-o de leve.
Caramba isso é tão bom. Essa tortura é tão boa.
- Eu estou ficando maluco... Eu te quero pra mim, Sophia.
Ele segura o meu rosto em suas mãos e diz olhando fixamente nos meus olhos.
- Eu sou capaz de abrir mão de tudo por você. Porra! – xinga e fecha os olhos, logo abrindo-os
em seguida. – Olha como eu fico. Como eu falo quando estou perto de você. – sem soltar o
meu rosto, ele encosta sua testa na minha e roça de leva, segundos depois ele as separa e
deixa um beijo na minha testa.
- Tudo mesmo? Até de deixa as suas submissas de lado?
- Sem pensar duas vezes. Eu não preciso delas quando eu tenho você.
Ele toma a minha boca e eu me entrego. Eu não vou lutar contra. E nem poderia. Eu acredito
nele. Acredito quando ele diz que vai deixar suas submissas. Ele me passa confiança em
absolutamente tudo que fala e faz.
Eu levo as minhas mãos para o sua nuca e ele desce as suas para a minha cintura, grudando-
me mais em seu corpo, não deixando espaço nenhum entre nós.
Se alguém um dia me dissesse que eu estaria aqui, agora, com esse homem maravilhoso me
beijando e dizendo essas coisas pra mim. Eu riria da cara da pessoa.
- Você não precisa mais trabalhar na minha casa. Eu quero que você vá morar lá comigo junto
com o Gustavo. Eu quero vocês do meu lado o tempo todo e...
- Calma! Calma Rodrigo. Vamos com calma, ok?
- Qual o problema?
- Eu não vou morar na sua casa... Quer dizer. Não desse jeito. Eu vou continuar trabalhando
lá até eu encontrar outro emprego pra mim. Se você não se importar, é claro.
- É lógico que eu me importo. Eu não quero você trabalhando pra mim. Agora você é minha
namorada eu não vou deixar...
- Espera ai. – digo sorrindo, não acreditando no que eu estou ouvindo. – O que você disse?
- Disse que eu não quero você trabalhan...
- Não. Eu estou falando da parte da namorada.
Ele fica totalmente envergonhado e eu começo a rir. Nunca o vi desse jeito.
- Eu disse namorada? – ele tem um sorriso tímido e lindo nos lábios, que eu nunca tive o
prazer de ver.
- Sim! Você disse. – eu não consigo medir o tamanho do meu sorriso e da minha felicidade
nesse momento.
Parece que tudo que me preocupava minutos atrás, agora por um tempo foi embora, dando
lugar a alegria que estou sentindo ao ouvir essas palavra.
- Pois é isso mesmo, namorada. Agora você é minha namorada.
- Você sabe se eu quero namorar com você?
- Qual é Sophia. Eu já tenho 33 anos na cara. Nem na idade de pedir em namoro eu estou
mais... Então aceita logo.
- Mas você não me fez nenhum pedido. Praticamente está me impondo isso. – estou me
divertindo muito com isso.
A cara que ele está fazendo é a melhor. Está na cara que ele nunca tinha feito isso antes.
- Que porra, Sophia.
- Você tem uma boca muito suja, sabia? –sorrio.
Ele revira os olhos e coça a cabeça. Ele é tão lindo.
- Sophia, você quer namorar comigo?
- Você tem certeza de que é isso que você quer, Rodrigo? – agora eu falo sério. Ele percebeu
que agora eu não estou brincando.
Eu realmente quero que ele tenha certeza do que está fazendo. Eu não sou igual às mulheres
com quem ele está acostumado a se envolver. Por mais que eu confie nele de olhos fechados,
não sei se conseguirei me entregar totalmente pra ele. Eu não quero que ele se prenda a
alguém assim. Ainda mais ele sendo quem ele é.
- Lógico que tenho Sophia. Eu não entendi a pergunta.
- Rodrigo, nós somos diferentes. Eu sei que não tenho nada a ver com as mulheres que você
esta acostumado a sair. Você já sabe da mi
- Pois eu não me importaria nem um pouco ter que cuidar de você e do Gustavo.
- Mas eu sim Rodrigo. Ele não é responsabilidade sua. Mas sim, minha. Não quero que você
se sinta obrigado a nada que envolva ele.
Ele me olha parecendo estar um pouco ofendido com as minhas palavras. Não foi essa a
minha intenção. Eu só quis deixar claro que ele não é responsável pelo meu filho.
- Mas não é obrigação nenhuma Sophia. Eu gosto do Gustavo como se fosse um filho pra mim
e eu não me importo em cuidar dele e tê-lo como um. Não adianta você tentar nos afastar,
pois eu sinto que ele sente o mesmo por mim.
- Mas eu não quero que você pense que eu quero jogar essa responsabilidade pra cima de
você. Eu não tenho esse direito.
- Eu não me importaria nem um pouco, eu já disse. Mas vamos deixar esse assunto de lado,
eu não quero brigar com você no nosso primeiro minuto de namoro.
- Também não. – digo sorrindo. Ainda não conseguindo acreditar completamente.
- Pode deixar que eu arrumo um trabalho pra você... E antes que você diga que não precisa.
Eu te digo pra deixar de ser orgulhosa pelo menos uma vez na vida e aceitar a minha ajuda.
- Eu aceito a sua ajuda. – digo sabendo que realmente não adiantaria de nada eu lutar contra
ele.
Demos o assunto por encerrado.
Ele me pega pela minha cintura iniciando um novo beijo. Ficamos mais alguns minutos
namorando. É tão estranho falar isso... Namorando. Eu nunca namorei na vida e vou começar
logo agora com o meu chefe louco e lindo. Ainda mais vestido desse jeito que o valorizava pra
caramba. Por mim ele ficaria o tempo inteiro fardado e armado. Fica tão mais lindo.
Algumas horas depois ele diz que tem que ir embora, pois tem que trabalhar no caso do DG.
Isso me deixa aliviada, saber que tem alguém se empenhando em colocar esse desgraçado
atrás das grades novamente. Voltamos para a sala e encontro todo mundo do mesmo jeito
que deixei.
A Camila também já estava de saída e enquanto ela se despedia do Gustavo o Rodrigo pega o
meu rosto em suas mãos e me dá um beijo demorado, não rolou língua, nem nada, só
tocamos nossos lábios em um longo período, o que me deixou muito sem graça. Olho para a
minha mãe e a Mila que nos olhava espantadas.
- Dona Marta não se assuste. Eu e sua filha estamos namorando. Pena que eu não possa ficar
aqui pra conversar com a senhora sobre isso. Tenho muito trabalho pela frente, mas eu volto
para conversarmos com calma.
Ele vai até onde a Mila está com o Gustavo no colo, deixa um beijo em sua cabeça e depois
sai. Todas nós estávamos surpresas, eu queria conversar com a minha mãe com mais calma
depois, mas o senhor dono de tudo voltou e abriu a boca grande.
- Isso é verdade? Vocês estão namorando? – diz a Camila com seus olhos levemente
arregalados e um sorrisinho no rosto.
- Sim, mas depois eu te conto os detalhes.
- Vou cobrar. – ela sorrir, me dá um abraço e um beijo, e vai embora.
Assim que ela vai embora, a minha mãe me olha com aquela cara de que quer respostas para
todas as perguntas que tem em mente.
- Depois mãe. Depois.
Pego o Gustavo nos meus braços e faço igual a todos os sábados quando chego em casa; dou
total atenção ao meu pequeno que já começou a explorar todo o apartamento. E minha mãe
foi fazer o almoço com o pouco de comida que ainda tinha aqui.
Almoçamos e depois, como está muito calor, subi com o Gustavo para a piscina. Ficamos a
tarde inteira, até ele se cansar. Depois nós descemos, dei um banho nele que não demorou
muito para dormir. Eu também fui tomar o meu banho. Saio do banheiro e vou para o quarto
que, pelo tempo que eu ficarei aqui, será o meu. Assim que entro nele, encontro minha mãe
sentada na cama a minha espera.
- Agora vamos conversar. E não adianta fugir igual você fez o dia inteiro.
- Ok mãe. - Me sento na cama ao seu lado e respiro fundo tomando coragem para falar.
- Eu quero saber primeiro o porquê do seu chefe, namorado... já não sei de mais nada. – sua
expressão é de total confusão. – Enfim. Eu quero saber porque ele tirou a gente do morro?
- Por causa do DG.
- O que o DG tem a ver com isso? Ele está lá e a policia está atrás dele, eu sei. Todo o morro
sabe. Mas o que nós temos a ver com isso? Já fiquei com você lá em tantas operações e nada
aconteceu...
- Mãe, eu vou precisar que a senhora me escute até o final sem me interromper, pois eu não
sei se terei coragem de contar isso se não for tudo de uma vez.
- O que foi?
- E principalmente, só tire suas conclusões, ou venha me julgar quando eu tiver terminado de
falar. Me promete?
- Prometo. Mas fala logo. – está nitidamente curiosa e nervosa.
Eu respiro fundo uma, duas, três... Quatro vezes para tentar tomar coragem. Fecho os meus
olhos e abaixo a minha cabeça não suportando encará-la neste momento.
- O DG é o pai do Gustavo.
- Como assim, aquele bandido é o pai do Gustavo, Sophia?
Levanto a minha cabeça e vejo incredulidade em sua face. E aquele mesmo olhar de decepção
de três anos atrás, está presente novamente em seus olhos.
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MEU DELEGADOOnde histórias criam vida. Descubra agora