Capítulo 1- O início de tudo

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 Se perguntar sobre minha vida vou dizer que era harmoniosa e feliz. Eu tinha uma família maravilhosa. Sou filha única e minha mãe sempre se dedicou por completo a minha criação. Meu pai, Henrique C. Sunshine, se tornou ao longo dos anos um grande empresário da área de turismo, no Brasil. Apesar dele tentar nos fazer felizes de todas as formas, nem sempre estava presente, por causa de seus negócios. O motivo era que há alguns anos ele abriu uma filial da empresa em Portugal e isso tomava muito de seu tempo. Estava sempre viajando entre um país e outro, mas quando chegava tudo virava uma festa. Sempre cheio de novidades contando as maravilhas das terras portuguesas. Enquanto ele viajava minha mãe, Eleonor C. Sunshine, se dividia entre os cuidados comigo e as aulas de história, no colégio em que trabalhava e que por sinal era o mesmo que eu estudava.

Desde pequena fiz aulas de balé em uma escola profissional de dança. Assim segui por anos até que finalmente chegou a época de cursar a universidade e meu pai me enviou para Ballet School, da Opéra National de Paris, na França. Depois que me formei voltei para o Brasil e abri minha própria escola de dança, a Paris Dance Ballet, na minha cidade natal, o Rio de Janeiro. Minha vida profissional ia de vento em popa, já minha vida amorosa nem tanto. Opções não me faltavam, mas nunca me apaixonei de fato por ninguém. No entanto, não me cobro por isso. Acredito que tudo tem sua hora e momento certo de acontecer. O que tiver que ser será.

Eu amo minha vida, como assim também minha profissão. Dentro de pouco tempo consegui estruturar minha carreira e comprar meu apartamento. Tudo ia bem, até que durante uma de minhas aulas recebi uma ligação do hospital dizendo que minha mãe tinha sido hospitalizada. Fui o mais rápido que pude, mas quando cheguei ela já havia partido. Vítima de um infarto fulminante.

Naquele dia o meu mundo caiu, não me lembro de ter tido dor maior do que aquela. Não sei se algum dia sentirei algo semelhante. Levei um mês para voltar a minha rotina. O apoio do meu pai e dos meus amigos foi fundamental nesse processo. Quando voltei à minha escola de dança me deparei com uma linda homenagem de meus alunos e funcionários. Com tanto carinho consegui aos poucos recuperar meu ânimo e voltar a vida normal.

Em dias como hoje sinto uma certa monotonia, como se algo estivesse faltando. Aí você pode dizer:

Ah! Isso é saudades da sua mãe.

Eu digo que não. É diferente. É como se sentisse falta daquilo que nunca existiu. Sinto falta da companhia de alguém, mas isso não tem a ver com amor de família. Finalmente minha ficha cai. É falta do amor entre homem e mulher. Sinto falta de experimentar aquelas famosas borboletas no estômago, e mais que isso, quero me sentir protegida nos braços de alguém. Se é que isso é possível. Algum dia vai ser. Preciso acreditar.

Depois de muito pensar a caminho de mais um dia de trabalho chego a Paris Dance, a fachada rosa do prédio anuncia que cheguei ao meu destino.

Entro cumprimentando todos e parto para minha primeira aula do dia.

E assim o dia passa. Uma aula após a outra e quando vejo está no fim.

- Ufa! Dez aulas completadas com sucesso. - Digo sorrindo para minha sócia Marion Muller.

Marion é brasileira, também se formou na Balé da Ópera de Paris, na França, e fez carreira como primeira bailarina da companhia. Além de ter uma extensa experiência como professora na mesma instituição. Eu mesma fui sua aluna durante meus estudos, na França. Depois de se aposentar, ela decidiu retornar ao Brasil. Foi aí que percebi a oportunidade única de juntar sua experiência à minha vontade de realizar um projeto único em nosso país. E para minha sorte ela aceitou estar ao meu lado na gestão da Paris Dance.

- Vejo que fechou mais um dia de trabalho com sucesso, minha querida. - Disse Marion.

- É verdade, minha amiga. - Respondo sorrindo e ela me devolve um sorriso doce.

O Resgate - Anne C. Sunshine e o Detetive DragãoOnde histórias criam vida. Descubra agora