Coração Defeituoso

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E mesmo isolado da festa, mesmo tentando ocupar a mente com coisas contrárias, Prior não era capaz de pensar em nada mais além de Daniel e seus cabelos esvoaçantes.

Era difícil para Felipe assimilar o montante de informações que lhe ocorreu nos últimos dois dias. A saída de Petrix, o surgimento de novos conflitos e, principalmente, a chegada de novas informações do exterior junto ao rapaz que fizera seu coração bater mais forte.

Fora isso sua pauta em um dos momentos da breve discussão que compartilhou com o brother. Daniel dissera ter um coração, e Prior não desejou parecer um insensato ou, como afirmara Daniel diante seu rosto, um retardado. Felipe carregava um coração defeituoso, do tipo que poucos são capazes de consertar, e Daniel era um destes poucos.

Ele ainda enxergava Daniel no lado oposto de onde estava, festejando com o grupo das meninas, longe da parede onde estava apoiado. Ele jogou sua bebida fora, preparou o coração e gritou pelo nome do outro. Daniel o ouviu, o encarou com receio de um cão que escuta um outro latido à distância. Falou para Daniel se aproximar, pois ele tinha mais coisas a discutir. E mesmo que não mais quisesse se envolver em brigas com Prior, Daniel marchou até a posição que ele se encontrava.

— O que é que você quer? — Perguntou ríspido Daniel.

— Relaxa, Danielzão, eu só quero me redimir contigo. Acho que a gente começou com o pé esquerdo. — Respondeu com a voz trêmula como se estivesse declamando uma declaração ensaiada.

Daniel riu, a incredulidade esbanjava por seu rosto pálido. Felipe era mesmo um retardado, um idiota de sorriso maior. E mesmo que sentisse vontade de dar abertura a um novo diálogo, Daniel não confiava naquele homem. Poderia toda sua conversa ser mais uma jogada suja de seu grupo.

— Cara, vê se cresce. Eu não tenho nada contigo e nem quero ter. — Trovejou Daniel conforme recuava. Tivera sido uma perca de tempo, como imaginara.

Mas antes que pudesse deixar totalmente o perímetro que os separava, Daniel pôde sentir o calor da mão de Prior se espalhar pela sua. Felipe houvera lhe agarrado a mão, em seu rosto uma expressão indecifrável maquinava. O que era aquilo?

— Calma aí, Daniel. Eu falei para você me botar no paredão. — E, mesmo atônito, Daniel deixou-se levar pelo movimento de Prior que o puxava para um pouco mais perto de onde estava. — Falei mesmo para você me jogar no paredão, mas eu não disse qual.

A curiosidade o afligia, o nascimento de um desejo que não nunca notou. Felipe não era exatamente o tipo de cara atraente, mas algo em suas palavras o tornava um ímã notoriamente físico.

— Eu preciso destes seus dedos em meu corpo, desta sua força que me empurrou. Deste seu coração. — Prior tremia, sentia um frio calor em seu estômago, em sua espinha e em seu peito. Daniel estava ainda paralisado, sem reação alguma. E nos instantes que se seguiram de tensão, pelo desespero de imaginar que seria exposto e humilhado, seus pés moveram-se para o lado, deixando para trás os olhos cristalinos de Daniel.

— Você é mesmo um retardado, não é? — Exprimiu Daniel após um longo tempo de choque. Seu semblante sério, que devastava as emoções de Felipe o enganou, pois logo em seguida de suas palavras, um suntuoso sorriso transpareceu em sua fisionomia. E naquela mesma hora, Prior fora levado ao paredão, prensado pelo corpo intrusivo de Daniel, por suas mãos que lhe apertavam a cintura e sua boca voraz que o abocanhava os lábios. Seu coração batia forte, rápido, ele pensara também sentir o de Daniel quando colara seu corpo ao seu, puxando-o pela nuca, percorrendo seus fios dourados, e o trazendo para mais junto de seu calor sexual.

Daniel pressionava Felipe cada vez mais na parede. Usava de suas mãos para estapear e apertar a bunda de Prior por cima do jeans, ouvir os gemidos do brother quando o penetrou com os dedos pela calça e por debaixo de sua cueca onde o estímulo da região anal por Daniel fazia Felipe gemer em meio aos beijos molhados que partilhavam.

A mão de Prior desceu devagar pelo torso de Daniel, explorando seu abdômen, sua virilha e o enorme volume que constava no tecido de sua calça. Era grande, extenso e úmido. A prova viva de que Daniel admirava seu retardo mais do que podia admitir.

— Daniel... Ah...! — Gemia Prior conforme o brother progredia na profundidade que seus dedos exploravam seu interior. — Eu vou gozar, caralho! Não dá para ir mais devagar?

— Devagar? Agora você quer que as coisas sejam devagar? Cadê toda aquela sua coragem quando resolveu me acusar? — Provocava Daniel conforme sentia o corpo de Prior ceder diante seu toque, retraindo-se em gemidos e bufadas.

Felipe sentia o calor percorrer seu corpo, a excitação latente em seu ventre que se desdobrava em um desejo fogoso de sexo. Ele queria aquele homem em seu interior, queria-o por inteiro como uma avalanche que engole a montanha.

— Daniel... por favor, cara. — Implorava enquanto sentia o tesão o devorar por partes.

— Por favor o que? — Dissera Daniel enquanto mordiscava o lábio do rapaz que se contorcia com a cabeça repousada em seu ombro.

— Por favor, me come. — Sussurrara Prior exaustivamente, finalmente a reconhecer seu estado deplorável de submissão.

— Não, aqui não. Você vai ser queimado se pedir isso. — Analisou Daniel com sarcasmo diante a situação que se enrascara que, certamente, acarretaria também sua saída.

— Foda-se o público. Agora só quero você. Eu preciso de você. — Confessara Prior no exato momento que Daniel atingira seu ponto máximo com os dedos e o fizera se derramar numa ejaculação que cobriu toda sua cueca e sua calça. E após isso, mesmo em êxtase pela adrenalina, pelas emoções e o prazer, Felipe ouvira de Daniel uma outra proposta:

— No banheiro. Daqui cinco minutos. — E beijou outra vez Felipe. Um beijo rápido, mas não de despedida, apenas de continuidade.

Coração DefeituosoWhere stories live. Discover now