Pedro PoV:
São Paulo, 03 de junho; 17:06
Clicar no pequeno ícone que se assemelha a um avião de papel nunca foi tão exaustivo e ameaçador, mas eu realmente precisava falar com João e saber que ele não me retornou quando chegou em Américo deixou toda essa situação ainda mais embaraçosa. Sim, eu sei que ele provavelmente deve ter conversado com a família, já que é aniversário de seu avô, mas não custava ter mandado uma mensagem confirmando que chegou em segurança e que me chamaria mais tarde. Assim como ele deve estar, eu estou tentando digerir o que aconteceu na última noite e preciso saber o quanto ele sabe... Minha cabeça é um turbilhão de informações falhando em processá-las de forma nítida. Meu interior tenta sem êxito colocar tudo para fora enquanto estava do lado da privada mais cedo. Eu não consigo parar de pensar e, não sei como, ao mesmo tempo minha mente se esvazia por alguns segundos, provavelmente pelas dores de cabeça que me fazem querer dormir mais imediatamente ou poderei desmaiar em qualquer cadeira, sofá ou banco de praça.
Ana me ajudou e me trouxe para casa. Por sorte, dentro de sua bolsa havia um óculos escuro, pois sair daquele hotel, do qual eu nem me lembro o nome, com um sol de rachar, foi torturante. Assim que o Uber chegou, uma Megane Sedan preta, entramos no carro do desconhecido. Durante todo o percurso, tentei falar por códigos com minha amiga para que o motorista não descobrisse que a conversa se tratava de uma suruba, mas não adiantou nada, já que sou péssimo com sinais. cheguei a usar frutas, como pêssegos, laranjas e bananas na frase e sim, foi muito constrangedor, ainda mais depois da risada escandalosa de Ana. Chegamos no meu apê e ela me deixou na cama pouco antes de sair. Vicente e Chicória, que ficaram comigo com a promessa de cuidar deles para o João até que voltasse, estavam deitados quando cheguei e se aproximaram de mim, talvez para me consolar, pois estava prestes a chorar e não sabia se havia motivo. E agora estou aqui, parado na frente de um balcão de cozinha, esperando uma notificação fazer o celular se debater contra o mármore frio. Nada, esperei um, cinco, dez, quinze, trinta minutos, e nada. Estava prestes a surtar e ligar para o desgraçado, quando uma mensagem chega.
João:
Eu estou bem, me desculpe por
tudo, isso não vai mais se repetir.
preciso conversar com você
pessoalmente, pois isso é
complicado demais para ficar
exposto em mensagens de um
aplicativo qualquer.
17:43Quando voltará para São Paulo? Acho que também seria melhorou conversar pessoalmente sobre isso...
17:44João:
Sexta-feira, preciso esfriar a
cabeça e passar um tempo
com a minha família.
17:45Era muito tempo, hoje ainda é segunda e queria falar com ele agora. Mas não posso obrigá-lo a fazer algo que não quisesse. E também talvez ele esteja despreparado e com medo, assim como eu estou. A minha vontade era sair daqui sem levar qualquer coisa e pegar o próximo ônibus para a pequena cidade de interior, mas minha intuição diz que se isso acontecer, pode ocorrer coisas das quais posso me arrepender e machucar nós dois. Estava pisando em ovos e não queria que nenhum deles se partisse, pois não haveria volta. Então sim, vou ter que esperar longos e torturantes quatro dias.
Está bem, até sexta.
17:47João:
Até.
17:47A última mensagem que sempre acompanhava de um "eu te amo" não chegou. Sempre demonstramos isso um papa o outro, como amigos, claro. Mas depois dessa noite, qualquer expressão poderia ser interpretada de forma errada, coisa que não quero em hipótese alguma.
O problema é que; eu sou apaixonado por esse garoto. Eu sou apaixonado por ele desde o primeiro ano de faculdade. Todas as conversas, risadas e lágrimas, nós compartilharmos um com o outro. Mas depois que peguei o mesmo aos amassos atrás da biblioteca da universidade com uma garota da nossa turma, eu sabia que não haveria chance alguma de rolar algo entre nós. A esperança acabou assim que, em uma festa, ele estava sentado em meu colo e, após conhecê-lo nessa mesma festa, Renan perguntou se éramos um casal. As palavras "não, isso é apenas intimidade entre amigos" saíram tão rápido da boca dele quanto sua risada em tom envergonhando que veio logo após aquele tiro. Desde então, tenho reprimido esse sentimento tentando cortá-lo pela raiz, mas fazer isso não é tão facil quanto parece. várias vezes me peguei como um tolo o observando nos bastidores de um show ou até mesmo da platéia. Quando emprestamos roupas um para o outro, gosto de sentir seu perfume espalhado pela peça. Eu sou um fracasso! O pior é que ele quem recebe toda a fama de sofredor com as músicas que escrevemos juntos, sendo que metade delas são sobre ele mesmo.
Nossas viagens pelo Brasil inteiro são exaustivas, mas tudo é deixado de lado quando o vejo fazendo o que mais ama: cantar. Isso o torna mais apaixonante, que droga!
Lembrar dele segurando em meu membro me faz ter náuseas, mas ao mesmo tempo, líbido. Eu senti sua mão me acordando, mas não abri os olhos por medo de falar que era apaixonado por ele alí mesmo. Sei o quanto isso é assustador para João, pois o nome imaturo não é um acaso. Me recordo perfeitamente do mesmo me contando todos os amores não correspondidos e os que ele não foi capaz de corresponder. Só não sabia que um deles era o meu...
Esperei o mesmo sair do quarto para ir correndo ao banheiro. Escorreguei na bebida derramada e tropecei no pé de Olívia de tão desesperado e fiquei sentado no piso cerâmico até que Ana bateu na porta. Eu tinha inveja da sua expressão calma e despreocupada, como se fizesse uma orgia com seus melhores amigos todo domingo.
Ainda não sei o que pensar sobre isso, mas sei que lembro de tudo. todos os mínimos detalhes do que aconteceu durante todo o tempo que estivemos hospedados naquele maldito hotel, que pelo que pesquisei, se chama San Diego. Desde que entramos no quarto, jogando verdade ou consequência. Em uma das consequências disparadas ao João, uma delas era beijar a pessoa a sua esquerda, ou seja, eu. É besteira, mas senti mais química nesse beijo do que em muitos que já dei. Também lembro de quando neguei a maconha e o LSD que Olívia ofereceu ao tirar de sua bolsa, distribuindo na rodinha de amigos. Embora eu já tenha usado, não acho que seria apropriado misturar com bebidas alcoólicas, e eu estava certo. Por fim, lembro dos toques, sensações e sentimentos que floresceram em mim ao estar rígido dentro dele. Eu não estava acreditando que ele estava pedindo por mim conectado ao seu corpo, tinha medo de não consentir depois, mas isso não aconteceu. Haviam mais cinco pessoas conosco, mas para mim, parecia que estávamos só eu e ele, um erro que deu certo, sem visualizar com antecedência um futuro com possíveis complicações, conflitos e brigas. Naquele momento, eramos só nos dois, no sentido mais carnal e puro da palavra. um amor de fim de festa...
~°~
olha eu aqui de novo! bom, demorei mas voltei e espero fazer isso mais vezes.bom, não sei se perceberam, mas os nomes dos capítulos estão sendo músicas, então caso queiram, escutem elas no decorrer da história, pois são músicas que usei e escutei durante o processo de escrita.
é isso, até sz
VOCÊ ESTÁ LENDO
Hotel San Diego
FanfictionVocê ja se imaginou em uma festa que, depois de muitas drogas e álcool, acaba em uma orgia e acorda no dia seguinte sem saber de nada e com a mão nas partes íntimas do seu melhor amigo e também crush platônico? Eu acho que a maioria esmagadora disse...