Maratona 2/5
HELENA ⚘
— Não precisa me levar a lugar nenhum! — Murmurei sem descobrir minha face — Eu estou bem!
Respirei fundo e tentei recobrar o controle do meu corpo, e quando fiz, primeiramente sentei e abaixei a cabeça, Pedro levantou e estendeu a mão para mim, a segurei e em segundos já estava de pé, uma de suas mãos estava em minha cintura, me segurando firmemente, de modo que era impossível tornar a cair ou até mesmo me afastar dele.
— Eu vou para o meu quarto, já dei diversão demais pra vocês em uma única noite — Resmunguei —.
— Ela está bem pessoal! — Jordana ergueu as mãos e começou a dispersar o pessoal — O mau-humor há está na ativa, ela já recobrou a consciência — Ela falava e distribuía sorrisos, eu apenas revirei os olhos rezando para que aquele momento passasse rápido — Tem certeza de que não quer ir à enfermaria? — Jordana murmurou assim que ficamos sozinhos —.
Balancei a cabeça negativamente e tentei sorrir para tranquilizá-la.
— Estou ótima. Não vê? — Falei — Vou voltar para o meu dormitório de onde eu não deveria ter saído! Com certeza esse hematoma vai ganhar cor amanhã...
Toquei novamente o meu rosto e de imediato senti queimar, soltei o ar e lutei para conter as lágrimas que insistiam em descer.
Maldita fraqueza!
Também pudera, filha única de um casal ausente, era de se esperar esse meu comportamento digno de uma menininha mimada.
— Está doendo? — Pedro questionou preocupado —.
— Sinto arder quando toco — Falei — O que vocês estavam jogando afinal? Essa bolada foi incrivelmente forte ou...
Antes que eu pudesse finalizar minha frase, Jordana como sempre nos "honrou" com uma piadinha fora de hora.
— Não é difícil te derrubar, Helena... Você é leve feito uma folha, qualquer sopro te leva ao chão — Ela disse e somente Mathew riu —.
Pedro estava me encarando fixamente, perdido demais para pensar em algo ou até mesmo sorrir.
— Perdeu a chance de ficar quieta, Jordana — Retruquei —.
— Bernardo errou o gol, ele é péssimo no futebol — Mathew explicou —.
Apenas assenti e olhei para trás, de imediato vi Gustavo parado um pouco distante de nós, ele nos encarava atentamente.
Pedro ainda segurava a minha cintura de forma firme, eu fiquei inquieta, com Gustavo olhando pra mim era impossível reagir naturalmente e de repente minha vingança de tornou algo meio impossível, o olhar dele me deixava desconcertada.
— Vou subir, já sofri demais pra um único dia — Falei e logo vi o olhar avulso dos meninos, eles não entenderam meu martírio —.
— Eu te levo e... — Antes que Jordana pudesse finalizar sua frase, senti as mãos de Pedro me apertarem ainda mais forte, como se eu estivesse pensando em fugir ou algo assim, olhei de soslaio para ele —.
— Eu levo ela! — Ele se prontificou em dizer —.
Jordana e Mathew se entreolharam, sabendo a real intenção de tanta bondade e interesse
— Está tudo bem Jordana... A velha amarga já foi embora, não tem risco — Sorri para tranquilizá-la — Fica aí, já ganhei muita atenção — Brinquei e ganhei um sorriso dela —.
— Tudo bem então — Ela deu os ombros — Estou de olho em você senhor Pedro... Respeito, hein? — Ela direcionou o olhar para ele, que assentiu e sorriu de forma simpática —.
— Entendido — Ele piscou e virou meu corpo, limitando ainda mais o espaço entre nós —.
Aquela proximidade era meio que desnecessária, afinal, a sensação de "desmaio" já havia passado, a única coisa que doía naquele momento era minha face e minha dignidade.
Ergui o olhar e vi que Gustavo ainda nos encarava.
— Está tudo bem? — Ele perguntou olhando pra mim, mas a pergunta foi claramente direcionada ao Pedro —.
— Sim — Pedro falou — Vou levá-la — Foi a única coisa que ele se limitou a dizer —.
Gustavo apenas balançou a cabeça positivamente, eu ainda o encarava, devolvia o mesmo olhar vazio que ele me ofereceu essa tarde, minutos atrás.
— Vai lá — Gustavo falou e virou —.
Indo em direção a Agnes que logo se pendurou no pescoço do mesmo, distribuindo beijos por toda sua face.
Abaixei a cabeça e caminhei com Pedro até a saída do ginásio, em passos lentos e preguiçosos chegamos até a passarela, mas travei no meio dela.
— O que foi? — Pedro me encarou —.
— Podemos conversar? — Perguntei e ele assentiu de imediato — Vamos até o refeitório — Falei e novamente ele assentiu—.
Então seguimos até o ambiente, que estava vazio e com apenas algumas luzes acessas, sentei em uma das mesas e Pedro ficou em pé na minha frente, me encarando fixamente.
— O que houve? — Ele questionou —.
Respirei fundo e vi que meus princípios desceriam pelo ralo naquele momento, mas eu faria.
— Primeiramente eu tenho que pedir desculpas — Falei e antes que ele pudesse me interromper, tratei de prosseguir — Fugi de você e muitas vezes fui grossa sem motivos... Perdão — Falei da maneira mais fria e dissimulada que existia em mim —.
Pedro sorriu com minhas palavras, provavelmente acreditando em todo esse meu teatro.
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DAUNTLESS
Novela JuvenilEscritora: Heloíse Wentz • Respoansável pela história: Letícia Capa: sophiadelrey • + 15 | Ele não era o garoto que ela tanto idealizou antes de dormir, tampouco era o genro perfeito que seus pais sonhavam para sua garotinha. Ela? Bom, ela não poss...