XI

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Saio de casa trancando a porta, descendo a pequena escada de apenas dois degraus, respirando fundo assim que ponho os meus pés que estão calçados pelo meu tênis de corrida desgastado em meu gramado não tão bem cuidado.

Olho para a paisagem em minha frente de uma rua um pouco deserta por conta do horário, vejo poucas pessoas seguindo o seus destinos de mais um dia provavelmente cansativo no trabalho.

Encaixo o meu fone sem fio em meus ouvidos, desbloqueando a tela do meu celular a procura de uma música para tocar, logo escolho o álbum de AC/DC e coloco para conectar via bluetooth.

Highway to hell começa a tocar e as vibrações da música toma o meu corpo fazendo eu abrir um sorriso de lado automaticamente, fechando os olhos e me alongando com cuidado para assim finalmente sair do lugar começando uma pequena corrida.

Por incrível que pareça eu não tenho um espírito esportivo, eu apenas estou correndo por causa do meu peso em excesso que anda me encomendando bastante já faz um tempinho. Sou sedentário? Sou sim. Mas o que é sedentarismo comparado á minha força de vontade de perder uns quilinhos?

Tá, o sedentarismo continua lá, você querendo ou não e consegue acabar com sua força de vontade em segundos... mas pelo menos eu tento.

Depois de pouco tempo eu sinto minhas pernas travando com o esforço da corrida e paro respirando com dificuldade, limpando o suor acumulado em meu rosto.

Olho para trás querendo ver o quanto eu corri e me surpreendo em ver que corri apenas quatro quadras, minha corrida não deu nem dois minutos.

Eu deveria ter vergonha de estar soando feito um porco com o meu coração batendo mais forte que um tambor com uma corrida mixuruca dessa.

Puta merda, é nisso que dar só comer e dormir, Park Jimin. - reclamo comigo mesmo, me sentando na calçada com dificuldade por causa da minha coluna de sessenta anos de idade, abro minha garrafa de água dando três goles generosos e limpo minha boca em seguida tirando os vestígios de água em meus lábios.

Vamos lá, você consegue. - falo olhando para a minha mão que está em meu peito, tentando acalmar o meu coração frenético. - Você já suportou muita coisa, coraçãozinho. Uma corridinha não vai nos matar.

Me levanto rapidamente, sem pensar muito para não desistir de imediato e começo a correr novamente.

Corro como se a minha vida dependesse disso, aproveitando o vento que bate contra o meu rosto, bagunçando os meus cabelos.

Estava quase passando pela sétima quadra, até sentir pingos de chuva acertar o meu rosto, franzi o cenho pela mudança repentina de tempo.

Ótimo! Obrigada meu Deus. - digo sarcástico

E como se o universo fosse totalmente contra mim, a chuva aumentou, se tornando mais forte rapidamente.

Ando em passos largos, a procura de um estabelecimento para eu ficar até a chuva passar, abaixo a minha cabeça em uma tentativa falha de não molhar o meus olhos para não empatar a minha visão e abraço a mim mesmo, tentando me esquentar com o pouco calor que restou do meu corpo.

Acabo me esbarrando em um corpo alto e peço desculpas desajeitado, levantando minha cabeça para olhar para a pessoa em minha frente.

Meus olhos se arregalam em choque.

Não acredito.

Park, o que está fazendo aqui? Está todo molhado. - Jeon fala com a preocupação estampada no rosto mas eu não consigo responder a sua pergunta.

Ele está aqui.

E ele está lindo segurando um guarda-chuva maior que a minha casa, com seu sobretudo preto e seus cabelos grandes quase cobrindo os seus olhos bonitos.

Jeon! - dou um grito de felicidade abrindo um sorriso quase maior que o seu guarda-chuva mas rapidamente fecho a cara dando vários tapas em seu braço forte, vendo ele se encolher assustado, tentando parar as minhas mãos.

Paro abruptamente por pensar que estou batendo em um padre e me jogo em seus braços o abraçando apertado, com saudade.

Caralho, eu estou com saudade.

Olha, isso doeu... - ele murmurra fazendo uma cara  engraçada, começo a rir baixinho com a minha cabeça enterrada em seu pescoço, sentindo o seu cheiro.

O seu peito sobe e desce rapidamente, mostrando que ele também está rindo apesar de toda a minha loucura ter o assustado, ouço seu riso baixinho e contido e o meu coração acelera mais ainda, se é possível, eu amo a sua risada.

Sem jeito o padre por fim passa os braços sobre a minha cintura retribuindo o meu abraço desengonçado.

...

✝️

Me desculpem, eu demorei mais uma vez, não me matem!

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Take Me To Church - 1° TemporadaOnde histórias criam vida. Descubra agora