Ela se foi

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Estou nervoso não vou negar, mas eu preciso saber onde está todo mundo é saber o que houve com Daiana. Essa mulher deve saber o que houve com todos. Decido  me aproximar dela e perguntar onde todos estão.
— Olá — Falo com um tom de voz baixo e rouco.
Aos prantos ela me responde.
— Olá, como posso ajudá-lo?
Logo me toco e  que em sua camisa está a logo do hospital, ela é uma funcionária daqui.
— Sou o namorado da Daiana, preciso saber como ela está.
Ela começa a chorar ainda mais, ela está se acabando em lágrimas. Meu coração começa a bater mais rápido. Estou tremendo. Decido perguntar mais uma vez.
— Me diga o que houve, por favor.
Ainda soluçando ela começa a me dizer o que houve.
— Senhor.
Ela faz uma pausa e continua
— Daiana não sobreviveu a cirurgia, eu sinto muito.
Sinto minhas pernas ficarem bambas, minha pressão cair e de repente estou no chão ajoelhado aos prantos. Estou soluçando sinto que uma parte de mim acabou de morrer. Aos poucos vou deixando meu sentimentos tomarem conta de mim.
— Não! Daiana! — Dou um grito e me calo e choro ainda mais.
Ainda de joelhos sinto uma mão em meus ombros, me viro para olhar quem é. É um homem eu diria de trinta a quarenta anos.
— Thomas, eu sinto muito mas Daiana não resistiu à cirurgia. Fizemos o possível mas ela não sobreviveu.
Ainda sem acreditar, peço para vê-la. Me levanto e começo a caminhar em direção à sala de cirurgia. Todos estão aos prantos no corredor, uma mulher corre para me abraçar e me dizer algo.
— Eu sinto muito. Diz ela com a voz rouca.
Não consigo responder, apenas continuo andando. Estou em frente à porta da sala de cirurgia.
— Você está pronto? - Retruca ele
— Acho que sim
Quando termino de falar ele abre a porta e me dá um tapinha nas costas me dizendo para continuar. Tomo coragem e caminho em direção à mesa onde Daiana está. Ela está coberta por um lençol.
— Você tem certeza que está pronto para isso?
Balanço a cabeça indicando que sim. Neste exato momento ele puxa o lençol para baixo mostrando apenas o rosto de Daiana.
Lágrimas começam a rolar em meu rosto. Seu rosto está deformado não consigo reconhecê-la.
— Está não é a Daiana. Não pode ser ela.
Ele me olha com um olhar de pena e diz:
— Vamos, é melhor você ir.
— Não pode ser a Daiana. - minha voz está mais grossa com um tom de raiva.
— Thomas, vamos por favor você precisa se acalmar
Fico encarando aquele corpo na minha frente, ainda não estou acreditando como isso pode acontecer.
— Thomas, vamos
Decido escuta-lo, e me retiro da sala de cirurgia indo em direção à saída.
— Thomas onde você está indo?
— Estou indo para casa, preciso raciocinar tudo o que está acontecendo.
— Thomas, tome cuidado por favor.
Balanço minha cabeça indicando que vou tomar cuidado. Ainda estou chorando não acredito que isso está acontecendo. Caminho em direção ao carro, entro nele e me entrego totalmente aos meus sentimentos.
Depois de dez minutos ali sentando dentro do carro chorando, recupero meu fôlego ligo o carro e vou para casa.
Depois de uma hora naquele trânsito horrível cheguei em casa pronto para desabar novamente, ainda não acredito que ela se foi. Eu a amo muito. Isso não está acontecendo. Fecho meus olhos esperando que quando eu os abra novamente tudo volte ao normal. Mas não funcionou.
Preciso de alguém aqui comigo, vou ligar para minha mãe. Pego o celular e ligo para minha ela.
— Alô
— Oi, querido como você está ?
— Mãe - faço uma pausa e continuo. — Eu não estou nada bem, preciso de você.
— O que houve querido?
Uma lágrima escorre pelo meu rosto, não estou pronto para falar sobre isso mas eu realmente preciso dela aqui comigo.
— Mãe, a Daiana... - novamente faço uma pausa. Respiro fundo e continuo a falar— Ela sofreu um acidente e teve que fazer uma cirurgia, só que...
— Só que o que querido ? Me diga logo filho
— ... Ela não resistiu à cirurgia.
Estou aos prantos novamente. Preciso ser forte ela só tinha a mim. Eu preciso cuidar de tudo agora.
— Filho está ai?
— Estou sim mamãe.
— Querido chego aí em uma hora. Eu sinto muito.
Desligo o celular e me deito no sofá. Lembro que há uma foto nossa na escrivaninha me  levanto eu vou buscá-la.
Peguei a foto e novamente me deitei no sofá, estou abraçado com a foto me sinto destruído e logo lágrimas começam a rolar sobre meu rosto.
Acabei caindo no sono, estou dormindo a 2 horas. Onde está minha mãe? Pego celular e ligo para ela
— Mãe?
— Oi filho
— Onde você esta?
— Estou no elevador
— Ta bom. — A porta está aberta.
— Ok filho.
Desliguei a chamada, respirei fundo e logo em seguida vejo minha mãe entrando pela porta. Corro em direção à ela, dou-lhe um abraço bem apertado. As lágrimas começam a escorrer pelo meu rosto. Com as costa dos dedos ela seca minhas lágrimas.
— Ei, eu sinto muito
— Eu ainda não acredito que ela está morta
— Thomas você precisa se acalmar você tem um velório para organizar. Você é única pessoa que ela tinha.
— Sim, ela era o amor da minha vida! Eu jurei protegê-la. Mas eu falhei com ela.
— A culpa não é sua, foi um acidente querido. — Venha, vamos nos sentar.
Caminhamos em direção ao sofá. Deito-me no colo dela. Ela está fazendo carinho em meu cabelo.
— Mamãe?
— Oi
— Será que ela sofreu muito?
— Querido, não sei te dizer mas ela está em um lugar bem melhor agora.
— Assim eu espero.
Meu celular está tocando. Corro para atende-lo.
— Alô
— Senhor Reynald
— Sim, sou eu
— Meu nome é Tereza, trabalho na funerária estou ligando para comunicar que o funeral de Daiana está marcado para amanhã às 8 horas da manhã.
— Muito obrigado por me avisar
— De nada senhor. — Eu sinto muito por sua perda.
— Obrigado Tereza.
Desligo meu celular e corro para o colo de minha mãe.
— Quem era Thomas?
— Era a funerária
— O que eles disseram
— Que o funeral será amanhã as oito horas da manhã.
— Querido você precisa descansar amanhã será um dia e tanto.
— Vou tomar um banho e me deitar.
— Faça isso querido
Levanto-me e caminho em direção ao meu quarto pego minhas roupas e vou para o banheiro. Tiro minhas roupas e entro no boxe. A água está quente, está uma delícia era tudo que eu precisava naquele momento.
Fiquei exatamente 30 minutos no banho. Me enxugo e vou para meu quarto. Deito-me na cama. Estou pensado em Daiana e em como ela irá fazer falta em minha vida. De repente caiu em um sono profundo.
— Thomas! Thomas.
— O que foi?
— Querido já são 7:30.
Dou um salto da cama e corro para o banheiro. Escovo meus dentes e vou para o quarto me trocar. 
Já são 7:50 estou muito atrasado. Pego minha chave e juntos eu e mamãe caminhamos até a garagem. Entramos no carro e saímos  do prédio. A funerária é as trinta quilômetros daqui.
As 8:25 chegamos à funerária. Todos os amigos de Daiana estão lá. A funerária está cheia de flores. São as flores favoritas de Daiana.
Cinco minutos depois o corpo de Daiana chaga na funerária. Ela está em um caixão prata. É lindo, é exatamente como ela me dizia.

O padre está fazendo uma oração, todos estão aos prantos. Eu estou abraçado ao caixão. Meu olhos estão inchados de tanto chorar.
Ouço alguém gritar meu nome. Olho na direção da porta vejo um senhor todo fardado. Caminho em direção à ele.
Ainda aos prantos pergunto:
— Como posso ajudá-lo?
— Thomas, eu sinto muito pela sua perda
— Obrigado
— Desculpa a maneira como eu lhe direi isso, mas não vim aqui para isso
— Como assim?
— Thomas encontramos esses exames no porta luvas de Daiana. Estão em seu nome achei que deveria ser entregue a você.
— Obrigado mais uma vez
— Tem outra coisa. Fizemos a perícia no carro de Daiana e descobrimos que os seus frios haviam sido cortados.
Fico paralisado com a notícia, quem seria capaz de fazer isso com a Daiana. Preciso saber mais sobre o caso. Preciso ficar calmo e escutar o que ele tem a dizer.

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