Uma sala grande, vazia e escura. Sua única companhia era uma cadeira velha, quase que desmontada. Jeongguk caminhou sem hesitar, os passos tão precisos, como se fosse comum o fato de estar preso dentro de uma sala sem luz alguma ㅡ que não seja da lua, onde passava pela janela iluminando brevemente o chão sujo.
Parou quando esteve de frente para a cadeira, seu corpo continuava naquele transe maldito, o trancafiando ao ponto de desenvolver claustrofobia. As vozes soaram ao redor de seu corpo, enfeitiçando numa canção que mais parecia um pedido de socorro, com uma voz tão doce quanto qualquer tipo de doce, o mais doce chocolate, ultrapassando barreiras do mel; a voz que vivia por chamar o nome.Jeon Jeongguk.
Jeongguk olhou ao redor em busca da pessoa que insistia em lhe chamar assim, tão alto. Aos poucos a voz que uma vez foi doce, agora obtinha o tom raivoso.
Jeon Jeongguk.
Jeon Jeongguk!
ㅡ Jeon Jeongguk!
O garoto de cabelos escuros ergueu sua cabeça em um pulo, a bochecha direita levemente inchada por conta da posição em que cochilou, por impulso levou sua mão até o canto da boca, pensando se talvez tivesse babado enquanto dormia, por sorte não.
A professora lhe encarava, o cenho franzido aparecendo suas rugas em meio à testa, os braços cruzados enquanto cabelo branco preso o fazia lembrar de algum monstro mitológico que viu em filmes.ㅡ Senhora? ㅡ Respondeu, tentando não a encarar, escondendo seus olhos inchadinhos pela soneca.
ㅡ Estava dormindo?
ㅡ Não, senhora.
A professora lhe olhou pela última vez, cansada de atitudes como essas, o Jeon sentiu suas orelhas aquecerem de vergonha, prometendo para si mesmo nunca mais dormir na aula dessa professora, mesmo tendo a confirmação de si mesmo que aquela promessa era apenas ladainha.
Quando a mulher se afastou, voltando a explicar sobre números e fórmulas, Jeongguk jurou ter sentido olhares sobre si, e como modo de abafar a vergonha e seu rosto sonolento, esfregou as palmas das mãos contra, bagunçando o cabelo.Era a quinta vez em dois meses que tinha o mesmo sonho, onde se encontrava numa sala vazia só com uma cadeira. Apesar de sonhar tantas vezes, era como se o destino estivesse contra a chance de finalmente sentar na cadeira, toda vez que tentava aproximar-se, algo acontecia para lhe acordar. O despertador tocava, mesmo tendo minutos ou horas de adiantamento, ou até mesmo alguém o acordava, um exemplo era a professora de matemática, que parecia ter como passatempo interromper os sonhos de Jeon Jeongguk.
Esfregou os olhos, bocejando enquanto o corpo pedia para uma boa espreguiçada depois de certo tempo abaixado e encolhido. Logo, suas pernas teriam cãimbra.
Ao seu lado, Taehyung mantinha a cabeça baixa, as mãos grandes escondendo seu rosto para que a professora não pudesse ver o mesmo cochilando em aula. Era como se todos os alunos tivessem total liberdade para dormir na aula daquela professora, exceto Jeongguk. Mesmo se ela visse doze alunos dormindo, iria acordar somente o Jeon;
Revirou os olhos, pegando a lapiseira e anotando as contas do quadro, na tentativa de fazer o tempo passar mais rápido.…
As pessoas caminhavam ignorando o corpo em inércia, seguindo suas próprias vidas, seguindo seu cotidiano, seguindo como se não houvesse tempo, ou simplesmente atenção para outros. Apesar de toda essa burocracia de seguir certo dilema, prezando o futuro como o único eminente, Jeongguk não importava muito com essa questão. Vivendo com a cabeça no passado, explorando e conhecendo as artes e sua história; e como se não bastasse, ainda havia sua leve paixão por teologia.
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Choices - Jikook
Fiksi PenggemarSendo um garoto comum e apaixonado pelas artes, Jeongguk não tinha nada que pudesse carregar atenção. Contudo, uma noite sua casa pega fogo repentinamente, e da mesma maneira em que as chamas engoliram sua família, a descoberta de Jeongguk ser o o p...