The Gift

| Janeiro |

Abro os olhos e desligo o barulho incensante do alarme. Queria poder dormir mais um pouco, por quê as aulas tem que começar tão cedo? Levanto da cama e vou para o banheiro, preparo um banho quente na banheira e vou para o closet, já pensando na roupa que irei usar. Após uns vinte minutos escolhendo vou para o meu banho merecido do dia. Prendo o cabelo num coque, não vou lava-lo hoje.

Enquanto tomo banho faço uma postagem no instagram e marco algumas marcas famosas que me patrocinam, ser modelo não é essa belezura não viu? Já passei por tanta coisa bizarra nesse ramo que prefiro nem lembrar.

Visto uma calça skinny jeans, botas com salto pretas, blusa branca e um sobretudo bege. Não posso colocar algo tão gritante, a minha personalidade já basta. Solto o meu cabelo e o penteio, aproveitando para fazer cachos com o babyliss. Gloss, rímel, sobrancelhas e peles feitas com a grande ajuda da querida maquiagem. Coloco o meu clássico óculos escuro.

Pulo o café da manhã, estou com tanto enjoo ultimamente que nada para no meu estômago. Vejo a silhueta ruiva da minha mãe passar ao meu lado, ocupada demais para reparar em mim, ou ao menos me desejar um bom dia. Reviro os olhos. Pego a chave do meu carro e nem penso duas vezes em pisar no acelerador.

Coloco uma música alta e vou dirigindo pela cidade. Denver fica muito linda quando neva, isso sem dúvidas. Dá um destaque há mais na cidade, como se nascesse para ficar desse jeito. Até as pessoas ficam mais bonitas, falo por mim, que fico ainda mais deslumbrante com esse tempo frio. Avanço o sinal e dirijo até ver os enormes prédios da Strive Prep School, a melhor escola da cidade, graças a deus os meus pais são ricos.

Estaciono o carro e coloco as minhas luvas, o frio é lindo mas hoje está de matar. Ando pelos corredores lotadas do colégio e me direciono ao meu armário, pego alguns livros e sigo para a minha aula de inglês, antes que eu chegue atrasada demais. A professora me olha de cara feia, como e fosse um tipo de pecado chegar dez minutos atrasadas, aff, essa moça precisa transar para parar de encher o saco dos alunos. Meu pai não paga tão caro nessa escola para ela me olhar desse jeito não.

Sento na fileira de trás e abro o livro na página que ela pede. Entro no instagram e percebo que a minha foto já está com 60 mil curtidas, isso que é vida de verdade. Comecei a ser modelo desde os sete anos, implorei para o meu pai arranjar algo para mim, e lá estava eu na capa da Rauph Lauren aos oito anos, já fazendo sucesso. Desde então segui esta carreira, me dá um dinheiro ótimo, não que eu precise, mas é bom me sentir independente. Faço o que eu quero e quando eu quero, nunca tive limites, até porque essa palavra nem existe no meu dicionário.

- Senhorita Frøseth, desligue o celular! - Fui advertida pela professora, ela ajeitou os óculos fundo de garrafa e me encarou.

- Desculpa, mas eu estou trabalhando. - Respondi. Nem me dei o trabalho de encará-la. Essa mulher pega no meu pé desde que entrei aqui. Deve ser inveja por eu ser mais bonita, inteligente e classuda do que ela.

- Eu também. - Retrucou.

- Então faz a sua parte e me deixa em paz. Não é paga para me repreender e sim para me educar, agora pode voltar com essa aulinha chata. - Revirei os olhos para ela que ainda me encarava, dessa vez com as bochechas rosadas de ódio.

Todos nos encaravam, eu sei marcar presença. Ela voltou com a aula chata sobre algum filósofo velho e eu continuei a mexer no celular, preciso responder alguns emails e encaminha-los para a minha agente, faz uma semana que estou sem nada marcado, preciso mudar isso já, qualquer coisa que me mantenha fora de casa.

Já na segunda aula, pude sentar com a Eleanor, uma das minhas melhores amigas. Ficamos fofocando sobre algumas celebridades e conversando asneiras pelo resto da aula. Aula de francês é sempre a melhor, o professor passa um filme qualquer e nos deixa a vontade.