Passo a tarde na biblioteca planejando a minha festa de aniversário. Já fechei com um buffet super chique, além de já ter visto as flores e decoração. Está faltando a minha roupa, que um dos ateliês que eu posei de modelo irá fazer. Ser modelo tem tantos privilégios. Anoto tudo na minha agenda e risco as coisas em que já fiz. Os convites já estão prontos e fiquei de entrega-los na semana que vem. Convidei só os mais íntimos, total de 200 pessoas, sou popular, o que posso fazer?
Vou para frente do colégio e fico aguardando a comida que pedi pelo ifood, hoje em especial quero comer uma salada com bacon, frutas e cogumelos. Pedi tudo isso em um restaurante que nos autoriza a montar. Aposto que o cozinheiro não deve ter gostado nada de ter feito esta em particular. Pago a comida e vou para o refeitório, sento em uma das cadeiras vazias e começo a comer, estou com tanta fome ultimamente. Preciso me vigiar mais, não posso extrapolar, tenho algumas fotos marcadas para o mês que vem, uma campanha de lingerie. Preciso estar magra.
- Acredita que a Sra. Suzan me deu um C? Eu vou matar ela. - Escutei a Eleanor praguejar, enquanto se acomoda ao meu lado. Ela está comendo um sanduíche de presunto, alface, tomate, molho de ervas finas e alguma coisa a mais. Parece bem delicioso. Meu deus Angeline, para!
- Mentira? A matéria dela é a mais fácil de passar. - Respondo.
- Exatamente, eu mereço muito mais. - Revira os olhos, dando uma mordida. - Porque está me olhando desse jeito?
- Nada demais, você tá bonita. - Tento elogia-la para que não repare que estou de olho em seu lanche.
Olho para a minha salada gordurosa. Parece uma explosão de cores, uma verdadeira confusão. Droga, não quero mais comer isso, quero que alguém queime esta comida, no que eu estava pensando? Frutas com cogumelos? Que nojo.
- E você está estranha. - Suspira. - Já terminou de planejar a sua festa?
- Sim, com maestria. Vou experimentar a roupa na semana que vem, você vai comigo, fiz uma para você também. - Digo, animada.
O tema da minha festa é um dos meus maiores sonhos, um bem ousado também. Quero manter em segredo, nem mesmo no convite vão ter como adivinhar sobre o que é, nem mesmo o Tom sabe. Eleanor vai ser a única, por conta da roupa e tudo o mais.
- Sério? Você é mesmo minha melhor amiga. - Ela pisca pra mim.
- Eu sei gata. - Sorrio. - Vai pro treino de líder de torcida mais tarde?
- Vou, é bom que eu perco uns quilos, estou começando a engordar e preciso estar magra para o seu aniversário.
- Eu sei! Lena, você lê os meus pensamentos. - Brinco. - Vamos usar o aplicativo de malhar que eu tenho no celular, assim a gente malha as partes que queremos perder.
- Perfeito. - Suspira. - Sabia que a minha mãe vai pôr silicone, tipo, de novo?
- Pra que peitos tão grandes? - Pergunto.
A família da Eleanor é bem rica, o pai dela é um político local e toda a geração da família sempre foi rica, a mãe dela herdou uma empresa de decorações, seguido de uma revista. Foi onde comecei a trabalhar como modelo. A revista é sobre móveis, papos de meninas e um pouco de golfe, eu sei, bem eclética. Mas é bem famosa em Denver, todos compram.
A mãe dela é meio maluca, tem medo de envelhecer, então faz todo tipo de procedimento estético, não estou dizendo que a mãe dela é feia, porque não é, ela é doida mesmo. Passa mais tempo em hospitais e clínicas do que em casa. É até engraçado, ela e a Lena são como melhores amigas, a mãe dela também não deu limites para a Eleanor, cresceu sendo bem mimada. O seu pai que é mais carrasco, preza por uma boa educação, foi assim que a Eleanor teve que fazer aulas de etiquetas, dança, música, línguas, soletrar, dentre outras.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Gift
Short StoryAngeline Frøseth tinha a vida mais satisfatória de Denver, nascida em berço de ouro com o futuro traçado. Com uma vida bem sucedida como modelo e um lugar marcado como abelha rainha da escola. Um namorado de dar inveja e uma aparência de destruir co...