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TRAVIS

Antes que eu pudesse ver, a semana já tinha voado e meu atestado já tinha acabado e na próxima semana eu já teria que voltar para o colégio. Grr. A satisfação de ficar em casa é muito boa. Pude atualizar todas as minhas séries. Claro que com Nora me dando alguns spoiler, eu fiz com eu ela parasse, ameacei contar o final de Stranger Things, série que ela está assistindo no momento.

Minha mãe parecia estar mais ansiosa que eu para o meu jantar com a família Hammond no fim de semana, e eu tive que aturar um pouco todos os pulinhos de alegria dela toda vez que me trazia uma gravata para experimentar.

Não sei se eu precisava de tudo aquilo. É para ser um jantar relaxado (acho), então talvez usar gravata e blazer seja demais para mim, mas a Sra. Lewis tem boa lábia e fez com que eu colocasse a maldita gravata borboleta azul Royal no sábado à noite.

Na boa, de todas as minhas possibilidades de gravata eu havia escolhido a mais feia. Estou pensando nisso agora. Havia uma que combinaria com o blazer escuro do meu pai. Affs, já foi.

Noah havia dado a possibilidade de vir me dar uma carona, mas não quero estar em um carro com ele durante certo tempinho. Vai que a gente, digo, ele se distrai de novo e acontece alguma coisa. Aliás, minha mãe segue firme em processar o serviço de pronto socorro. Ela contratou uma tal de Emill Ellyson para cuidar do caso, ela é uma advogada que recém saiu de uma faculdade em Boston, não sei se ela é boa, e nem sei o que ela procura em Anchorwood.

— Querido, está pronto? — perguntou minha mãe entrando sorrateiramente no meu quarto.

— Quase. — respondi.

— Ai que demora. — disse ela. — Daqui a pouco não será mais jantar, e sim ceia.

Sorrio na direção dela.

— Obrigado. — respondi.

Ela sorriu.

— Você está muito...

— Engomadinho? — perguntei.

— Bonitinho. — respondeu ela.

Olhei torto para minha mãe.

— O que foi? — perguntou ela.

— Todo mundo sabe que bonitinho quer dizer “feio arrumado”. — respondi.

— Oh. — disse ela um pouco confusa, talvez chocada. — Desculpe querido. — acrescentou. — Na minha época, “bonitinho” era um dos elogios que os meninos mais gostavam.

— Aham sei. — respondi colocando o blazer. — Sério que precisa disso tudo?

— Você não quer causar uma boca impressão? — perguntou ela.

Pensando bem, acho que talvez eu ser menino não seria uma boa impressão, mas sorri para minha mãe.

— Claro. — respondi. — Sou Travis, o rei das boas impressões.

— Seria rei do sarcasmo na certa. — acrescentou ela.

— Deve estar no sangue. — murmurei.

Ela me olhou feio.

— Olha como fala com a sua mãe. — mas depois ela sorriu. — Eu era igual a você na sua idade. Ninguém controlava a minha língua. Eu botava todo mundo no lugar e...

— Ok. — a cortei. — Vamos logo então.

— Ok. — respondeu ela. — Termino de contar a história no carro.

Socorro.

COLTON

Sábado à noite, é raro eu não ter nada para fazer. Na maioria das vezes eu fico na casa do Noah, porém, ele disse que não era para nenhum dos meninos irem para a casa dele nesse fim de semana. O motivo? Ai já é outra história.

Lost In Your Eyes | ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora