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Leo lia um texto em espanhol, ele sabia desde que tinha 3 anos, se comunicava com a mãe e irmãos assim e amava.

Bom, não era extremamente um castigo, era um prazer. E Leo faria bobagens o tempo todo na aula de espanhol para receber isso, as palavras saiam com facilidade e suave sobre sua boca, era como ler para sua mãe.

Quando terminou se sentou e a professora revirou os olhos tentando conter o sorriso, tinha orgulho do seu aluno, conhecera a sua mãe e o pequeno a mais de 10 anos, ela soltou um olhar caloroso e voltou continuando a explicar a sua matéria.

Leo sentiu uma onda de nostalgia invadir o seu corpo e lembrou das histórias da sua mãe, lembrou de seus abraços calorosos e do seu cabelo que fazia cócegas em seu nariz, lembrou das engenhocas que ela fazia, dos carros que concertava, do cheiro de canela que empregava a oficina — apesar de ser um ambiente feito para cheirar a óleo de motor — ele só queria sua mãe, durante toda a vida nunca pediu nada para a mãe ou o pai, mas agora, ele pedia o tempo todo, sua mãe de volta.

Não reparou quando seu rosto estava totalmente molhado, as lágrimas se acumulavam em pequenas poças encima do texto recentemente lido. A professora o olhou e por um breve momento quis poder dizer palavras de consolo, mas fez o seu alcançável, pegou uma caixa de lenços e abriu a porta.

Leo sabia que era a sua deixa, pegou sua mochila, fechando o livro com força e jogando dentro da mochila.

Odiava chorar em sala, todos iriam pensar em como é triste a vida do pobre Leo Valdez que perdeu a mãe.

Antes de sair, pegou a caixa e olhou de relance para Jason que levantava e provavelmente iria o acompanhar por 30 minutos de puro choro, nariz escorrendo e boca e dedos sujos de fedorentos Cheetos.

Foi em direção a biblioteca com o maior o seguindo, ele sabia o caminho até o livro que queria, sempre que suas crises de choro brotavam, ele ia para a biblioteca e pegaria o livro de Pais e Mestres, aonde havia fotos de todos os pais de sua sala, durante todos os anos. Ao chegar na prateleira viu um buraco vago, e seu peito apertou, deixou a mochila cair no chão e tratou de procurar o maldito livro.

Jason como sempre, o ajudou, já sabia o que o menor queria, por isso deu a volta procurando no corredor de trás.

Leo parou e olhou para o lado, seu coração parou, sua mente congelou.

Calipso estava com o seu livro, suas engrenagens trabalhavam ferozmente, olhando página por página procurando alguma coisa. Com passos leves foi até a garota.

— Vai demorar? — ele perguntou de prontidão, suas engrenagens aos poucos paravam e ele se sentiu tenso, secou o rosto antes que a garota notasse.

— Ah, não, eu já..— sua fala morreu quando olhou para o rosto do menor. — Você está bem?

— Com licença, você vai demorar com o livro? — ouviu a voz de seu amigo e percebeu as engrenagens da garota voltando lentamente, mas ainda sim, estavam lentas, quase retardando.

— Ah.. Não, pode pegar. — ela fechou o livro e deu para o menor, rapidamente o pegou e sentou perto da janela, o tempo se fechava lá fora, mas nada importava. Ouviu os dois conversando enquanto o mesmo colocava seus fones de ouvido —que ele mesmo tinha feito obviamente — colocando This is Home de Cavetown.

Então abriu a primeira foto, era o dia da profissão, sua mãe estava com um macacão surrado e sujo de graxa, seus cabelos presos em um rabo de cavalo e um sorriso enorme, ao lado, seus amigos com seus próprios pais, passou o dedo pelo rosto da sua mãe, quase podendo sentir como era macio.

E ficou ali, observando cada imagem naquele livro velho, chorou como se não houvesse chão, sentiu um buraco tão grande dentro do peito que nem mesmo milhões de carregadores seriam capazes de cobrir.

Ele queria sua mãe. Mas ela estava morta. E ele não podia concertar isso.

Summer depression.Onde histórias criam vida. Descubra agora