Summer depression.

4°

Hoje era dia de visitar sua mãe, Leo estava acompanhado pelo pequeno Harvey, Nyssa, Jake e seu pai, Hefesto.

— Por que as rosas vermelhas? — Harvey perguntou inocentemente.

— Mamãe gostava mais das vermelhas, Harvey. Ela dizia que eram rosas do fogo. — Disse Leo remexendo os dedos dentro do moletom laranja.

— Mas nos sempre trazemos as brancas. Em sinal de paz. — o pequeno mordia levemente a parte de dentro de sua  bochecha gorducha.

— Hoje é um dia diferente, garoto. — disse Hefesto, um pouco grosso demais 

Harvey ficou quieto esperando os irmãos explicarem.

— Harvey, hoje é aniversário da mamãe. — disse Jake. E Harvey se surpreendeu por ter esquecido da data.

Logo estavam de frente para o túmulo da sua mãe. Leo não sentiu a cotidiana vontade de sucumbir as lágrimas como fazia, sentiu paz e reconforto, afinal, estava perto da mamãe.

Forraram um lençol branco, acenderam as costumeiras velas e jogaram as pétalas das rosas para que a mãe deles sentisse a presença deles ali. E então cada um contou como foi o seu dia, como se fosse um jantar normal, com suas vidas normais, tirando o fato que a mãe estava a 7 palmos da onde eles estavam sentados.

Harvey jogava frees-be junto com Jake e Festus, que pulava altamente por cima de vários túmulos e esperou que nenhum zumbi saísse de seu caixão e brigasse com o cão para ter um pouco de descanso, felizmente isso não aconteceu, Festus se cansou, o nosso Dog alemão, ele era um dos maiores cachorros que Leo já vira na vida, sua pelagem caramelo fazia-o parecer feito de cobre e seus olhos amendoados pareciam vermelhos fogo. Ele era grande, comia muito e se cansava rápido, talvez estivesse ficando velho.

Enquanto a irmã mais velha desenhava rosas envolto de alguma coisa no seu caderno de desenho, seu pai bebia um vinho e lia um livro, restava Leo fazer mais engenhocas, dessa vez foi um relógio.

Mas claro que não era um simples relógio, estava sincronizado com todos os planetas do seu sistema solar, nunca pensou que fosse agradecer tanto a todos os 10 satélites pelo espaço que relatavam exatamente aonde cada planeta estava.

Ele deveria ganhar um prêmio Nobel por uma invenção tão maravilhosa, mas infelizmente já tinham inventado isso, então simplesmente guardou dentro da mochila e se virou para ficar cara a cara com o túmulo da mãe.

— Oi mãe. — disse ele, já sabendo que não teria uma resposta, apesar de sentir um fio de expectativa. — Eu conheci uma garota. — não era nada de mais, mas para a minha família, parece ter sido a notícia mais chocante do ano.

Atenção rapaziada! Leo-gostoso-Valdez está caidinho por uma garota misteriosa.

Hannah que desenhava tranquilamente borrou e fez um risco grande e forte com o lápis 6B, seu pai engasgou com o vinho deixando cair boa parte no seu livro —Marley&Eu— e o frees-be de Harvey bateu na cabeça de Jake e depois no focinho de Festus, o cão latiu como se tivesse ouvido um tiro de canhão.

— O que?! — perguntou Leo envergonhado.

— Nada, hm.. continue conversando com a sua mãe. — disse Hefesto, que tentava fracassadamente limpar o vinho de seu livro, Hannah tentava apagar o seu arranhão e harvey tantava chegar perto de Festus, mas o mesmo corria pra longe ressentido.

— Então, MÃE. — frisou Leo — Eu sempre tive esse troço esquisito de ver como a cabeça das pessoas funcionam, a senhora sabe, eu posso ver as engrenagens nas cabeças ocas deles, quando meus amigos estão se concentrando ou estão vegetando em uma aula qualquer, é como .. — olhei para o meu pai lembrando da frese cotidiana dele — Como se, as pessoas fossem autônomos e com essa garota não é diferente, mas, quando eu vou falar com ela, suas engrenagens param, quer dizer.. Ela precisa de óleo? Parece que é como se tivesse dado defeito, de longe ela funciona normalmente, mas quando está junto comigo.. É estranho e eu não sei o que eu faço, ela faz meu coração ficar quente, não ao ponto de queimar e eu poder assar marshmallows como eu gostaria, mas faz.

— Nossa.. — sussurrou Harley, então ele gritou tão alto que eu pulei de susto.

— Você sabe que se eu infartar, você fica sem comida, não é? — disse Hefesto com um olhar severo.

— O Leo 'tá amando! "Oh, mãe! O meu coração fica quentinho" — Então gargalhou escorreu pra longe, ainda gritando que "eu estou amando"

— Qual o nome dela? — perguntou Nyssa.

— Calipso, ela é do 2º ano.

— Ah, ela faz parte do Grêmio não é? A dona certinha. Aluna nota 10, aparece todo mês no jornal da escola. — resmungou mais algumas coisas que eu não dei bola, peguei um taco na cesta junto com um suco de uva.

— Quando eu estou perto dela sinto como se minha depressão tivesse cura.

— Mas tem, Leo, lembre-se disso, sempre. — disse Jake correndo atrás de Festus.

— Chame-a para ir lá em casa, daqui a dois dias Marte estará visível, dará pra ver pelo nosso telescópio, a janela do sótão é a melhor. — meu pai aconselhou e eu pensei na possibilidade.

" Eai gata, você quer ver Marte pela janela do meu sótão, não é por nada não, mas ele vai estar em 47° graus perfeito."

Parecia uma ideia tosca, mas a vida de Leo era feito de coisas toscas.