somos baseados em danos reais

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    Isso é um tanto dolorido não é? Quero dizer, crescer. A maioria de nós quando crianças, sonhávamos com o dia em que nos tornaríamos "gente grande" e "livre" das reclamações dos pais, mas ninguém falou sobre a dor de crescer, não é mesmo? As desilusões, sejam elas amorosas ou muitas vezes em nós mesmos, as responsabilidades e todo o resto que vem junto com o "crescer".
   Sabe, no geral – ou pelo menos na maioria das vezes – não aprendemos com o erro alheio, é necessário que nós mesmos passemos pela sensação de perda, tristeza, dor e desesperança para aprendermos uma lição que levaremos para a vida. Danos que nos afetam o piscicológico de tal maneira que criamos uma barreira de proteção contra aquilo ou aquela pessoa. Danos que nos fazem desabar durante uma noite solitária e sorrir durante o dia apenas para não precisar explicar para alguém o que estamos sentindo, preferir ficar no conforto desgostoso da solidão porque  parece melhor do que a sensação de se expor para alguém. Danos que nos fazem criar uma espécie de defesa que a inocência nunca permitiria.

   Quando crianças, muitos costumavamos chorar quando caiam de bicicleta ou se machucavam numa brincadeira arriscada, a dor física era insuportável e o medo maior ainda, se o remédio utilizado para cicatrizar aquele machucado causasse aquele ardor dos inferno então... De pensar que anos depois alguns de nós preferiramos aquela queda de bicicleta do que algumas experiências que causaram marcas psicológicas realmente profundas, marcas essas que moldam a inocência desprotegida.
  
    Os danos nos fazem crescer, é claro, a realidade nos obriga a crescer, a transformar aquela inocência infantil em uma defesa que deveria ser saudável – mas que muitas vezes não é –, é necessário, o senso de responsabilidade. Tanto que quando percebemos em alguém – ou em nós mesmos – aquela ponta de inocência, parece mágico, algo como : " Nossa que bom rever você! " ou " Nossa! Você sobreviveu não é?", é sempre bom.
   Eu li uma frase sobre a vida e a fase adulta – não me lembro onde – que dizia: "No final desse filme todo mundo morre.", começo a pensar que no final deste mesmo filme poderia aparecer também " baseado em danos reais ", um trago que não podemos negar.

   
   
   

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