Desliguem essa televisão!
Tara
— São novos na cidade? Aqui o tempo é bipolar, precisa carregar sempre um guarda-chuva e protetor solar consigo. Nunca se sabe quando vai precisar de um ou de outro. — Grita o taxista querendo que sua voz se sobressaia à chuva que cai lá fora, ele é um senhor já de idade que dirige com cuidado pelo asfalto molhado, se apresentou simpaticamente como Jorge.
— Eu sou daqui mesmo, mas fui pega desprevenida. — Informo e ele ri como se fosse algo comum que ele acaba vendo todos os dias. Seu jeito inconveniente, mas doce faz rirmos também. — Desculpe estarmos sujando todo o seu banco com lama, tome o meu cartão, posso pagar uma boa limpeza depois.
— Que isso, dona. — Jorge nega com a cabeça revezando sua atenção do volante para o espelho retrovisor o tempo todo para conversar conosco. Resolvo deixar o cartão mesmo assim no espaço das balinhas que está vazio, é quando ouço Ryan falar:
— Eu vim de Holambra, a cidade das flores, não é muito longe daqui. O senhor conhece?
— Claro! Minha neta adora lá, sempre que tem o festival anual a levamos. Nesse mês, vamos com certeza. — Suponho que Jorge seja casado, sorriu pela cena que se cria na minha memória. Encaro Ryan surpresa:
— Holambra é mesmo linda, o festival é mesmo de tirar o fôlego, mas minha família e eu não vamos mais pra lá há muito tempo. — Digo e seus olhos castanhos se tornam curiosos, talvez se pergunte por um instante se deve perguntar ou não se intrometer.
Quando chegamos à porta da loja, começo a abrir a carteira e contar o dinheiro supondo que ele não comentará nada. Nos despedimos de Jorge que acaba ganhando um broche de flores, um dos personalizados que usamos em sorteios e promoções, sempre carrego alguns na bolsa, espero que sua neta goste. Ele agradece com um grande sorriso.
— Espero que o casal não esqueça mais o guarda-chuva! — Ele já havia dado a partida quando disse tal coisa, não deu tempo de corrigi-lo, Ryan apenas disse que não se esqueceria.
De longe vimos Jorge buzinar e acenar virando a esquina, protegidos de baixo do toldo amarelo da grande loja, resolvemos entrar.
A loja cede da floricultura não está tão movimentada quanto a filial da inauguração, mas o movimento ainda é grande e corriqueiro de todos os dias, é possível ver clientes novos e antigos, mas também turmas escolares entrando e saindo. Foi aqui neste lugar, que era apenas um dos mercados em que eu montava minha banquinha na frente, que acabou sendo comprado e transformado num dos meus lugares favoritos em toda a minha vida. Apesar de ter passado por esta porta inúmeras vezes, ainda consigo ter aquela mesma sensação, é de tirar o fôlego!
A loja tem o mesmo tamanho de uma mega store, com muito mais metros quadrados que as filiais e ainda cresce a cada mês. Na entrada temos uma grande recepção com um lindo lustre e um grande balcão de mármore com três atendentes trabalhando em revezamento, todos estagiários de administração da mesma universidade em que me formei.
Do lado direito deles, temos as sessões infantis com o mini playground ao lado da área de recreação dos voluntários que passam a manhã e a tarde inteira se dedicando a trabalhos didáticos sobre o meio ambiente. Ainda mais adiante consigo mostrar para o meu amigo as salas onde são realizadas palestras e até filmes. No momento temos crianças de doze anos aprendendo sobre coleta seletiva e reciclagem.
Já do lado esquerdo da loja temos a área de compras, que é grande e extensa, com artigos e espécies de flores diversificadas e sempre ao alcance e almejo do cliente, nosso diferencial é que nos fundos de todo esse comércio temos nossa própria estufa.
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A flor no meio do caminho
RomanceTara é uma jovem romântica que se vê diante da realização de sua maior conquista: a expansão de sua rede de floriculturas pelos ares paulistas, tamanha dedicação esta que construiu graças a amigos leais, uma paixão antiga por flores vinda de sua fal...