Mas nem tudo são flores...

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Já passavam das três da tarde quando dona Nenê e Ediosmar saíram do banco e caminhavam apressados para Confeitaria Colombo. Ediosmar, senhorzinho apaixonado por Nenê, fazia tudo que ela pedia. Comprava biscoitinhos naturais, meias para inverno, o coco gelado, lustre para sala, que não coube, mas certamente ele iria trocar. Fazia de tudo para agrada-la. Não foi diferente, quando ele obteve um empréstimo no banco para abrir uma loja de roupa com Nenê. 

Ediosmar boa parte da vida foi funcionário público e hoje aposentado estava tornando-se sócio, algo que nunca imaginaria ser. Não entedia de finanças ou roupas, estava velho e cansado da burocracia e deixou tudo a cargo de Nenê. Ela não sabia colocar um botão na camisa, pedia sempre para a vizinha intrometida fazer, mas Ediosmar confiava no talento da fatura namoradinha afinal, ele nunca havia conhecido alguém com personalidade generosa e comunicativa como ela. 

Desde da sua chegada ao bairro, Nenê gostava de presentear a todos. Tantos sorrisos,  cosméticos, carteiras e até algumas roupas de marcas. Dava tudo que podia. Em poucos meses, conseguiu ganhar confiança dos vizinhos, até daqueles que um dia ousaram falara mal dela. E quando questionavam como conseguiu tais coisas, respondia sempre da mesma maneira "Ninguém resiste ao meu carisma magnético."  

O café foi rápido e Dona Nenê que já estava com parte do dinheiro em mãos, tratou de guardar rapidamente num bolso próximo a cintura e sem cerimônia dispensou Edisomar. Nenê tinha outros planos para aquele dinheiro e Joãozinho também. Enquanto ele a seguia pensava que seria o grande momento de impressionar " a mandante". Os outros dois assaltos não tinham dado muito certo, pura falta de sorte. Mas hoje ele se sentia confiante, até havia ensaiado os movimentos na cabeça. E de repente a cercou numa esquina.
— Passa a grana, madame! – disse João.
— Madame? Tu "quer" me roubar? Garoto quanta ousadia! - E tacou a bolsa em cima dele. O rapaz, afoito confere o conteúdo da bolsa e não percebe quando o soco o acerta no rosto e o derruba ao chão. Desorientada Nenê olha para homem de quase dois metros de altura que bateu em João. As pessoas que estavam escondidas apareceram, batem palmas, filmam, ovacionam o homem salvou a senhora que queria mesmo era passar despercebida. Foi aí que a polícia chegou. Ediosmar mais assustado que Nenê apressou para falar com o policial.

— Senhor, eu vi tudo, eu estava ali, quando tudo...- e foi interrompido pelo policial.

Velho HábitoWhere stories live. Discover now