Capítulo três

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Nina acordou às seis horas da manhã e fitou, estarrecida, seu reflexo no espelho que cobria o teto. Ergueu a mão e observou-se tocar o rosto. Sentiu os dedos, viu-os deslizar sobre as faces até atingir a testa.

Apesar de fora do comum, aquela situação tinha de ser real. Nunca se vira deitada antes. Parecia tão divertido ver-se estirada na cama.

Espreguiçou-se, empurrando a pilha de travesseiros. Tudo amanhecera diferente. Durante quantos anos acordara em sua velha cama todas as manhãs?

Anos de uma vida tediosa pareciam se tornar séculos.

De algum modo, a mera possibilidade de nunca mais ter de acomodar o corpo àquela cama desconfortável a deixou tão feliz que começou a gargalhar até quase perder o fôlego.

Rolou de um lado para o outro na imensa cama, sacudiu as pernas no ar, espalhou os travesseiros e, como se não bastasse, dançou sobre o colchão.

Depois de alguns minutos, jogou-se sobre os lençóis e abraçou os joelhos. Usava uma camisola de seda branca, um dos vários artigos de uso pessoal que recebera após o jantar. Tinham vindo da butique do hotel como presente de cortesia do Comanche.

Nina nem sequer se preocupou com o fato de o maravilhoso Ian Somerhalder tê-la despido. Não depois de admirar-se naquela fabulosa camisola de seda. Pulou da cama para explorar a suíte. Na noite anterior estivera tão exaurida que apenas vagara pelo quarto sem reparar em nada. Agora era o momento de brincar.

Pegou um controle remoto e apertou os botões. As cortinas azuis do mezanino onde dormira se abriam e fechavam, fazendo-a sorrir como uma tola. Ao abri-las novamente, divisou através da janela a cidade de Las Vegas.

O céu azul estendia-se sobre o vasto deserto. Imaginou em que andar estaria já que a vista era tão magnifícente. No vigésimo? Trigésimo?

Pouco importava. Encontrava-se no topo de um novo mundo. Pressionando outro botão, Nina abriu um painel da parede da sala, revelando uma enorme tela de televisão, um videocassete e um complicado aparelho de som. Só sossegou quando ouviu uma canção suave invadir o ambiente e então desceu a escada.

Abriu todas as cortinas, sentiu o aroma adocicado das flores e experimentou o conforto dos dois sofás e das seis cadeiras. Encantou-se com a lareira e admirou o piano branco no canto da saleta de estar. Como não houvesse ninguém para reprimi-la, sentou-se diante do instrumento e tocou a primeira melodia que lhe veio à mente.

Enquanto as notas fluíam pelo espaço da suíte, ela ria de felicidade.

Atrás do balcão do bar viu uma pequena geladeira e sorriu ao encontrar duas garrafas de champanhe. Caminhou até o toalete e maravilhou-se com o telefone, a minúscula televisão e todos os lindos acessórios de higiene arrumados dentro de uma cesta de vime.

Cantarolando, voltou a subir a escada. A sala de banho representava o que havia de mais luxuoso no mundo. A banheira de hidromassagem ocupava metade do espaço, e o espelho, rodeado de luzes, era capaz de refletir boa parte do corpo de Nina. Somente o mezanino, onde ficava o quarto, era muito maior do que seu apartamento em Kansas.

Ela poderia viver o resto da vida naquele hotel, pensou, contente consigo mesma. Plantas naturais enfeitavam a beirada da banheira. Em um canto havia potes de vidro com xampu e sabonetes. Sais de banho coloridosnjaziam dentro de uma bela taça de cristal. O perfume da sala inebriava-lhe os sentidos.

No armário havia um robe felpudo e um par de pantufas com o logotipo do Comanche. Além de duas elegantes poltronas ao lado da cama, havia uma mesa redonda, com um belo vaso de flores, diante da janela.

Tratava-se do tipo de ostentação que ela só vira em filmes e revistas. Veludos, plumas e paetês. Agora que o impacto inicial havia sido amenizado, Nina se questionava acerca daquela extravagante situação.

Beijos que conquistam (Nian)Onde histórias criam vida. Descubra agora