| Capítulo Um

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Maya

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Maya

  Eu tinha exatamente oito anos quando assisti A Noviça Rebelde e vi aquela clássica cena de Julie Andrews na colina que hoje é muito usada em memes na internet. Sendo assim, essa foi a primeira coisa que me veio a cabeça quando o táxi também subia a colina na Olgiata.

Em toda a minha vida, eu jamais tinha visto tanto verde. E olha que o meu estado natal era o Pará, contemplado com as belezas da floresta amazônica. Mas Olgiata era diferente, pois já havia conseguido me escandalizar desde o momento em que li o anúncio: Procura-se uma babá no jornal. Grazi, minha colega de quarto e ex-colega de emprego, me alertou, há um tempo, sobre o lugar.

   — É um dos lugares mais exclusivos do país. — dissera enquanto pintava as unhas do pé de um estranho tom de nude. — Somente os mais ricos da Itália.

    Entretanto, eu tinha a impressão de estar quase em um país diferente.

    Baixei o vidro da minha janela para apreciar melhor a paisagem.

    Uma mansão que adotava um estilo moderno em aço e vidro passou rapidamente pelo carro, mas não rápido o suficiente para que eu não enxergasse quatro conversíveis modernos dentro da garagem.

     Deus! Eu sempre me perguntava como alguns de nós podíamos terminar devendo fortunas à irmã e carregando papéis higiênicos, enquanto outros simplesmente faziam coleções de Ferraris para se distrair.

   — É como estar em outro planeta, certo signorina? — O motorista do táxi coçou a careca e sorriu para mim do retrovisor.

   — É sim.

    E era. Aquele era o mundo dos multimilionários. E eu estava prestes a entrar pelas portas de serviço. Claro, isso se eu conseguisse passar pela entrevista. Um obstáculo que poderia ser superado facilmente se o anúncio no jornal fosse mais claro. Entretanto, tudo o que eu tinha...

   Abri a bolsa e puxei o pequeno recorte de jornal.

   Tudo o que eu tinha era um endereço no bairro dos magnatas de plantão.

  Suspirei.

  Calma, Maya.

  Nervosismo não ajudaria em nada. Crianças sentiam o cheiro do medo. E sem conseguir evitar, ergui um dos ombros discretamente e verifiquei minha axila esquerda que parecia transpirar mais que a outra. O desodorante estava dando conta do recado, apesar do tecido do meu terninho da sorte não ajudar.

   Gaby riria se pudesse me ver com esse terninho. A saia era de um corte reto e tanto ela quanto a blusa de um tom rosa antigo, ocasionalmente estampado por flores azuis claras. Talvez quem abrisse a porta pensasse que se tratava de uma daquelas vendedoras de produtos de beleza dos anos 90.

Era uma vez em Roma | Apenas Degustação! Onde histórias criam vida. Descubra agora