Capítulo 18

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As provas se aproximam e com elas o desespero dos alunos que deixam pra estudar em cima da hora.

Normalmente nesse período, eu e meus amigos- se é que ainda posso chama-los assim- montamos um grupo de estudo, onde conversamos mais que estudamos.

Alguns dias se passaram e nenhuma mensagem foi lida, sequer respondida, se a intenção de Daniel era nós separar, ele obteve total êxito.

Com a chegada das provas, chega também a semifinal de futebol estadual. Nosso time tem esperança de chegar a final esse ano, porém todos estão tensos com o jogo de hoje já que ano passado o time foi eliminado na semifinal.

Durante o almoço, continuamos sentados separados. Quando Kate voltou a escola, passou a se sentar com Sam e Ethan, aos poucos percebo amizade dela e Troy voltado.

Ontem enquanto pegava uns livros no armário, vi ela cumprimentando Troy que respondeu de volta, mais sem muita vontade, o que já é um grande passo, pois comigo ele apenas vira a cara, já já Troy está sentado na mesa com eles enquanto minha companhia de todos os dias é a solidão, parece que a vilã de tudo isso, no final foi eu.

No início e nas finais dos jogos, os jogadores tem um costume de se apresentar no refeitório no dia dos jogos. Obviamente um dia antes pois nos dias de jogo não tem aula.

Durante o almoço de ontem, eles apareceram no refeitório feito loucos, aplaudidos e reverenciados pelos alunos. J.D teve o disparate de piscar pra mim, algo que Daniel percebeu, pois me lançou um olhar de pena misturado com desdém quando passou por mim. Os outros de nós ele fingiu que não existia, já estou cansada das atitudes de criança de todos, porém, acho melhor ignorar.

Papai decidiu ir assistir os jogos comigo e com Cas, algo que ele não tem costume de fazer, pois sempre preferiu o trabalho. Desde o acidente o vejo mais em casa do que é costume, as vezes levo um susto quando chego em casa e o vejo sentado no sofá, pois na maioria das vezes ficava sozinha em casa ou com o Cas quando ele resolvia aparecer.

- Vou comprar pipoca e refrigerante - diz papai enquanto se levanta e sai

- Você acha que a pancada que papai levou na cabeça alterou algum nervo importante? - pergunta Cas

- Não seja maldoso! - o repreendo.

- Vai dizer que não acha isso tudo muito estranho? - ele pergunta

- Acho - respondo. - Mas também acho que ele ter quase perdido a vida, resolveu dar mais valor aos momentos que passamos juntos - digo.

Não foi só papai que mudou depois do incidente, também tenho passado mais tempo com papai de que me lembro, não só por ele não ter estado em casa nesse tempo, mesmo quando ele estava, eu passava mais tempo no quarto ou com meus amigos do que com ele, assim como Cas.

- Não seja brega - ele diz e reviro os olhos

Depois que papai volta Sr. Larson aparece com Sam.

- Como vai Will? - ele cumprimenta papai

- Bem Robert e você? - pergunta papai

- Bem Will! E você Al, tudo bem ? - ele pergunta se dirigindo a mim.

Cassius saiu com a desculpa de que ia ao banheiro, uma mentira deslavada é óbvio, provavelmente foi se encontrar com alguém, provavelmente com sua informante, seja lá quem for.

- Tudo - respondo de volta. Sam me dá um aceno com a mão, parece muito nervosa, talvez com medo da reação de Dan ao vê seu pai com sua meia irmã.

Cas aparece um bom tempo depois quando o jogo esta começando, segundo ele a fila estava enorme.

O time da escola ganhou com o placar de 2X0, teria sido de 3 se o juiz tivesse marcado pênalti em um falta que Dan levou, mas como diz o S.r Potter: o importante é vencer.

Depois do jogo Cas me informar sobre uma festa que vai acontecer na casa do Colin.

- Você vai? - pergunto

- Já tenho compromissos - ele diz misterioso

- Se você quiser ir eu te levo filha - papai se oferece

Pondero por uns minutos, indecisa.

Enquanto penso nos pós e contras, vejo Daniel discutindo com o pai e Sam perto das arquibancadas, pelo visto Daniel não vai dar o braço a torcer tão rápido.

- Melhor irmos pra casa pai.

Quando já estamos em casa, papai me convida para assistir um filme com ele. Durante o filme meu celular toca, é a Sam.

- Alícia?

- Sim, o que aconteceu? - pergunto

- Onde você está? - ela parece preocupada

- Em casa. O que houve Sam? Você precisa de mim?

- Sim - ela diz.

- O que foi? -insisto

- O Daniel - ela diz

- O que houve? Diabos fala logo de uma vez - digo já irritada.

- Ele está bêbado - ela diz por fim

- Que novidade Sam - digo com raiva. - Era só isso?

-Não - ela diz. - Você vem à festa, ele não está bem, nem a Anelise consegue controla-lo.

- Não sou babá dele, Sam. Sinto muito - desligo o telefone.

- O que houve? - pergunta papai.

- Pai, você acha que eu tenho cara de babá de bêbado? - pergunto.

- Não! -ele responde. - Por que está me perguntando isso? O que aconteceu?

Conto para papai o que Sam me disse ao telefone.

- Você não vai? Se quiser eu te levo.

-Não, não vou sair de casa no meio da noite atrás de um bebê chorao que enche a cara de álcool depois de fazer merda.

- Olha a boca! - papai repreende

- Desculpa! - digo

- Acho que você deveria ir - ele diz por fim

- Sério? - pergunto incrédula

- Você não estava arrependida por não ter ficado do lado dele quando ele mais precisou? Afinal esse não foi o motivo por terem brigado? - ele pergunta.

- Não exatamente. Na verdade ele que jogou isso na minha cara.

- Mas você não se arrependeu por não ter consolado ele? - pergunta papai

- Você está do lado dele agora? - pergunto. - Por que você o está defendendo?

- Não estou defendendo ele Alícia, pelo contrário, estou apenas te lembrando de algo que você mesmo disse. Você não vai negar ajuda a um amigo vai? Não foi pra isso que te criei.

- Bem, levando em conta que você esta praticamente me obrigando a ir - dou de ombros.

- Não, não estou te obrigando a nada, apenas quero lembra- lá que amigos são aqueles com os quais podemos contar sem que precisemos pedir- ele diz. - Quando mais nos afastamos de quem amamos é quando mais precisamos de ajuda.

Talvez o Cas tenha razão e algum nervo importante do cérebro do papai tenha sido afetado durante a queda, penso.

- Vou trocar de roupa - digo subindo as escadas.

Meia hora depois, papai estaciona perto da Casa dos Holmes.

- Você quer que eu espere aqui? - pergunta papai.

- Não precisa, dou um jeito de voltar para casa. Boa noite

- Cuidado filha, qualquer coisa que me liga - ele diz e vai embora.

Amigos á parteOnde histórias criam vida. Descubra agora