Converta-se

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PARTE 3

O padre finalizou a missa com a graça e sabedoria.

Os fiéis se despediram uns dos outros na paz de Cristo. Outros até pediram bençãos ao clérigo e beijou-lhe a mão. Contudo, o sorriso no rosto de Taehyung não se dava a homilia estendida e sábia. Nem ao carinho e atenção que recebera.

A alacridade do mais velho dava-se ao seu rapaz, vestido de preto e com o diário em mãos na porta da igreja.

Gregori Hoseok havia voltado.

— Eu sei que vai perguntar porque eu demorei.

— Não vou — negou.

Taehyung caminhou apressado até ele, por um momento esqueceu-se de onde estava, a roupa que vestia e o poder sacerdotal lhe instaurado. O abraçou.

Foram meses desde sua ida, mas diferentemente de antes, não houve a dor da incerteza, apenas falta sobrepujando os seus pedidos de clemência. Hoseok disse que voltaria, deu-lhe a certificação de que não o abandonaria. E ele não o abandonou.

— Onde esteve esse tempo todo? — Taehyung perguntou, curioso e preocupado.

— Não quero falar sobre isso agora.

O rapaz o soltou e fechou as portas de madeira. Juntamente com Taehyung eles trancaram a igreja e, a sós na viela, desceram até a casa paroquial.

— Não ouço mais falar de teus poemas — Taehyung começou.

— Os deixei de lado por hora.

— Desistiu de difamar o povo?

— Não, isso nunca — sorriu — Apenas dei mais atenção a outras coisas.

A noite estava bela, uma lua cheia abrilhantava suas cabeças, chispas prateadas enaltecendo suas belezas estarrecedoras.

Eles pararam em frente ao portal de casa, da casa onde se viram pela última vez, do lugar onde Taehyung passou dias sentindo seu cheiro espalhado pelo ar e sentiu o peito apertar. Apertar de saudades. Porém não se demoraram ali fora.

— Quer entrar? — o clérigo perguntou, esperançoso que ele aceitasse.  

Sua cabeça ainda se repartia entre renunciar o pecado e cometê-lo, mas já havia aceitado que sempre que Gregori estivesse por perto não teria como correr, porque ele não era o diabo e mesmo que fosse, Taehyung nunca lhe apontaria a cruz.

Hoseok era seu Éden, não havia como afastá-lo.

— Agora me perguntas. Ludibriado estive achando que mandaria — respondeu, mas não houve gozação em suas palavras e sim um tom ameno de relaxamento.

— Eu não quero mandar em você, prefiro que faça por sua vontade — disse-lhe abrindo a porta.

Eles entraram, o candelabro iluminava a entrada feito tocha no porão. Hoseok se permitiu sem concessão a observar o lugar. Havia poucas coisas ali e sinceramente gostava assim. Era humildade e acolhedor. Caloroso como Taehyung se tornara.

— Devo lamentar então? Porque eu adoro quando você manda — abriu um sorriso canalha.

— Eu as quero — se aproximou após fechar a porta — Suas lamentações. Quero tudo de você, e eu te darei tudo de mim.

O mais velho abraçou a cintura delgada do rapaz. Sem vexame a acariciou, resvalando as pontas dos polegares. Alçou a camisa preta com poucas premissas e muitas intenções. Sempre se perguntou o motivo dele só vestir aquela cor, não acreditou que poderia ser luto.

Celibato (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora