O garoto no capuz

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Richard rumava à padaria, para comprar alguns pães e doces que Bruce havia pedido. Estava com fones em seus ouvidos, que tocavam algumas suaves melodias, uma necessidade para o jovem, pois acalmavam seu aflito coração. Já havia quatro anos da morte de Jason, mas essa tão dolorosa perda ainda o afetava fortemente. Ele continuava mudo, sem ter soltado uma palavra, desde que viu o corpo desprovido de vida de seu amado. Por mais que tentasse, não conseguia encontrar forças para expressar o que sentia ou o que pensava, só conseguia utilizar alguns poucos sinais para indicar o que queria.

Assim que entrou no estabelecimento, logo se direcionou ao balcão de produtos de trigo, e, com a mão esquerda, sinalizou o número cinco, com a direita, três. Estava pedindo oito pães franceses. O empregado que o havia atendido logo se direcionou à "estufa" de pães, e pegou a quantidade solicitada. Pesou, retirou a etiqueta com o valor, e a grudou na sacola em que os pães estavam. Fechou a sacola e entregou-a a Dick, que agradeceu com um "joinha" e se direcionou às prateleiras de doces. Bruce havia pedido um bolo de chocolate simples, e foi exatamente este que o jovem pegou.

Tendo acabado de pegar os itens que lhe foram pedidos, Richard foi ao caixa e deixou seus produtos na esteira, e, enquanto estes se aproximavam do atendente, foi até a máquina de cartões, pegou sua carteira e retirou dela um cartão de crédito, que estava em nome de Bruce Wayne. Mostrou o cartão para o atendente, que entendeu a opção de pagamento escolhida, e configurou o caixa para assim fazer a cobrança.

Tendo sido realizado seu pagamento, ele foi em direção à porta de saída e empurrou-a para sair. No entanto, assim que deu o primeiro passo para fora da padaria, ele ouviu um estrondo, e logo sua visão ficou turva. Aquele som alto havia sido produzido por um disparo de uma pistola. Tudo que Richard conseguiu visualizar antes de desmaiar foram as suas compras indo ao chão, e uma figura com um capacete vermelho, parecido com um motoqueiro de gangue, se aproximando.

-x-

— Merda, merda, merda! – Jason dizia para si mesmo conforme se aproximava do jovem que havia acabado de atingir acidentalmente. – Antídoto, antídoto... – Ao chegar, procurou nos bolsos de sua jaqueta um injetor dérmico. – Ok, lá vamos nós. – Agitou o objeto e levantou um pouco a camiseta azul que aquele garoto estava vestindo. – Lembrete para si mesmo, Jason: Nunca, em hipótese alguma, confie na trava de segurança de uma pistola com balas venenosas. – Dizia enquanto aplicava o antídoto. – Acho que é melhor nem confiar mais em alguém te vendendo armas "especiais", Jason. Olha a merda que você fez...

Antes mesmo que conseguisse olhar para o rosto do jovem, Jason ouviu sons de tiro. A princípio, não conseguiu deduzir de onde vinham, mas, antes de partir para a briga, resolveu ter o mínimo de noção e chamar Ártemis no comunicador.

— Alô, Jason? – a amazona atendeu. – O que houve?

— Ártemis, preciso que venha para a padaria do centro, agora. – Mais sons de tiro. – Acho que já entendeu o que está acontecendo. No entanto, preciso que você resgate um civil que eu acabei ferindo. Não dá tempo de chamar a ambulância, leve-o para nosso trailer e cuide dele, por mim. Ele está na porta da padaria.

— Caramba, quanta coisa. – A moça respondeu. – Certo, já estou indo. Bizarro, cuide do trailer para mim, eu volto logo.

— Bizarro cuidar de trailer, sim! – Jason pôde ouvir a voz de seu trapalhão parceiro ao fundo da chamada.

— Certo. Agora posso resolver isso. – Desligou a chamada e levantou-se, e sacou suas duas pistolas de confiança. – Sem pistolas "perigosas" dessa vez, Jason.

Mais sons de tiro. Desta vez, Jason conseguia ouvir de onde eles vinham. Estranhamente, nenhum grito ou qualquer outra demonstração de pânico seguia estes tiros. Era como se alguém só estivesse atirando por diversão, para fazer barulho. De qualquer forma, Jason era completamente contra este tipo de atitude. Para ele, o uso de armas de fogo era extremamente específico, somente para o combate. Armas não são brinquedos.

Azul e Vermelho: Os ForagidosOnde histórias criam vida. Descubra agora