"Jason. Jason Peter Todd."

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O abraço continuava. Nenhum dos dois parecia querer soltar o outro. Tantos anos separados, cada um com seus próprios motivos, acreditando em diferentes mentiras.

— Tenho tantas perguntas, Jay. – Richard reclamou. – Nada mais faz sentido, mas ao mesmo tempo... Tantas coisas vão voltar a ser como antes.

— Sei bem o que está sentindo, meu amor. – Jason sentiu-se aliviado por finalmente poder usar essa palavra. – Acho que eu te devo explicações.

Dick sentiu um arrepio ao ser chamado de "amor". Mesmo enquanto estavam juntos, no passado, Jason nunca havia usado aquela palavra. Talvez agora, depois do tempo que haviam passado distantes, ele quis firmar seu sentimento.

— Não sei mais quem deve explicações para quem. – Dick ainda estava processando toda a informação que tinha recebido. – Mas, pra mim, não importa muito. O que me importa é que você voltou, e que vou ter motivos para sorrir de novo.

Separaram-se lentamente do abraço, com as mãos deslizando pelo antebraço, depois pelo braço, até se unirem ao final do trajeto. Mais uma vez, olhavam um para o outro, desta vez, apaixonados.

— Você não mudou nada desde a última vez que nos vimos... – Jason comentou, observando detalhadamente o corpo do jovem à sua frente. – Talvez tenha ficado um pouco menos fortinho, mas continua sendo o cara fofo que eu conheço.

— Não posso dizer o mesmo de você, Jay. – Dick respondeu. – Você mudou muito. – Riu levemente. – Ficou bem mais alto, mais charmoso, eu diria. Mas, no fundo, continua o mesmo garoto apressadinho e "mau" que eu conhecia.

— Eu sou um mau garoto, é? – Provocou Jason, sorrindo sugestivamente.

— Nem inventa, bobão. – Empurrou levemente o outro, separando suas mãos. – Aqui não é o lugar pra isso. – Virou-se para a sacola de roupas. – Agora, me ajuda a escolher quais roupas vamos levar, antes que a gente apronte aqui dentro.

— Tá bom, seu safado. – Jason respondeu, rindo.

— Olha quem fala!

Depois de algumas gargalhadas, eles continuaram a avaliar as roupas. Por algumas vezes, Jason tampava os olhos com uma das mãos para evitar uma invasão de privacidade muito grande, mas não conseguia deixar de dar algumas espiadas.

No final das contas, não conseguiram escolher as roupas, e Dick decidiu que iria levar todas. Afinal, por que deveria se preocupar com dinheiro? Ele estava usando o cartão do Bruce Wayne. Tendo sido feita esta decisão, Dick vestiu novamente a roupa que havia sido escolhida para o encontro, e os dois saíram dos provadores.

— Já sabe quais roupas vai querer levar, senhor? – A mesma funcionária de antes perguntou.

— Sim, moça. – Richard respondeu. – Vou levar todas.

— Ah, certo. – A moça assentiu com a cabeça, e se retirou.

— Ué... – Jason estranhou.

— Acho que ela ia pedir pra eu devolver as que não iria levar. – Dick esclareceu.

— Faz sentido...

Já na fila do caixa, que, por algum motivo, não andava, os pombinhos estavam em silêncio, apenas aguardando. Jason estava atrás de Dick, e tomando um pouco de coragem, passou seus braços pelo tronco do rapaz à sua frente, abraçando e puxando-o para mais perto.

— Quem te ensinou a ser carente assim, Jay? – brincou. – Parece até que foi comigo que aprendeu...

— Seu boboca, não te vejo há quatro anos e você quer que eu NÃO fique grudento? – brigou, sem soltar Dick em instante algum.

Azul e Vermelho: Os ForagidosOnde histórias criam vida. Descubra agora