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Uma carta a minha Heroína

Por favor, não me prenda.
Não me prive de me divertir, não classifique com quem eu devo andar, não me diga que viver do meu jeito é errado.
Por favor, não.

Isso dói, isso machuca, sufoca.
Não que tenha sido diferente minha vida toda, é verdade, mas por favor, pare.
Cada dia mais uma parte de mim morre sufocada em suas palavras.

Eu te amo, isso nunca irá mudar, mas, eu não me amo mais como antes, minhas expectativas já em mim mesma já não são as mesmas. Sim, sei que não quer meu mal, sei que tudo que faz é puramente pensando no meu bem, mas quando meu bem passou a ser tão doloroso? Até que ponto eu sou capaz de aguentar, por favor me diga, eu preciso saber.

Eu queria poder ver oque se passa na sua cabeça, você se coloca em meu lugar apenas uma vez na vida?, já tentou conversar comigo? Saber oque penso sobre tudo?. Porque eu já. Já tentei conversar com você, dizer oque eu sinto, você me ouviu, senti uma luz no fim do túnel.
Ela se apagou quando percebi que não estava prestando atenção.

Oque foi até ingênuo da minha parte pensar que você me ouviria, quieta, até q eu terminasse de disser o quanto seu controle me afeta.
Nesse momento estou escrevendo com duas trilhas sonoras, isso é pra poucos, certo?, uma delas é externa, do lado de fora da casa, de uma festa na qual estava a três horas a trás, e a outra é uma tentativa falha de tampar o som da primeira e não me fazer pensar no que estou perdendo.

Você é tão boa para mim, mas não sei quem voce vê ao olhar para mim, vê uma adolescente, vê sua filha?, eu realmente não sei, tantas coisas são mal esclarecidas em nossa relação, tudo é tão mutável e incerto.

Uma delas é a confiança, você sempre espera o pior de mim, mesmo quanto não tem motivos para.
Mas não perde uma oportunidade de me mostrar para o resto da família, bem como um troféu, de ferro, amasso mas não quebro.
Aguento e não desabo.

Hoje voce me perguntou oque fez para merecer uma filha tão pobre de espírito, pelo simples fato de eu ter ido em uma festa da cidade, para me divertir. Me disse tantas coisas quando voltei, me comparou a tantas coisas, porque fui me divertir.

Até porque para você aquilo não era diversão, ficar no meio do "povinho" não era nada legal para você, nunca foi, sempre em clubes, camarotes, hotéis. Nunca no meio das pessoas. Sempre com essa superioridade que usa na cabeça feito coroa.

Eu não penso assim, talvez seja por isso que disse que eu precisava de um transplante de sangue, porque eu gosto de festas que não são dentro de um salão de festa com trinta pessoas competindo para ver qual a mais bem de vida.

Você é tão legal, divertida, amável, linda. Mas tão preconceituosa.
Não racista, não homofobia, mas tão socialmente seletiva, não acho errado querer conviver com pessoas que gostam das mesmas coisas que você, mas você age como se qualquer contato com o resto das pessoas fosse tóxico, você é boa conversando, sua educação ajuda bastante, mas sua mente continua tão fechada. Você não percebe oque faz, é quase como automático, não é maldosa com ninguém. Não é porque você trabalhou para caramba sua vida toda para ter oque tem hoje que precisa pensar errado das outras pessoas.

Então por favor, me deixe ser diferente de você , de pensar diferente, fazer minha história.

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"Todo mundo que você conhece está lutando uma batalha sobre a qual você não sabe nada, seja gentil, sempre." - Skam