Capítulo 2

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A audiência de Troy sairá exatamente como ele havia previsto. Vencera, ou seja, conseguiu condenar o réu. Mas Allyson sequer prestou atenção ao julgamento. Tanto que durante o jantar num restaurante muito charmoso na avenida principal, teve que inventar comentários a respeito da atuação do marido, pois não se lembrava de nada. A discussão com Dinah não a deixava em paz:

-Esteve ótimo, como sempre querido.__Comentou tentando parecer interessada. 

-Foi perfeito. Tenho que dizer isso!__Ele estava muito satisfeito, feliz e realizado.

Ela apenas sorria para o marido que já tinha as faces coradas devido ao consumo exagerado de vinho. Ele sempre exagerava quando comemorava algo e principalmente em fins de semana. Ela já nem se importava mais, apenas se comprometia a dirigir na volta pra casa.

(...)

Já estavam em casa e após um longo banho, Allyson resolveu descer até a sala, queria ficar um pouco a sós com seus pensamentos. Troy chegava ao ponto da inconveniência quando estava embriagado. Então agora que o via dormindo, resolveu analisar novamente o dossiê de Lauren Michelle Morgado.

Desceu as escadas da casa de três andares, num estilo tropical, em madeira escura e tijolos vermelhos. Tudo criação de Ally, juntamente com o amigo arquiteto Louis. Na época ela ainda não era casada, sua intenção era ter a casa só para si, no entanto alguns meses apenas antes de mudar-se pra casa nova ela conheceu Troy, um ano depois já estavam casados e morando em sua casa.

O rapaz na época havia sugerido que comprassem uma casa mais convencional, afinal logo teriam filhos e ele considerava aquele loft muito perigoso a uma criança, devido a falta de paredes em vários cômodos, principalmente nos cômodos superiores. Na época Ally havia dito que ainda era cedo para pensarem naquele assunto, pois ela não tinha a menor intenção de mudar-se de seu reduto, o lugar que ela mesma criara. Cercado de plantas e árvores por todos os lados, e dentro de casa inclusive ela mantinha vários vasos de plantas e jardins.

Gostava daquilo, gostava da natureza, se não tinha tempo pra passeios ecológicos ou algo do gênero, ao menos quando estava em casa podia usufruir disto. Faltava apenas um animal, mas isto Troy não queria de maneira alguma.

Allyson desceu até seu escritório, usava apenas uma fina camisola branca, os cabelos soltos, pés descalços, uma xícara de café em uma mão e o dossiê na outra. Já era a quarta vez que lia aquele documento e ainda não conseguia entender. Ao que parecia a Lauren, era uma mulher idônea, uma cidadã comum, 25 anos, solteira, dona de uma clínica de relaxamento e auto juda. Boa filha, boa irmã e principalmente boa tia.

Lauren não conhecia seu pai, mas vivera com a mãe apenas, nem ao menos o sobrenome do pai ela levava. Mas sua mãe Clara casara-se novamente e dera-lhe um pai. Clara tivera com Augusto mais dois filhos Lara e Fernando gêmeos que hoje com 20 anos, Lara era casada e tinha um filho. Lauren, além de tia de Alexsander era ainda madrinha dele. Tinha-o como seu filho, sempre ajudava a família, muito dedicada a eles.

Residia sozinha em uma edícula, nos fundos da clínica. Que se situava num bairro de classe média na cidade, enquanto que o resto da família residia no centro em um modesto apartamento.

Na última página do documento havia uma fotografia de Lauren. Allyson observava aquele olhar, ela havia sido tirada três anos antes, no dia em que Lauren havia sido presa. Cabelos num estilo repicado nas pontas, nehroo, olhos em um tom verde claro, seu rosto estava pálido, muito branco. Ally tentava definir o olhar da mulher e pôde notar que a foto não dizia nada, não existia emoção alguma nela.
No momento em que fora tirada, Lauren parecia estar longe dali, em outro plano, talvez em um estado de alfa. A mulher surpreendeu-se ao perceber o adiantado da hora, já passava das duas da manhã. 

ADP | Em Nome Da Verdade - AlrenOnde histórias criam vida. Descubra agora