Dia 2

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No segundo dia após sua morte, eu não quis ir à faculdade. Me tranquei no quarto e não saí. Não quis tomar banho, nem escovar os dentes, nem ir ao banheiro, muito menos comer. Eu estava estagnado na cama, não movia um músculo. Me sinto envergonhado em dizer, mas, eu cheguei a urinar em minhas próprias roupas só para não ter que me levantar e me forçar a caminhar até o banheiro.

Ouvi o telefone tocar e apenas deixei até que a mensagem gravada tocasse. Era minha mãe, estava dizendo que entendia minha dor, mas que eu deveria me reerguer e seguir a diante. Ela ficou um bom tempo dando um longo ensinamento de vida o qual eu nem sequer prestei atenção, com exceção da frase "Você precisa comer". Essa ecoou em minha mente, pois me lembrou da segunda vez que eu a vi.

Eu estava sentado na mesa de um restaurante, meu prato estava cheio mas não conseguia comer pois estava doente. Eu passeava com o garfo por cima da carne fazendo desenhos com o molho no intuito de apenas passar o tempo. Até que ela se aproximou dizendo "Você precisa comer" eu a encarei sem reação, era ela. Eu a estava vendo novamente. Ela interrompeu meus devaneios com um sorriso sem graça dizendo "Sabe... é que você pode ficar doente se não comer direito", respondi que já estava doente e ela se sentou à minha frente na mesa, perguntei se ela estava sempre indo aos lugares sozinha, já que era a segunda vez que eu a encontrava assim. Ela respondeu "Você também" enquanto pegava com os dedos um pedaço da carne no meu prato. Luana sorriu enquanto mastigava e foi quando eu percebi que estava apaixonado. Nós conversamos sobre política, causas sociais, teorias da conspiração, e mais muitas coisas naquele dia. Passaram-se horas como se fossem minutos, dessa vez eu me lembrei de pegar o número dela. Ou melhor, foi ela quem pegou o meu. Ao se despedir, ela me deu um aperto de mão, não gostava muito de abraços.

Ao me lembrar disso, me contorci na cama gritando e chorando, eu não queria mais pensar nela, não queria mais me lembrar. A dor que eu estava sentindo não pode ser descrita. Comecei a bater com minha cabeça contra a parede numa tentativa falha de desmaio. O sangue escorreu pela minha testa, mas a dor física não se comparava com a dor de perde-la. Me levantei pela primeira vez no dia e fui até a cozinha, me entupi com todos os remédios que fui capaz de encontrar. A falta de ar veio logo, caí no chão derrubando tudo que estava em cima da mesa, minha visão ficou turva e me debati enquanto tentava respirar. Naquela hora, pensei que tudo chegaria ao fim.

Mas não chegou.

13 Dias Sem ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora