No quinto dia após a morte dela, acordei me perguntando se a garota chamada Isadora tinha sido apenas um sonho, mas pouco tempo depois vi seu número em cima da mesa e soube que tudo aquilo fora real. Me perguntei se deveria mandar uma mensagem, mas a insegurança fez-me descartar a ideia. Guardei o papel com seu número na gaveta e arrumei-me para a faculdade.
No final da última aula decidi novamente voltar andando, mas dessa vez não havia um motivo aparente. Talvez inconscientemente eu estivesse esperançoso com a ideia de ver Isadora novamente no mesmo lugar em que nos vimos no dia anterior. E, não é que eu acertei?
Ela sorriu quando me viu e veio em minha direção acenando. Respondi com um sorriso sem graça e logo em seguida me arrependi por não ter correspondido o entusiasmo dela. Isadora parecia não querer tocar no assunto da noite anterior, talvez por medo de ser invasiva demais.
Conversamos por alguns minutos, e então ela me disse que sua cor preferida era Lilás, por isso a cor da garrafinha. Desliguei-me da conversa por completo naquela hora, aquilo havia feito-me lembrar da última vez que vi Luana antes de sua viagem para o Reino Unido.
Eu a estava ajudando a carregar suas malas pelo aeroporto, seus pais não se deram ao trabalho de ir se despedir dela, mas ela estava mais agradecida do que chateada por isso. Disse que só eu já era mais do que ela merecia para sua partida.
Ela tinha pintado seu cabelo de lilás um dia antes de sua viagem e estava com as orelhas e testa manchadas, assim como suas mãos e dedos. Ela se sentia menos bonita com as marcas da tinta, mas para mim ela continuava sendo a mulher mais bonita que eu já havia visto. Seus olhos brilhavam a cada vez que eu elogiava seu cabelo e seu novo estilo alternativo, e eu continuei o fazendo até o final do percurso.
Na hora de despedir-se, ela me deu o abraço mais apertado que pôde e eu não pude evitar as lágrimas de tomarem conta dos meus olhos. Mas evitei que escorressem para que ela não se sentisse mal em estar prestes a realizar o seu sonho.
Foi nesse abraço que ela me disse pela primeira vez que me amava. Meu coração disparou, travei na hora enquanto processava as palavras que acabara de ouvir, e respondi que também a amava. "Você é o único homem que fez meu coração acalmar-se em meio a tantas lágrimas. Você é único, Carlos, o amor de minha vida." Disse enquanto me olhava nos olhos. "Esperarei por você, e ficaremos tão juntos quando você voltar, que nem a morte poderá nos separar." Respondi antes de vê-la embarcar para longe.
Ao lembrar-me disso, comecei a refletir sobre o quão errado eu estava ao dizer aquelas palavras, a saudade apertou em meu peito como nunca, mas fui interrompido por Isadora passando suas mãos em frente aos meus olhos e perguntando se eu ainda a estava ouvindo. Me senti culpado, pedi perdão e contei a ela sobre Luana. Era a primeira vez que eu abria meu coração para alguém depois do ocorrido.
Isadora pareceu entender a minha dor como se fosse dela, talvez já tenha passado por algo assim? Não quis perguntar e ser invasivo demais, então só deixei pra lá e continuamos nossa conversa até a parte do caminho em que nos separamos cada um para a direção de sua casa.
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13 Dias Sem Ela
Misterio / SuspensoEm 13 Dias Sem Ela, o narrador (Carlos) conta o seu processo de luto após a morte da mulher amada (Luana) enquanto revela aos poucos toda a história que tiveram juntos desde o dia em que se conheceram. Cada capítulo é um novo dia sem ela, e a cada d...