Voltei para casa permitindo que toda a minha frustração se transformasse em pisadas fortes sobre o chão e olhar raivoso para as pessoas que passavam por mim.
Não conseguia imaginar como, durante mais de seis meses, fui trapaceada por uma pessoa que dizia ser meu amigo.
Depois do que vi, apenas me esquivei dele e desci da mesinha, fingindo não ter visto nada. Aliás, o que ele estava tentando fazer, se ele sabia que não queria me envolver com ninguém durante o curso, muito menos com ele, meu amigo? Ou ele estava apenas tentando tirar minha atenção dos papéis enquanto escondia as evidências dos seus atos? Ah, claro! Fui trouxa por duas vezes.
Entrei em casa a ponto de explodir. Pelo menos estaria sozinha até pouco mais do meio dia, se desconsiderasse a presença da emprega, da governanta e do jardineiro!
Subi as escadas em disparada, com a intenção de ficar lá até ser obrigada a descer. Quando acabei de pisar no primeiro andar, me esbarrei com algo enorme, tropecei, e segui rolando degraus abaixo depois de derrubar uma bandeja de comida. Mas fui agarrada no quarto degrau e sentada na escada.
- Meu Deus, cara! - Uai, "meu Deus" digo eu, pensei. De onde era aquele deus do Olimpo que me segurava com força e preocupação nos olhos? Argh, como pude esquecer? Só poderia ser Dylan, o filho da senhora Campbell que voltava de férias. - Você se machucou?
- Ah... não, não. Eu estou legal - Me controlei para não gaguejar ainda mais. Ele olhou a nossa volta - Desculpa pela bagunça - eu disse.
- Fica tranquila, não foi sua culpa. Foi nossa. - Ele já estava de pé, catando os cacos de vidro. Levantei e comecei a ajudá-lo. Ambos sabíamos que Marylin era bastante severa em termos de limpeza doméstica.
- Tenha cuidado com o vidro. Vá buscar o pano de chão - Estranhei aquela rudeza e o tom autoritário. Qual é, o certo não era ele se apresentar, me mandar para o sofá e dizer que estava tudo sob controle? Que imbecil.
Fui até a lavanderia soltando fogo pelas narinas . Primeiro um ladrão, agora um mal educado. Jurei que se visse mais um cara naquele dia, lhe daria um golpe mortal duplo só por precaução.
Voltei com desinfetante, pano de chão, pá e vassoura... Mas fui impedida de continuar andando quando cheguei ao pé da escada. Lá em cima, Dylan estava de pé, olhando toda a bagunça. Mas não foi isso que me deteve. Aquele cara era um nerd dos computadores ou atleta em ótima forma corporal? Tive dúvidas...
Não era só isso. Os ombros largos, cintura estreita não eram nada comparado ao olhar predador em seus grandes olhos azuis que ele me lançou ao se virar e notar que eu tentava devorá-lo com os olhos. Estava meio óbvio, eu parada ali, parecendo uma bocó.
Me apressei em subir, muito desconcertada. E noventa por cento mais humilhada, se isso ainda era possível.
- Achei que não chegaria mais nunca - ele me lançou um olhar desaprovador enquanto esvaziava meus braços.
- Desculpe-me senhor, se a sua serva aqui é lenta como uma mula manca. - Eu devolvi, já de saco cheio daquele cara.
- Haha. Ok. Vamos limpar isso aqui. - Ele tratou o meu sarcasmo com indiferença? Ah, não! Aquele metido não sabia com quem estava se metendo. Ok. Era apenas a modesta Dakota.
Terminamos o serviço em silêncio. Peguei os materiais de limpeza e desci as escadas, quando meu celular tocou inesperadamente. Com o susto, derrubei o que estava em meus braços tudo no chão. Olhei para cima e Dylan ria igual uma hiena atropelada.
- A propósito - ele disse ao se recompor - Essa música country é o máximo! - E saiu dando risinhos irritantes.
Quando fiz menção de atender o telefone, ele parou de tocar. Era Steven. De alguma forma, me fazendo passar por apuros mais uma vez.
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Virtualmente Falando
रोमांसDakota é cheia de manias, intensa, decidida e não tem medo de nada. Aliás, minto, ela tem um medo sim, o medo de que nunca consiga fazer Lucas se apaixonar por ela e, por mais que agora ela esteja controlando essa obstinação em fazê-lo ama-la, ela é...