Tudo está diferente

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Eu despertei e senti a claridade do meu quarto invadir a minha visão, fazendo com que eu apertasse as pálpebras logo em seguida. Escutei Dylan pedir para que a senhora campbell fechasse a minha janela para que eu me sentisse confortável. Senti as mãos dele passarem pelo meu cabelo e, em seguida, ele colocou a minha cabeça encima da sua perna. Suspirei aliviada, meu pescoço já estava muito dolorido sem nenhum travesseiro,

- Eu estou machucada? - olhei para os olhos dele, sem brilho algum, desprovido totalmente de emoção.

Ele não me respondeu. A senhora Ava veio perto de mim e disse que sentia muito pelo que eu havia escutado, e que eu estava muito bem, sim.

Respirei aliviada, mas me senti constrangida por não servir nem para escutar conversas alheias.

- Você não pode continuar xeretando as coisas assim, uma hora pode se dar mal - ele me avisou, quando seus olhos finamente encontraram os meus.

- Você está me ameaçando? - tentei levantar do seu colo mas ele gentilmente me puxou de volta, arrumando, mais uma vez, os meu cabelos.

- Não, Dak, mas no dia em que você foi até a casa do Jackson, por exemplo, poderia ter se encrencado feio! - ele me advertiu.

- Sinto muito - falei e me aconcheguei no colo dele - sinto muito por tudo! - enfatizei.

- Não se preocupe, vai ficar tudo bem para todos nós - ele brincou com uma mecha do meu cabelo.

- Até para você? - ele me olhou atentamente e depois suspirou.

- Você ouviu tudo o que não deveria ouvir mesmo, não foi?

Sorri de lado, totalmente envergonhada.

- Eu farei o que for preciso, Dak, para salvar a minha família - e, após dizer isso, se levantou, me deixando pensativa, me perguntando se eu deveria me preocupar com a minha segurança.

Com o cair da noite, eu já não me sentia tão apavorada como antes, mas decidi que deixaria minhas janelas sempre fechadas, para o caso do Jackson decidir que deveria fazer uma visitinha inesperada.

Após finalizar a minha rotina de skin care e os alongamentos noturnos, fui até a minha estante de livros tentar enganar o meu cérebro e dizer a ele que eu não deveria responder Lucas, que eu não sentia mais nada, e que ele sequer afetava a minha vida. Mas falhei miseravelmente.

Corri até o meu celular que estava jogado encima da cama e reli as últimas mensagens de Lucas. Ele se encontrava online.

                                                                                                                         Eu estou desocupada, sim. Boa noite.


Olhei pela minha janela e a lua estava implacável, como se observasse toda a minha inquietação de perto. Chegava a ser assombroso o tanto em que aquele momento tinha uma energia diferente, como se algo finalmente estivesse prestes a acontecer. Apenas suspirei e fui até a minha escrivaninha em busca da minha borrachinha para o braço, me amaldiçoando por ser fraca a esse ponto. Eu queria muito estar com Lucas, de algum modo, esse parecia ser o meu grande chamado. A lua gotejava mensagens subliminares.

eu gostaria de te ligar, poderíamos ler algum livro, de sua escolha, como fazíamos antes.

                                                                                                                                               okay, pode me ligar



Olhei mais uma vez para a lua e senti que finalmente as coisas começariam a fazer sentido. Atendi o telefone na segunda chamada.

- Dak - a voz grave e penetrante soou, mesmo que há milhares de quilômetros, foi como se eu nunca tivesse saído de perto da pessoa da minha vida.

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