O que eu deveria esperar de uma ligação de Lucas? Simplesmente qualquer coisa. Qualquer surpresa. Qualquer notícia. Qualquer dor. Mas viria com muita intensidade.
Já fazia muito tempo desde a última vez em que conversamos. Mas eu tinha tantas dúvidas... Será que ele ainda era o mesmo Lucas?, O que mudou?, Ele já era capaz de se apaixonar?, Conhecera alguma garota capaz de mudar sua perspectiva? Prendi a minha respiração ao imaginar alguém que fosse capaz de o tirar da escuridão, alguém que não fosse eu. E não era egoísmo, mas eu tinha noção de tudo que fizera para o libertar do que quer que fosse que lhe impedia de amar alguém. Mas, inconscientemente, eu sempre estivera em guerra, e prometi a mim mesma que Lucas amaria sim. Eu o faria amar. E o seu objeto de amor seria eu.
Pensei em tudo isso enquanto ele perguntava se eu estava bem e eu respondia automaticamente que sim. Minha mente não me dava descanso nem em momentos como esses. Eu ainda queria fazê-lo me amar?, Ainda importava?, Mais de seis meses não foram necessários para eu o esquecer?, Eu pratiquei uma terapia interna por meses, prometendo a mim mesma que não me submeteria àquilo mais uma vez. Mas ali estava eu. Rendida pela minha própria curiosidade e, talvez, anseio por fazer algo realmente memorável: fazer alguém amar. Sorri nervosa para mim mesma. Aquilo era ridículo.
— Eu deveria ter previsto que, rever você, me faria lembrar que eu também tenho coração — sua voz era tão calorosa que eu me sentei trêmula na ponta da minha cama, sorrindo e imaginado como ele fazia aquela simples frase parecer tão natural, pura e verdadeira diante da sua própria condição de ser humano sem sentimentos de amor. E se ele realmente estivesse se dando uma chance?
— É bom saber que você se deu conta de uma parte tão importante do nosso corpo — entrei em seu joguinho, já sentindo meu corpo se eletrizar.
— Sei de sua existência, apesar da banalidade sentimental, ele é essencial para bombear o sangue de um grande vencedor — ele estava falando de si mesmo?, Suspirei frustrada, estávamos voltando a estaca zero rápido demais. Decidi jogar pra valer.
— Acredito que todos os vencedores tem que ter uma imagem completa das suas ferramentas utilizadas para alcançar o sucesso — disse firmemente.
— Vencer com o coração é fingir a vitória, Dak. Acorde, utilize a sua razão para maiores resultados. Somente ele. — disse friamente, e eu imaginei se não era o momento de pedir uma trégua. Eu estava mordendo os fios do meu próprio fones de ouvido.
— Então, agora eu sei que você não quer vencer nada em relação a mim, visto que está usando a parte sentimental do coração, já que percebeu que ela existe... — respondi sorrindo, ao perceber a ironia por trás das minhas palavras.
— Ou, talvez você tenha razão quando diz que toda ferramenta tem que ser apreciada — ele continuou — principalmente quando a ferramenta dá sinais de ser muito boa - senti um lampejo de malícia em sua voz.
Aquilo era um elogio?, O modo como ele me elogiava era tão diferente...
— Vai depender também de quem a manipula, Lucas — pronunciar o nome dele em voz alta me fez sentir um arrepio, como se, de repente, eu me desse conta que nos falávamos outra vez. Eu estava oficialmente de volta ao jogo.
— Tenha certeza que eu sou muito bom em tudo o que faço — se ele se referia ao fato de ter passado em Direito na UFMG em primeiro lugar, no Brasil, então ele realmente era bom. Ah, ele também era perfeito em partir corações.
— Sim, mas não generalize, querido — o chamei assim para tentar amenizar a tensão. E deu certo.
— Tudo bem — concordou com um sorriso rouco — Quando o assunto é mulheres eu costumo falhar — admitiu.
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Virtualmente Falando
RomanceDakota é cheia de manias, intensa, decidida e não tem medo de nada. Aliás, minto, ela tem um medo sim, o medo de que nunca consiga fazer Lucas se apaixonar por ela e, por mais que agora ela esteja controlando essa obstinação em fazê-lo ama-la, ela é...