♦ Capítulo 4

207 16 16
                                    

" Querido diário...

Desde que Alagoas deu um chilique, por um motivo estúpido, Sergipe fugiu e tenho certeza de que não voltará cedo

Se ele voltar

Tipo, tá, ele tem umas coisinhas aqui e ali, mas ele não fará tanta falta, né?

Amazonas e Pará voltaram, fico aliviado de saber que não foram levados, se não a situação seria mais preocupante, eles estão ajudando bastante, e já eliminamos vários locais em que eles poderiam estar

No entanto, o maior problema no momento, além do sumiço deles, é ter que aguentar Rio de Janeiro querendo jogar uma partida contra mim

No querendo me gabar, mas ele sabe que eu sou melhor que ele. Eu já fiz quatro a zero em cima daquele Flamengo só com o Santos, imagina o estrago que seria se fosse com o Palmeiras...

Por que ele só me chama pra fazer essas coisas? Tipo, ele não leva o papel dele a sério, quase ninguém leva, estou sendo forçado a cumprir os deveres daqueles que não o querem

Eu me sinto na obrigação disso, e quando eu não tenho nada para fazer eu fico nervoso procurando alguma coisa para fazer, eu já tentei dar um descanso, eu já tentei confiar em outros estados para fazerem o meu trabalho, mas eu não consigo! É como se fosse parte de mim

Eu estou bem? "

( ... )

— Boa, Alagoas, você é incrível, Alagoas – Dizia o moreno enquanto varria o chão do quarto, como uma pequena punição pelo que havia feito, porém um estado dizia que 'mesmo que você morresse era pouco para você ', tal estado era Pernambuco — Eles falam como se não brincassem com o fato de Rio Grande do Sul ser gay, e só porque eu mexi com um filhinho de mamãe, recebo essas coisas

— Você só sabe reclamar? Cala a boca e trabalha – Reclamou Bahia que estava deitada na cama da cima de uma beliche, não era sua cama, era de Paraíba, no entanto não saia dali, e ninguém conseguia te tirar, era como se fosse uma demonstração de tristeza pela perda do paraibano

— E por que você não ajuda? Só sabe fazer reclamar! – Brigou, e começou a 'varrer' a baiana

— Para com isso, poha

— Vocês dois, pelo amor de tudo que é mais sagrado, calem a boca – Rio Grande do Norte apareceu na porta, dava para ouvir as reclamações dos dois irmãos no lado de fora do quarto e já estava começando a incomodar outros estados — Bahia, Pernambuco tá' te chamando

~

Rio de Janeiro resolvia algumas papeladas de seu trabalho, gostava de resolvê-las pela madrugada porque era o melhor horário para não ser incomodado pelos irmãos, e também não gostava de demonstrar seu lado mais organizado, embora quase todos já saibam daquilo

Ouviu o barulho da porta abrindo e ao se virar avistou Pará e Amazonas

Sabia que aquilo era obra de Pará, visto que Amazonas não gostava de ficar acordado até mais tarde, para acordar cedo no intuito de cuidar dos estados menores, pelo menos do norte ele cuidava

Sem contar que, Rio de Janeiro tinha um bom relacionamento com Amazonas. Não amoroso. Mas sentia raiva quando o amazonense era 'levado' contra a vontade do mesmo para sair

— Poderia me explicar para onde você está levando Amazonas junto? – Questionou deixando os papéis na mesa e indo até o paraense. Embora Pará fosse maior não intimidava Rio — Você deveria deixá-lo dormir

— Temos um lugar importante para ir – O nortista menor forçou um sorriso

— Um puteiro, ou motel, não é um lugar importante para ir – Respondeu também forçando um sorriso

O maior apenas olhava para a briga que estava ocorrendo. Mal prestava atenção. Estava extremamente cansado e era evidente

Com a treta ocorrendo, São Paulo acabou acordando. Na verdade já estava acordado. Desceu as escadas e avistou a cena dos outros estados brigando, e perguntava a si mesmo por quanto tempo Brasil iria permanecer fora, porque já não aguentava mais

— Viradouro, o que está acontecendo? – O paulista tinha, por algum motivo, uma mania de chamar Rio de Janeiro por vários apelidos, isso quer dizer que mudava o apelido do mesmo sempre que era anunciado o ganhador da escola de samba. Diga-se de passagem, Rio amava isso, pois significava que o “irmão” estava de olho em si

Antes que o fluminense pudesse se explicar, ouviram a porta fechar. Pará havia aproveitado os poucos segundos que o favelado se distraiu para fugir com Amazonas

São Paulo olhou curioso para o carioca, que apenas foi até a parede mais próxima e começou a bater a própria cabeça

— Olha, se você quiser me explicar a situação, eu posso tentar te ajudar

— Eu não gosto da ideia do Amazonas sair, contra a vontade dele – Se sentou no chão, e encostou na parede. O paulista fez o mesmo — Eu sei que não deveria me importar tanto assim com ele, já que, bem, a distância do meu território para o de Amazonas é bem grande. Mas eu me sinto na obrigação de protegê-lo, mas ao invés disso eu deixo Pará o levar para sair, mesmo sabendo que ele não quer, você entende? Eu só queria cuidar dele, protegê-lo

— Mas, Amazonas é um poste ele consegue–

— Se virar sozinho? Eu o conheço bem demais, e isso não é possível. São Paulo, nem você consegue se virar sozinho. E também, você sabe o que Pará fez para o Amazonas no passado – Depois da fala, São Paulo não soube no momento como responder, deixando um silêncio naquele momento

Dava para perceber que a este ponto, Rio estava chorando, mas mesmo que falassem ele iria negar. Rio de Janeiro então abraçou o de feições asiáticas, que até ficou surpreso com a reação, mas retribuiu

— Não se preocupe, assim como você mudou, Pará também mudou, ele não é o mesmo

O silêncio novamente voltou, mas a tensão de antes havia acabado. Rio de Janeiro já se sentia mais calmo em relação ao que sentia antes

( ... )

São Paulo tem burnout.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 06, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Dear São Paulo - RemakeOnde histórias criam vida. Descubra agora