Rumores

7 1 0
                                    


   Após alguns dias, rumores começaram a se espalhar pelo castelo. As vezes andando pelos corredores eu conseguia ouvir os sussurros dos criados. Mas o pior de tudo é que a culpa caiu toda em Catarina, e não importava o quanto eu tentasse ajudá-la os rumores não diminuiam e todos a olhavam com maus olhos.
 
  Como isso tudo começou? Robert espalhou boatos pelo baile enquanto eu chorava em meu quarto. Ele ia de pessoa em pessoa perguntando sobre a minha relação com Catarina, fazia comentários idiotas sobre nós duas e isso, acabava plantando a dúvida nos nobres.

   No dia seguinte ao baile, meu irmão me questionou sobre o porquê eu tinha saído do baile tão cedo. Eu expliquei o que havia acontecido na outra noite, quase desabei em lágrimas, meu irmão parecia ter se comovido um pouco, mas não o conselheiro. Para ele o que eu havia contado apenas confirmava os boatos recém espalhados.

   Depois de algumas horas Catarina veio me ver, eu lhe disse que teria de deixar de ser minha dama de companhia. Ela me perguntou se era por causa dos rumores, eu apenas acenei com a cabeça. Ela disse que não se importava com os rumores, que nós
sabiamos que não era verdade, mas nao importava o que nós pensávamos.

  Em um certo momento os rumores estavam praticamente incontroláveis. Foi aí que Catarina recebeu toda a culpa. Ela foi considerada a culpada de toda aquela noite, tentei convencer o conselheiro de que ninguém tinha culpa, pois nada havia acontecendo. Mas já era tarde demais. Eu tentei fazer com que Catarina fugisse, mas ela se recusava, pois se ela fugisse eu seria a castigada, toda a atenção recairia sobre mim.

                             °°°

  O julgamento ocorreu na corte real, Catarina estava com as roupas esfarrapadas. Não tinham argumentos, não era algo justo, era algo que nem podia se chamar de julgamento, aquilo era uma acusação, uma espécie de confeção.

   Quando eu notei isso eu me exaltei, tentei argumentar com o conselheiro, mas ele simplesmente me expulsou do local e me trancou em meu quarto. A execução de Catarina foi decidida. Execução por guilhotina.

  Eu não sabia o que fazer! Tentei mudar a decisão do conselheiro, disse que a culpa era minha que Catarina era inocente, mas ele não me ouviu...

  Desde o dia do julgamento eu não podia ver Catarina. Já era o dia da execução dela. Eu fui. Queria vê-la mais uma vez.  Ela estava completamente suja, eu tentei me aproximar dela o máximo possível até ser parada pela linha de guardas. Eu fiquei ao lado do meu irmão, estavamos bem perto do local de execução, o suficiente para eu ver o contorno do rosto de Catarina mais uma vez, por um momento me senti aliviada por vê-la, mas então tudo acabou quando quando a lâmina desceu.

                             °°°

   Eu fiquei meses arrasada, chorando. Mas conforme os meses passavam minha dor diminuia, mas mesmo assim, havia um vazio em mim que nunca seria preenchido. Eu sempre sentirei falta dela, ela sempre será minha melhor amiga, a única que sempre estava ao meu lado, a unica pessoa de quem senti algum afeto.

Elizabeth IOnde histórias criam vida. Descubra agora