一枪 ; po.et.ry

63 9 22
                                    

   Os olhos de Han sempre foram o lar de uma resplandecente galáxia; brilhava em tons delicados e amenos, refletindo a pureza que residia na alma do pequeno e apaixonado poeta. Acreditava ele que todos tinham um universo dentro de si mesmos, com estrelas e planetas distintos e únicos; talvez algumas estrelas já tenham morrido, mas seu brilho e a memória de seu calor continuarão vivos por muito tempo, talvez até o fim de duas vidas. Ele sempre achava poesia onde as pessoas apenas viam palavras desconexas. 

  Mas sabe, é curiosamente incrível a forma que tudo pode, fortuitamente, perder todo o sentido. De uma hora para a outra, aquela ilusão na qual você vivia - o clássico delírio de que tudo está bem, mesmo sendo a última coisa que realmente está - simplesmente desmorona, se estilhaça diante dos teus olhos e você se descobre impotente demais para sequer tentar restaurá-la e ao menos fingir que nada havia acontecido. 

   Enquanto todos se sentem os grandes e honrosos heróis de suas próprias epopéias pessoais, ele, por outro lado, sente-se  como um coadjuvante; como se sua vida fosse uma grande peça de teatro e, ao invés de estar estrelando no palco, está sentado na extremidade mais distante da platéia, observando. Sua mente se oxida em uma espiral de pensamentos incontroláveis, que se afunila mais e mais a cada segundo, e ele simplesmente não consegue controlá-los, porque a cada segundo sua mente parece menos sua. 

  E isso apavora. Porque a única coisa que você quer fazer é levantar daquele assento, subir lá e se tornar o herói que mata os monstros assombrosos que dominam todo o palco. Mas você não consegue escapar nem mesmo dos seus pensamentos, não é Jisung? E isso apavora ainda mais.

   Han já não via poesia nas pessoas, porque passou a ver a si mesmo como um amontoado de palavras sem sentido. Ele não sabe quando foi que se perdeu dentro de si mesmo, quando foi que suas crenças perderam o valor, quando foi que ele começou a se sentir tão solitário.
 
  A galáxia dele foi lentamente perdendo as cores, suas estrelas perdendo o brilho e a essência; suas luas não mais eram belos satélites: passaram a ser apenas alguns pedaços de pedra flutuando pelo espaço de seu peito. Nosso pequeno grande lirista sonhador, se sentiu estagnado na estrada cruel da vida, se sentiu preso e incapaz.

  Ele sente como se estivesse correndo uma maratona calmamente, mas algo o fez parar bem no meio do percurso e o prendeu ali. A única coisa que ele deseja fazer é continuar a correr, mas seus pés estão presos ao chão, e se deu conta de que não consegue mais nem mesmo se mover. 

  Ele está inerte, paralisado, estagnado. 

  E nem ele nem ninguém ao menos tenta se tirar do estado mórbido em que ele mesmo se prendeu. 

  E então...
  Ele fica.

  dizem por aí que um artista vive em sua arte após passar um longo tempo vivendo dentro de si mesmo. Jisung era um artista. Viveu em si e viveu na arte; mas o problema é que em algum ponto, retornou dentro de si mesmo e desprendeu a escapar.
 

诗集  ;  poetry.Onde histórias criam vida. Descubra agora