Covardia

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Eu me atrevo a escrever
Sobre a seca, a estiagem
Caatinga, mandacaru
Que compõe nossa paisagem
Mas falar sobre o amor
Eu nunca tive coragem.

Eu prefiro escrever
Sobre as pedras do caminho
Sobre o cacto, o rebanho
Sobre o passaro no ninho
Pois o amor fere mais
Que o cravar de um espinho.

Eu prefiro escrever
Sobre a  vida no sertão
Sobre a cultura local
Sobre a nossa tradição
Pois perigoso é tratar
Das coisas do coração.

Gosto muito de escrever
Tudo em qualquer momento
Mas digo a qualquer pessoa
Que sem nenhum fingimento
Tenho cá minha covardia
Pra falar de sentimento.

O verso é feito uma espada
Afiada pra cortar
Por isso vou procurando
Outras coisas pra rimar
O amor é ferida aberta
Que eu não ouso cutucar.

Claudia Emilly

28.02.20





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