Capitulo 2

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Marcelo estava olhando fixamente para aquela mulher, a estudava de longe, decorava cada gesto e observava cada movimento, era ela, tinha a certeza de que conseguiria dar o golpe e sairia dessa miséria que estava, então olhou para Pedro e disse:
-Achei o alvo, vou tomar um martini com ela, tenho certeza que é a bebida favorita dela, e ela vai sorrir pra mim quando pedir, e no fim eu vou empurrar o copo pra ela e vou pedir outro pra mim, e assim vamos começar a conversar, plano perfeito e infalível.
-Tá bom Cebolinha, quero ver se vai da certo esse teu plano infalível.
E assim foi Marcelo, chegou ao balcão onde ela estava ainda sozinha e pediu um martini, ela o olhou, o analisando, o martini chegou e ela riu dele, não como se sorrisse mas como se fosse uma piada:
-Desculpa, mas o que é tão engraçado assim?
-Você me olhando desde quando cheguei, e vem até onde estou e pede um martini pra você? Pelo menos beba uma bebida mais forte, quem sabe você terá mais coragem de falar comigo, sem fazer esse teatro todo.
-Essa foi pesada – disse ele com um sorrisinho sem graça e meio perdido -  bom, na verdade eu vim pedi esse martini pra você, mas mudei de ideia – virou para o barman e disse – me vê dois shots de tequila.
-Agora sim vi sua atitude.
-Vamos vê se essa dama, vai conseguir me acompanhar.
-Veremos.
-Aliás, prazer meu nome é Marcelo Ribeiro.
-Veremos se será um prazer, meu nome é Juliana Viegas.
-Espanhol? Interessante.
-Espanhola que sabe beber tequila.
-Vamos começar então.
E assim foram rodadas e mais rodadas de tequilas, ambos conversavam e riam juntos, Marcelo fazia o teatro de um jeito único, era dissimulado, era um ator da vida real, sabia o que dizer e o que fazer para agradar seja qualquer pessoa, e assim ganhava pessoas e dava seus golpes com perfeição, e ali estava ele fazendo o que sabia fazer de melhor, ganhar mulheres ricas para bancar seus luxos e sua vida fora da sua realidade, estava disposto e motivado a sair da miséria que se encontrava e via naquela mulher, Juliana Viegas, a grande chance. A noite já ia se findando e o dia já ia raiando, e ele esperando o convite de Juliana, mas o convite não veio, e ela simplesmente disse:
=Obrigado pela agradável noite, mas preciso ir embora, de uber.
-Ta certo, bebemos muito mesmo pra dirigir, te vejo de novo?
-Claro, passa seu telefone que eu te ligo.
-Claro, vou anotar nesse guardanapo – sabia que ela queria anotar no celular direto, mas achava mais charmoso anotar num guardanapo.
-Como quiser, eu te ligo – disse ela pegando o papel e indo embora sem dar tempo de ele falar qualquer coisa.
-E seu telefone? Não vai me passar?
-Eu te ligo – disse ela com ar de misteriosa.
Assim que a viu embora ligou para seu amigo Pedro, que já havia ido embora e pediu para ir busca-lo, ele estava num “after” com um pessoal que havia feito amizade na balada, correu para ir buscar Marcelo e contar tudo que havia vivido naquela doce madrugada. Assim que chegou e Marcelo entrou no carro, percebeu que havia algo diferente em Marcelo, estava com um brilho diferente no olhar, parecia feliz e triste ao mesmo tempo, era inexplicável, então resolveu não falar nada para ele no caminho, mas estava curioso para saber o que havia acontecido, já tinha visto ele ser rejeitado antes, ele ficava bravo mas passava logo, Pedro só buscava Marcelo quando tinha sido rejeitado, mas agora era diferente...
-Cara, que mulher, que mulher! – disse suspirando.
-Você está apaixonado? – olhou perplexo para Marcelo
-Não cara, eu tô só admirado como tem mulheres como ela, e ela vai me ligar, porque com certeza ela caidinha por mim
-Sei, você tá com uma cara de bobo - disse rindo da cara de Marcelo
-Tô só cansando
-Se você diz, depois não diz que não avisei.
-Relaxa cara, tudo está sob controle.

E assim foram passando, e nada da Juliana ligar para Marcelo, e a ansiedade batia forte nele, estava confuso e bravo porque Pedro estava zombando dele o tempo todo, e como Marcelo estava sem dinheiro nenhum, não tinha como ir embora, pois não tinha tentado dar outro golpe e ainda vivia no apartamento de Pedro. Quase um mês depois, em um sábado, perdido nos pensamentos, seu telefone toca com um número privado:
-Alô
-Olá, sabe quem é?
-Rebeca? – disse rindo
-Eu sei que estava esperando minha ligação.
-Você é bem convencida, Juliana.
-Diz que é mentira
-Tudo bem, estava esperando mesmo
-Hoje no restaurante Avenue as 9 da noite, te espero lá
-Ta bom, mas... – e depois disso ela desligou – como você está?

O Errado Que Deu CertoOnde histórias criam vida. Descubra agora