três

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➼ tom pov

"Caso você mude de ideia," Harrison levantou da poltrona a minha frente, dirigindo-se para a saída "ela vai tomar café todos os dias no Vantra às 13h. Talvez seja lá que você tenha que tentar a sua sorte." E ele me deixou, sem que eu precisasse dar uma resposta. O agradeci por isso. Não estava a fim de ter uma discussão sobre a minha vida amorosa no momento.
O relógio em meu pulso mostrava ser 11:30, o que significava que eu tinha uma hora e meia para encontrar (SN). Bem... isso levando em consideração que eu iria vê-la.
Passei a mão em meu cabelo, exalando - ou ao menos tentando - todo estresse e tensão que havia em meu corpo. Meu coração batia irregularmente, de modo que me fizesse sentir que algumas batidas estavam sendo simplesmente ignoradas, mas não passando despercebido. As pessoas não me deixam intimidadas. Geralmente, sou eu quem as intimido. Porém, pensar em (SN) causava um desconforto em meu estômago.
"O que você vai fazer comigo, (SN)?"

━━★✼☆。

Parei o meu Audi R8 preto do outro lado da rua, contra a cafeteria. Apesar de ser um lugar movimentado por trabalhadores e estudantes, estava chovendo e, por isso, a rua estava pouco movimentada, permitindo que eu estacionasse o meu carro sem nenhum problema. Decidi esperar no carro, pois ainda faltavam cinco minutos para às 13:00.
Cada minuto, contudo, parecia uma eternidade no inferno. O relógio contava os segundos como se fossem horas e isso estava me deixando impaciente. Por causa da chuva, o céu estava escuro. Já aparentava ser um final de tarde e isso me agradava. Gostava da noite, sobretudo, do escuro. A euforia do dia-a-dia me estressava muitas vezes e, à noite, tudo é mais tranquilo. Gostava das manhãs também, pelo exato mesmo motivo. O mundo parecia ser meu, mas, ao mesmo tempo, o silêncio fazia com que eu me sentisse pequeno e impotente. 
Distraí-me de meus pensamentos ao um vulto cor de rosa atravessando a rua correndo, a poucos metros de distância de onde eu estava. (SN) estava usando um sobretudo rosa com uma calça de alfaiataria de mesma cor e uma camisa branca por baixo. Enquanto ela corria, protegia a sua cabeça com uma bolsa preta de couro relativamente grande, a qual ela, provavelmente, carregava seus livros. Era o meu momento de agir. Assim que (SN) entrou na cafeteria, saí do carro e atravessei a rua o mais rápido possível, a fim de não me molhar na chuva. 
A cafeteria, apesar da rusticidade, era moderna e com um toque aconchegante, talvez, até familiar. Logo a entrada, pode-se observar algumas poltronas posicionadas umas contras as outras e, ao centro, uma pequena mesa. A diante, há mesas de variados tamanhos. Ao fundo, pode-se escutar o som de Jazz se misturando com as conversas, o som de chuva e... a risada dela. (SN) conversava com o barista enquanto ele preparava a bebida dela. Seu corpo se contraía delicadamente enquanto ela ria ao contar algo para o homem em frente dela. Algo que eu não pude entender direito, mas que girava em torno de como o companheiro de classe dela era um babaca. Seu cabelo estava preso em um coque volumoso, um pouco molhado por causa da chuva. Eu estava tremendo e poderia tomar um - senão dois - lorazepam. O homem entregou um alongado copo de vidro a ela. O café estava escondido entre o leite, criando um degradê espetacular e sumptuoso. Poderia ficar parado a admirando pegar o seu Latte Macchiato em câmera lenta, mas fui interrompido pela atendente.
"Boa tarde, Senhor. O que você gostaria?"
Ela era simpática. Simpática até demais, eu diria. Pude perceber que ela forçava um sorriso. Talvez odiasse esse emprego ou gostaria de estar fazendo algo mais interessante do que estar me atendendo.
"Eu gostaria de um Amaretto, por favor." Dei um sorriso e pude ver que a mulher demorou um pouco para reagir, olhando fixadamente para mim. Eu reconhecia o meu privilégio de ser bonito, mas era constrangedor passar por essas situações. Segurei-me para não rir quando ela corou quando eu levantei a sobrancelha para ela. 
"Mais alguma coisa, Senhor?" Balbuciei uma negação "Quatro libras." Entreguei uma nota de dez libras e disse que ela poderia ficar com o troco, ignorando qualquer outra ação partida por ela. Esperei por minha bebida no mesmo lugar que (SN), mas sem conversar com o barista. O analisei e me questionei qual seria o tipo de relacionamento com (SN). Coloquei as minhas mãos dentro dos bolsos de minha calça, apertando os dedos de nervosismo ao pensar que ela poderia ter um namorado ou qualquer coisa do tipo.
"Obrigado." Seguei a xícara pelo pires, dando meia volta e a procurando. Não demorou muito para que eu a encontrasse no extremo do estabelecimento. Reconheci (SN) pela roupa, pois era impossível a reconhecer com um livro vermelho, que era titulado com alguma palavra estrangeira que eu não conseguia reconhecer, em frente ao seu rosto. 

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