quatro

383 31 40
                                    

➼ (sn) pov

Continuei a encará-lo. Seus olhos estavam mais escuros do que o de costume. Eu estava assustada, mas alguma coisa na situação me deixava excitada. A âncora do BBC News passara a proferir outras notícias que, aparentemente, não tinham a ver com Tom. Aparentemente. O que me deixa mais surpresa esta situação toda é a sua idade. As especulações a respeito da idade dele variavam entre a dezena de quatro e a dezena de cinco, mas 23 anos? Quase inacreditável.
"O que você está pensando, querida? Diga-me alguma coisa..." Sua voz era calma e solente. Senti sua mão encostar na minha e pude notar a diferença de temperatura entre os nossos corpos.
"Como..." gaguejei "como você veio para nesse mundo? Eu quero dizer... não biologicamente falando, mas... você não é muito mais velho que eu."
"Meu pai liderava a mafia inglesa antes de mim, mas ele se 'aposentou'."  Ele gesticulou, fazendo aspas no ar "Como filho mais velho, eu passei a ser o líder no lugar dele há cerca de cinco anos."
"Tão cedo assim?"
Questionei, perguntando-me do que ele deve ter deixado para trás e deixado de aproveitar para estar aqui hoje.
"Não é como se eu não tivesse tido uma infância. Eu tive," sorriu, provavelmente ao se recordar brevemente do seu passado "assim como os meus irmãos. Mas é como uma hierarquia, uma ordem de sucessão que determina quem herda um cargo a partir da morte... ou, neste caso, aposentadoria de um outro. Comecei a participar das reuniões do meu pai aos 12, assim como ele, quando tinha a mesma idade."
Tom continuou a contar seu caminho até o atual dia. Formado em Harvard, ele é um homem muito mais inteligente e calculista que aparenta ser. Acho que a aparência tende sempre a ofuscar o intelecto do ser humano.
Ele é o filho mais velho e possuiu mais três irmãos: Harry, que eu já havia conhecido, e Sam são gêmeos; e Paddy, o mais novo que, por causa da idade, não tem nenhuma correlação ao mob. Seus irmãos gêmeos são os melhores homens que Tom tem, assim como Harrison. Depois de Tom, são os mais poderosos na hierarquia da mafia britânica. Apesar de serem arbitrários nas decisões de Tom, a decisão final é exclusivamente dele. Os demais homens servem como apoio e colocam a mão na massa. Dessa forma, Tom atuava como o poder Legislativo e Judiciário, uma vez que ele discutia e decidia o que seria ser feito em cada situação. Ao dar seu julgamento final, seus homens executavam o seu mandato sem alterar uma vírgula do que fora dito por ele.
"Você não poderia ter dito não ao seu pai? Posicionado-se contra e seguido uma vida normal como... a minha?" Exitei ao perguntar. Não queria ser intrometida demais, mas ele não pareceu se importar ao responder. 
"Sim," ele tomou um gole da sua bebida "mas, no final do dia, eu sempre soube que era isso que eu queria. A sensação de ter o mundo em suas mãos e poder fazer o que quiser com ele sempre me cativou de alguma forma. Eu estou acima da lei... tem sensação melhor que essa?"
"Posso lhe perguntar mais uma coisa?"
"Você pode me perguntar qualquer coisa. Eu sou um livro aberto..." ele fez uma pequena pausa, sem tirar os olhos de mim e dando o ultimo gole em sua bebida. As palavras que vieram em seguida foram a causa da minha taquicardia "para você." 
"Por que você me trouxe aqui? Por que você confiou em mim a este ponto e por que eu deveria confiar em você?"


➼ tom pov

A resposta era simples, mas muito complicada ao mesmo tempo. Eu não sei, disse a ela. Eu realmente não sabia, pois deixei minhas emoções falarem mais alto que o meu lado racional. O pior de tudo é que eu não estava arrependido. Ela estava aqui e, de certo modo, era tudo o que eu queria. Uma figura feminina que eu pudesse tomar conta e proteger. Alguém para compartilhar uma cama que, de repente, tornou-se grande demais para uma pessoa. Algo em mim havia se pronunciado e dito que ela era a pessoa por quem eu estava esperando. E meus instintos nunca estavam errados.

Meus pensamentos foram interrompidos com Harrison sendo totalmente desagradável, nos interrompendo.
"Tom, você precisa vir..."
Ao ver (SN), ele se calou e olhou para mim com um sorriso mais indiscreto que eu já havia visto. Mandou bem, pude ler seus pensamentos.
"Estou atrapalhando?" Ele perguntou.
"Não está." (SN) disse antes que eu pudesse o responder. Harrison se aproximou e deu um beijo na bochecha dela. O filho da puta estava me provocando. 
"Você não sabe o quão feliz eu estou em ver você aqui, (SN)."
"Fico feliz em revê-lo também, Harrison."
Ela sorriu e suas bochechas coraram. Era notável que ela estava com vergonha e senti uma ponta de ciúmes, mas sabia que Harrison estava tentando me tirar do sério.
"Posso fazer alguma coisa por você, mate?" Perguntei seco, sem muito interesse em qualquer coisa que ele fosse me apresentar.
"Na verdade, sim." Ele respondeu, retomando a postura que era exigida dele em situações sérias. Ele não estava aqui para matar tempo. Sabia que o trabalho me chamava. "Eu estou com o contrato do Cargo pronto. Fiz algumas anotações na cópia que você me entregou, mas nada fora do normal ou do esperado. Assim que você assinar, pegarei as chaves com o antigo proprietário."
"Mais alguma coisa?"
Peguei a pasta preta de sua mão, a colocando sobre a mesa. Não iria tratar de negócios neste exato momento.
"O Sandro quer falar com você. É urgente, ele disse." 
Lancei um olhar furioso para Harrison. Puta que pariu, justo agora? 
"Minha querida,"
levantei do sofá e me referi a (SN). Ela me olhava sem entender muita coisa. Não era culpa dela. Eu estava furioso, pois havia dito a Harrison que não resolveria nenhum assunto hoje. Ele sabia que eu estaria com (SN) e que, por isso, não gostaria de ser incomodado. Ele fez totalmente o oposto do que eu havia dito a ele. "eu preciso fazer um telefonema. Você se importa?"
Sua feição angelical me serviu como um anditodo instantâneo, mas de curto prazo.
"Eu aguardo." Ela disse e eu sorri, dizendo que Harrison iria lhe fazer companhia. Ele não pareceu se importar ao se sentar na poltrona de frente para ela e, além de tudo, eu não precisaria dele, apesar de não saber o porquê Sandro Accappatollo aguardava o meu telefonema com urgência. Depositei um beijo na mão de (SN), gesto que não passou despercebido por Harrison, e segui o caminho em direção ao meu escritório, que também ficava no térreo da casa.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 14, 2020 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

adore youOnde histórias criam vida. Descubra agora