Capitulo 1 - A notícia...
Gabriel Sheyder.
- Gabriel! - Minha madrasta chamou pela milésima vez batendo na porta. - Gabriel! Eu sei que você está ai!
Vou ficar quieto, vai que o capeta volte pro inferno. Seria meu sonho?
- Gabriel Sheyder Guimarães! Abra essa porta agora antes que eu a derrube! - Dessa vez foi meu pai.
- JÁ VAI CARALHO! - Gritei. Que legal, mal acordei e já to estressado. Respirei fundo pra não fazer besteira.
- Então a princesa tava acordada? - Minha madrasta falou. Eu juro que vou quebrar essa guria.
Levantei meio tonto, até de ressaca eu tava. Fui andando bem devagar até a porta do meu quarto. Quando eu abri tava os dois me encarando.
Encarei de volta, nem falei nada. Acho que a gente ficou se encarando na porta por uns segundos. Acho engraçado o fato de eu ser maior que os dois.
- Tu ta de cueca, sabia? - Meu pai disse. - Te veste e vem tomar café.
- Já to indo. - Fechei a porta na cara deles.
Oh gente bem chata! Tava tão feliz dormindo, agora vou ter que olhar pra cara feia deles. Até sei porque os dois vieram me chamar juntos, semana passada eu fui expulso da minha 6° escola.
Briguei com um filha da putinha que pagou banca e quis falar da minha mãe. Quebrei o nariz dele. Não se fala da mãe de um "estressadinho" que nem eu. Mas eu não estou muito preocupado com essa "conversa" com meu pai, ele é o maior bunda mole! Só vai me dar um sermão sobre responsabilidade, me dar um castigo bem bosta e vai ficar por isso mesmo.
Passei a mão no rosto com uma certa força. Minha cabeça latejava de dor. Caminhei até o banheiro que tinha no quarto, lavei a cara, escovei os dentes e molhei um pouco a nuca pra ver se melhorava alguma coisa. Ajudou um pouco, mas bem pouco.
Me encarei no espelho. Mas bá! Eu sou muito lindo.
Sai do banheiro e fui indo até a porta, a primeira camiseta e bermuda que eu vi no caminho eu coloquei. O velho não gostava quando eu ia pra cozinha sem camisa, não que eu me importasse com que ele gosta ou deixa de gostar, só hoje que eu não to afim de me encomodar.
Abri a porta do quarto e no outro lado do corredor a Ana Júlia abriu a porta do quarto dela. Só de olha pra cara de nojenta dela já me estressei.
A Ana Júlia, ou só Ana, ou só Júlia, ou como eu chamo ela, Praga do caralho, é filha da minha madrasta a Carla. Ela tem a minha idade é aquele tipo de mina nariz em pé, se acha a última bolacha do pacote. Mas na real ela é aquela do meio, o cara só come e até esquece.
- Bom dia, otário! - Falou ela me encarando com um sorriso debochado.
- Falatu, marmitex! - Rebati. - Como foi a tua noite com o Hoffman? Ou tu acha que eu não vi ele pula tua janela?
Ela me olhou indignada, bateu o pé e saiu andando.
Bem feito! Quer mexer com quem ta quieto. Agora com o sorriso vitorioso na cara, fui indo até a cozinha.
Depois de descer a escada e atravessar meio mundo, finalmente cheguei na cozinha. Não ta no lucro morar em mansão e ser preguiçoso.
#WhiteGirlsProblems
- Até que enfim a madame chegou! - Carla falou assim que eu entrei na cozinha.
- Te aquieta ai. - Falei sério. - O que vocês queriam comigo?
- Conversar sobre o fiasco que tu fez na escola quarta-feira. - Meu pai falou sério e um pouco (na verdade muito) bravo. - Te senta.
Sentei na cadeira de qualquer jeito. Respirei fundo, como minha terapeuta falou pra fazer.
- Meu Deus guri, meu Deus! - Ele começou. - É de se impressiona com a tua falta de responsabilidade!
Eu só joguei a cabeça pra trás, esperando todo o sermão.
- Como é que tu me faz uma coisa dessas, mais uma vez? Tu não é mais criança Gabriel! Um baita cara desses fazendo merdinha pra chamar atenção, ah por favor, né Gabriel? Ja passou da hora de tu virar gente, tchê! Para de fazer essas merda, e vê se toma vergonha na cara!
- Já acabou, Jéssica? - Ergui a cabeça e encarei ele.
- Não Gabriel - Falou desanimado. Acho que decepcionado seria o certo. - Eu cansei da tua imaturidade. Dessa vez, não vai ter um simples castigo como sempre faço. Eu cheguei ao meu limite. Tomei uma decisão.
- Que decisão? - Tava curioso de verdade. - Vai me jogar fora?
- Eu te matriculei numa escola interna em Nova York. - Ele falou essas palavras tão rápido, como se tivesse tirando um grande peso das costas.
Eu fiquei sem saber como reagir. Aquilo não podia ser verdade! Não!
- Tá bom. - Levantei e parei no lado da minha cadeira. - Que isso? Pegadinha do Sílvio Santos? Cadê as câmeras. - Fingi procula-las. - Mas que porra! - Bati na mesa com força, quase derrubei a jarra de suco e a térmica de café.
- Eu te avisei! - Meu pai levantou e apontou o dedo pra mim. - E não foi nem uma, nem duas, foram seis! SEIS VEZES GABRIEL. - Ele gritava a plenos pulmões. - TU FOI EXPULSO DE SEIS ESCOLAS! Não tem mais perdão. Tu vai ir pra essa escola, nem que eu te arraste até lá!
- E a minha vida aqui? Como fica? - Questionei quase gritando. - Como fica a porra dos meus amigos? MERDA! TU NÃO PODE TIRAR A MINHA VIDA DE MIM MESMO DESSE JEITO! - Agora eu gritei.
O meu rosto fervia de raiva e eu provavelmente estava vermelho. Minhas mãos cerradas em punho só afirmavam o ódio que eu estava sentindo.
- EU TO NEM AI PROS TEUS AMIGOS! - Ele deu um soco na mesa, que derrubou de vez a jarra de suco. Lá se foi Carla correndo atrás das coisas pra limpar. - Eu sei que tu vai ir pra uma escola bem longe, bem rígida e se você não tomar jeito lá, vai tomar jeito na cadeia. - As suas últimas palavras fizeram eu recuar um pouco. Eu já fui parar lá uma vez, mesmo que só tendo que passar uns dias, eu posso dizer que não é nada legal.
Gabriel, você não pode quebrar teu pai no soco, não pode bater no pai, tendeu? É muito feio quebra o próprio pai no murro.
Mas que eu tô com vontade eu tô!
Lancei um olhar de fúria para ele e para Carla, sei que ela não tinha nada a ver mas, na hora da raiva...
- Vai... - Respirei fundo pra não voar pra cima dele. - Vai te foder!
Peguei uns quatro pedaço de bolo da mesa e sai andando a passos pesados. Paço raiva mas não paço fome. Subindo as escadas trombei com a Praga do caralho.
- Nossa! A essa hora da manhã e você ja ta todo estressadinho? - Aquele sotaque paulista dela me irritava.
- Te fude, Ana Júlia! - Passei por ela sem dar muito assunto. - E é "tu", não você. TU ta no Rio Grande do Sul, abobada.
Ela me lançou o dedo do meio sem olhar pra trás. Continuei meu caminho puto da vida. Cheguei no meu quarto larguei o bolo em cima do criado mudo que tinha no lado da cama.
Eu estava nervoso e com raiva, com muita raiva. Fiquei andando de um lado pro outro balbuciando palavrões de todos os tipos. Depois de uns vinte minutos assim, me joguei na cama com tudo, até acho que quebrei alguma parte. Eu já sabia que meu pai era um completo filho da puta, mas me mandar pra um colégio interno em Nova York é filha-da-putagem demais até pra ele! Peguei um pedaço de bolo e enfiei inteiro na boca.
"Colégio Interno ou cadeia..." - Aquelas palavras ficaram passando na minha cabeça repetidamente como se fosse um disco arranhado. O pior de tudo, é que ele pode me colocar e me tirar da cadeia a hora que quiser. Merda!
Acho melhor eu arrumar minhas malas...
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Um Marrento no Colégio Interno
Teen FictionGabriel Sheyder, um adolescente padrão com problemas de controle de raiva. Depois de ser expulso da sexta escola, seu pai resolveu matrícula-lo em um colégio interno em Nova York chamado EF. Academy, uma das melhores dos Estados Unidos. O grande pro...