Prólogo

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“Vale a pena morrer; fugir do mundo, as trilhas da selvática aspereza, e mergulhar de novo no profundo abismo da profunda natureza.”

–Júlia Cortines

Com o choque repentino das minhas costas contra o chão, uma profunda dor espalhou-se a pele frágil e mal tratada. A agonia dos cacos de vidro nas solas expostas em meus  pés, em conjunto com um pulso quebrado e o constante aperto em meu pescoço, o sistema nervoso desse pobre corpo mal reage a essa judiação.

Um aperto forte, o suficiente para proporcionar a sensação de asfixia, contudo de fato não o fazendo. A grande quantidade de lágrimas impossibilitando a visão do ser que estar a me sufocar, ele parou de ser uma pessoa há muito tempo atrás, felizmente isso não é algo que me incomode, gostaria de evitar olhar o máximo que me fosse possível.
Morrer em um lugar como esse sempre foi uma realidade que aconteceria em algum momento, uma realidade que eu nunca fiz questão de negar a mim mesma. Ele o apertou ainda mais… Não havia necessidade das coisas terminarem assim, não o culpo pela atual situação, eu poderia te escapado desse inferno muitas vezes mas não o fiz, para onde eu iria se fugisse? Invés daqui morreria de fome e frio nas ruas, se eu for morrer ao menos tentarei prejudica-lo no processo, serei vítima de um homicídio ao invés do frio glacial do inverno.

Finalmente meus pulmões clamam por amparo pela falta de oxigênio, infelizmente nada irá responder a esse pedido desesperado de ajuda, não cinto minhas costas, as solas dos meus pés só sentem o ar gélido proporcionado pela porta escancarada da sala, do meu ombro direito até o pulso quebrado é a única coisa que cinto, minha mão parece inexistente. Aos poucos minha consciência está se esvaindo do meu controle, as lágrimas se intensificam até minha visão está completamente dispensável. Finalmente! Reunindo minhas últimas forças,  Fasso o ato que apesar de não ter vivido o suficiente para ver, sei que o confundiu.

– Obrigada… – agradeço, expressando um último sorriso genuíno antes de me entregar aos braços da morte.

Vida Longa Ao ImperioOnde histórias criam vida. Descubra agora