Yeosang não gosta de despedidas.

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E mais meses se passaram, no total, três. E estava indo bem no seu novo trabalho, afinal, ganhava dinheiro com aquilo, e estava indo muito bem com SeongHwa, ah, como estava. Não se lembrava completamente como os dois começaram a ter tamanha intimidade, e agradecia mentalmente por isso, por quê, se dependesse dele, isso não passaria de uma troca de cumprimentos, tão patético, Yeosang apaixonado é patética, este normal é patético.

Seus lábios ansiava diariamente para se mexer, para enfim conversar com SeongHwa, e para poder admirá-lo, contemplá-lo, imaginá-lo consigo. Sua beleza radiava por completo seu ser, sua alma, sua personalidade, e todos os aspectos físicos existentes em Kang. Seu sorriso era perceptível, toda vez que Park se aproximava, ou apenas o cumprimentava, seus olhinhos brilhando toda vez que encontrava os do moreno, seu coração palpitava apenas de pensar no mesmo, isso era um pré-infarte? Não, espera que não, precisava agradar seu pai, precisava orgulhar seus amigos, precisava curar o vazio que existe dentro de si. Maldito vazio! Por que insiste em persistir em seu íntimo? Ah, não fazia ideia, e sinceramente, desistia de tentar uma resposta plausível para explicar, era tão difícil. Era difícil amar SeongHwa. Era difícil amar um cara, e não poder contar para seus pais. Era difícil para si mesmo acreditar nisso. Era difícil ser ele mesmo.

Seus lábios se chocavam, uma batalha sendo presenciada por seus seus amados dentes, brancos e reluzentes que só estes, e sua língua, que se pós para fora, em um ato comum de umidecer a pele rosada. Estava seca
Sempre estava. Esse era o efeito Park SeongHwa em seu organismo. Um vírus terrível, que ataca o psicológico, e depois, de vagar, acaba, pedacinho por pedacinho, com seu coração. Seu músculo já estava atordoado, como se tivesse fumado, ou bebido álcool, daqueles bem fortes. Maldição, seu corpo não reagia diante do rapaz, que insiste em conturbar sua mente, essa que não consiguia se manter fixa, nesse momento, apenas se imaginava com o mesmo, de mãos dadas, tomando um sorvete de morango, enquanto se declaravam um ao outro. Mas que raios isso é tão estranho? Não sabe nada, nem mesmo o básico, de como é amar alguém incondicionalmente, só reconheceu estar apaixonado, apenas por que tinha inúmeros livros de romance, onde a personagem conta sobre como se sentia em relação ao garoto, que por incrível que pareça, estava sendo comparado a SeongHwa. E se os dois fossem os personagens do livro de romance de Yeosang? Seria loucura. Tudo isso é uma loucura. Amar é uma loucura. Park SeongHwa é uma loucura. E estava apto a se tornar um maluco por completo, para poder ser reconhecido pelo tal. Mas tinha medo. Sempre teve medo. Teve inseguranças. Teve hesitação. Teve orgulho quebrado. Sempre teve medo. Isso era normal?

Respirou fundo, uma, duas, três vezes. Estava nervoso, muito nervoso. Estava tremendo de excitação, porém não erótica, não mesmo, não era disso, e sim de felicidade. Parece estranho comparar duas palavras diferentes a uma, mas não tinha como escolher outra. Seus olhos estavam pesadíssimos, resultado de ficar horas desenhando, para tentar expor seus sentimentos em uma folha. Incrível. Tudo era incrível. SeongHwa o olhando com ternura. Incrível. Seus lábios rosados. Incrível. Seu cabelo escuro, cumpridos e sedosos. Incrível. O rapaz era incrível. Estava tão meloso, que nem Wooyoung sabia o que fazer, quando ouvia os suspiros apaixonados de Yeosang por Park. Não aguentava mais ver seu amigo contando detalhes sobre o mais velho. Não aguentava mais ver seu amigo tão entregue, e sem receber nem sequer uma aviso sobre os sentimentos alheios. Estava cansado de ver seu amigo triste por isso. Mas por outro lado, Yeosang não ligava de escrever poemas clichês para o rapaz, detalhando seu amor por ele. Não ligava. Não se importava em desenha-lo durantes tantas madrugadas. Não se importava. Era isso então estar apaixonado? Estar entregue a uma pessoa? Ah, o amor é tão estranho. Yeosang é estranho, por amar. Todos são estranhos, não importa o porque, mas são estranhos. A pessoa se muda por outra, isso não é irônico? A pessoa muda seus gostos por outrora, e esta não muda nada. Irônico. A pessoa age diferente, enquanto a outra nada faz, continua igual. Irônico. A pessoa muda por completo para tentar agradar a outra, mas nada de respostas. Irritante.

Suas mãos suavam, ele todo suava. Estava nervoso. Sempre estava. Andava pelos corredores apressado. Sempre tão apressado. Entrou na sala de música. Sempre entrava. Estava atrasado dez minutos. Nunca esteve atrasado. Mas tudo mudou tão repentinamente, que sua rotina não se acostumava, ele não acostumava. Contudo, não se importava com os olhares dos alunos ali. Nunca ligou. Não se importava em escutar sussurros sobre quão acabado estava. Sempre esteve, não ligavam antes por quê? Não se importou em ser perguntado o motivo da demora, ele não era obrigado a responder, mas respondeu. Sempre respondia. Seus pés batiam freneticamente no chão invernizado de madeira. Uma mania. Seus dedos se chocaram com a palma. Outra mania. Seu braço balançava suavemente, estava começando a manusear corretamente os sons. Finalmente. Seus ouvidos gostavam desse som, com vários tons. Adorava. Adorava o jeito concentrado de SeongHwa. Ficava tão adorável. Adorava o jeito que as mãos alheias subiam e desciam para emitir algum som do instrumento. Era bom nisso.

Seus olhos focavam em todos, mas ao mesmo tempo apenas em Park. Seu coração batia ao ritmo da música. Era uma música romântica. Adorava música romântica. Estava em inglês, era uma música inglês. A voz do coro, que era de SeongHwa, e alguns garotos que estavam dispostos a cantar, estava deixando tudo tão perfeito. Estava perfeito. SeongHwa era perfeito. Esse era o seu defeito, ser ilegalmente perfeito. Não aguentava a si próprio dizendo sobre o rapaz, estava tão apaixonado, que chegava a ser doloroso. Escutou um "...Your love will no longer be bad for me, it will be our love..." E sentiu como se tudo estivesse ligado. Mas poderia ser para outra pessoa. A música foi escolhida por SeongHwa. Ele diz ser bonita, e ótima de ser tocada por instrumentos, além de ser fácil de cantar. Era tão inteligente. Droga. Novamente pensado nele. Seus pensamentos não focavam em mais nada, apenas ele. Seu sorriso perceptível aos outros presentes na sala. Estavam indo bem, em breve estariam tocando fora. Estava orgulhoso. Porém, triste. Outra pessoa iria entrar em seu lugar, pois estava apenas cobrindo o lugar do homem, não podia continuar.

Assim que a música acaba, ele sente seus olhos marejarem. Estava tão animado, mas tão triste. As pessoas presentes ali percebiam, a muito tempo, na verdade. Seus sorrisos não eram tão frequentes como antes. Era tediante. Seus olhos marejavam todo o término das músicas. Era costume. A voz pouco animada dizendo sobre estarem melhores que nunca, e que estava orgulhoso de tal feito. Era comum. Todavia não gostavam. Não mesmo. Sentiam que tinha algo nisso. Tinha algo para o fazer ficar tão sentimental nas aulas. Mas não esperavam que essa aula, seria a última. Ninguém esperava. A turma estava descansando um pouco, e Yeosang estara ao celular, recebendo uma ligação. Sua voz era fraca, e soava como decepção. Era comovente.

— Não posso mais continuar com vocês, me desculpe.

A reverência para eles foi o limite. Não queriam outro maestro, não mesmo. O rapaz era dócil, compreensivo e astuto, mas também rude, frio e persistente. Os olhos arregalados eram visto em todos os rostos daquele lugar. A boca aberta em "o" de SeongHwa era a mais chamativa dali, e a levantada brusca também. Estava indignado, afinal. Todos estavam.

— Por quê? Não fez nada de errado, Yeosang!

Perguntava em êxtase. O pobre Kang não iria esquecer as pessoas do grupo, e todas as vezes em que eles o ajudaram a determinar uma música, e os instrumentais de cada um; estavam irritados. As reclamações estava se ecoando pelo cômodo, não seria possível mais tocar nada, não tinham cabeça para tal. Mas agora, tudo fazia sentido; Kang Yeosang estava triste por isso. Todas as vezes que elogiava era por isso. Estava indo embora. Todas as vezes que se emocionava. Estava partindo. Todas as vezes que sairam juntos para tomar sorvete, ou apenas ver um filme. Estava saíndo. Estava fazendo a vontade deles, aproveitando todos os momentos possíveis juntos. Estava completamente emotivo por eles. Estava dando adeus as aulas.

— Eu sei, não fiz nada. Mas, o real maestro virá na próxima aula, então, por favor, compareçam e mostre a ele o que vocês aprenderam comigo, entenderam?

Estava juntando suas coisas, iria embora. Tinha que descansar para as aulas de amanhã. Tinha que estudar ainda. Estava sem tempo. Tinha que preparar os matérias e organizar os conteúdos. Estava sem tempo. Precisava admitir a SeongHwa sobre seus sentimentos. Estava com medo. E saiu. Sem nem ao menos se despedir. Odiava despedidas. Porém, deixou seu coração ali, junto de Park, esse que estava mais chocado que os demais, afinal, não o veria tão facilmente durante a faculdade. Maldição! Quem fez tamanho crueldade?

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