Capítulo X

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Por mais que a água da banheira estivesse morna, o corpo de Prudence continuava tremendo. Não fazia ideia de quanto tempo estava ali se lavando, mas seus dedos já começavam a ficar enrugados e sua pele estava consideravelmente vermelha de tanto que ela esfregava. Ainda assim, Prudence não queria sair da banheira, pois não se sentia limpa o bastante. Queria esfoliar o corpo até que se livrasse de qualquer resquício que Jacob Tunner pudesse ter deixado em seu corpo, mas a lembrança de seu toque ainda fazia com que a pobre garota se arrepiasse. Desejou que a água pudesse levar embora as recordações daquela tarde, assim como levava a sujeira de sua pele, mas sabia que isso não era possível.

-Esposa? – Chamou a voz de Theo, vinda de trás da cortina do lavabo e parecendo preocupada – Você está... Está bem?

-Estou. – Respondeu Prudence após alguns instantes, tornando de seus devaneios e tentando manter um tom apaziguador – Já estou terminando.

-Tudo bem, tome o seu tempo. Só queria dize que... Que estou aqui, caso precise de alguma coisa.

Ela se esforçou para conter um soluço ao ouvir aquilo, achando que romperia novamente em lagrimas a qualquer momento. Depois de tudo o que aconteceu no celeiro, Theo lhe levou de volta para casa e preparou um banho quente para ela, parecendo desesperado por fazer algo que lhe ajudasse. Ainda assim, o marido continuava preocupado e vez ou outra chamava por seu nome, como se apenas o som de sua voz fosse capaz de acalmá-lo.

Tentando conter seus nervos, Prudence decidiu que já era hora de sair da banheira, e com cuidado se levantou e esperou que a água escorresse por seu corpo. Conferiu novamente se Jacob havia deixado alguma marca em sua pele, mas aparentemente só ficaria com um pequeno hematoma no braço direito, onde o desgraçado tinha lhe segurado com mais força. Soltando um lamento na forma de suspiro, Prudence se enxugou e só então percebeu que não havia trazido uma muda de roupas limpas para o lavabo.

A única peça que estava ali era a delicada camisola que tinha separado mais cedo e logo precisou suprimir novamente a vontade de chorar. Ela tinha escolhido aquela peça achando que teria uma noite especial com o marido, e agora estava ali, tentando não romper em lágrimas enquanto ouvia os passos de Theo andando de um lado para o outro no quarto, como se fosse um animal enjaulado. Com um gosto amargo na boca, Prudence vestiu a camisola e trançou os laços do corset, sentindo a delicadeza da seda deslizando por seus dedos.

Quando terminou, ela viu seu reflexo no espelho do banheiro e percebeu que a camisola era reveladora de mais, e por isso vestiu um roupão por cima de tudo e só então saiu do lavabo, sabendo que o pobre marido estaria preocupado com sua demora. Algo primitivo dentro de si não queria que Prudence encarasse Theo, como se sentisse uma mistura de medo e vergonha, mas foi só quando seus olhos encontraram os do marido que ela percebeu o quão havia sido egoísta.

Theodor também devia ter tomado um banho, pois já não usava mais as mesmas roupas de antes, que estavam sujas de sangue, e em seu lugar vestia apenas a ceroula, deixando seu tronco nu visível aos olhos dela. E por um momento, Prudence lembrou da selvageria do marido quando partiu para cima de Jacob e um arrepio frio lhe percorreu a espinha. Ela jamais tinha visto aquele lado de Theo, mas agora ele parecia desolado, sentado na beirada da cama com os olhos vermelhos, os lábios contraídos e o rosto tenso. Seus ombros estavam caídos e o pobre rapaz se levantou com um pulo quando a viu, mas no último instante ele conteve o impulso de correr até ela e acabou ficando plantado bem ali onde estava.

Era como se tivesse medo. Medo de assustá-la ou de feri-la, como havia feito mais cedo.

-Você... Você está bem? – Indagou Prudence, vendo que o marido parecia paralisado.

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