Capítulo XIII

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Prudence olhou uma última vez no espelho de seu quarto, tentando decidir se deveria ou não passar mais pó de arroz. Graças aos seus passeios vespertinos com Binesi, sua pele havia adquirido um belo bronzeado que destacava a cor de seus olhos, mas ela não sabia se isso impressionaria os parentes de Theo. Na verdade, agora que via seu reflexo, percebia o quão mudara nos últimos quatro meses! Seu rosto já não era mais tão pálido quanto antes e até possuía um delicado viso que lhe dava um ar mais saudável. Também havia notado que o corpo estava mais cheiinho, com curvas que preenchiam suas formas e lhe deixavam mais feminina.

Já não era mais aquela menina frágil e assustada que tinha medo até da própria sombra. Oh, não. Agora Prudence parecia uma moça vibrante e feliz, e de fato, ela realmente era! Os últimos meses ao lado do marido lhe fizeram muito bem, mostrando-a o significado de amar e ser amada. Tudo parecia perfeito na vida de Prudence, mas naquela tarde, o velho receio lhe tomava o coração.

Os parentes de Theo chegariam em breve, e tinha medo de que eles não gostassem dela. Na verdade, Prudence havia passado a semana em um estado de agito sem precedentes, atarantada com os preparativos para não fazer feio perante aos McGregor. Estava tão ansiosa para causar uma boa impressão que seu estômago andava meio estranho e também vinha se sentindo mais cansada durante a última semana.

E agora que o dia de conhecer os parentes de Theo finalmente chegou, ela tinha passado a maior parte da manhã limpando a casa e preparando um jantar digno de reis, mas ainda assim, sentia-se insegura. Prudence nunca havia recebido tantas pessoas em sua casa e era bastante inexperiente com aquelas coisas, não fazendo ideia de quanta comida preparar ou de como organizar os quartos. Binesi até havia se disponibilizado para ajudá-la com os preparativos, mas Prudence acabou declinando a oferta devido ao estado da amiga que parecia cada dia maior graças a sua gravidez.

Soltando um suspiro pesado, ela conferiu novamente seu cabelo que estava preso em um penteado mais incrementado, com os fios negros puxados para a nuca. Também usou um pequeno pincel para tingir seus lábios com um delicado tom de carmesim e passou rouge nas bochechas. Todos aqueles produtos de maquiagem haviam sido presentes de Theo, que sempre que ia até a vila lhe trazia algum agrado, parecendo disposto a encher sua penteadeira com perfumes e produtos femininos. Prudence teve um pouco de dificuldades no início para aprender como usá-los, mas quando percebia a satisfação do marido em vê-la arrumada, sentia que valia a pena o esforço.

Quando terminou de se maquiar, conferiu novamente se o vestido que usava não estava amassado, sentindo a seda suave deslizando por seus dedos. Céus, mal reconhecia o reflexo que via no espelho. Estava mesmo bastante apresentável, e logo outro temor lhe invadiu o peito: e se estivesse arrumada de mais?! Não queria parecer uma moça pretensiosa perante os parentes de Theo...

Estava pensando se deveria vestir algo mais informal, quando ouviu o som de uma carroça se aproximando. Oh Deus! Eles chegaram! Agitada, Prudence saiu do quarto e desceu as escadas correndo, dando uma última olhada na sala para ver se estava tudo em ordem para receber suas visitas. Depois de constatar que nada parecia fora do lugar, ela abriu a porta da frente e foi até a varanda, sentindo seu peito apertado. Fazia meses que não tinha uma de suas crises de pulmão e definitivamente aquele não era o melhor momento para perder o controle.

Enxugado as mãos suadas no vestido, ela viu quando Theo parou a carroça em frente a casa e logo em seguida ajudava um casal a descer do veículo. Prudence não precisou de apresentações para saber que eram Henry e Emma McGregor, pois de alguma forma, sentia que só poderiam ser eles. O irmão mais velho de seu marido possuía uma constituição física mais baixa e uma barriga um tanto saliente, mas tinha os mesmos olhos azuis e o cabelo castanho de Theo. Já Emma era uma moça encantadora, com um corpo arredondado que se moldava perfeitamente bem ao pequeno bebê que trazia em seus braços.

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