Capítulo XIV

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Os sons de sussurros e risadas que vinham do quarto de hóspedes acordaram Theo, com uma estranha nostalgia em seu peito. Aparentemente, Henry e Emma continuavam nada discretos em sua intimidade, e sem conseguir conter o riso, Theo se virou na cama, procurando pelo corpo de Prudence. Mas para sua completa frustração, encontrou apenas o vazio. Parece que a esposa havia levantado cedo novamente para cuidar de seus afazeres, e não era justo que ela trabalhasse tanto enquanto Theo ficava na cama.

Soltando um muxoxo, ele tentava criar coragem para se levantar, mas antes mesmo que pudesse mover um músculo, Theo ouviu a porta do quarto sendo aberta e por esta passar dois pequenos diabinhos que corriam aos risos e se jogavam na cama, sobre ele.

-Tio Theo, tio Theo! – Exclamou Michael, pulando no colchão de forma animada – A tia Prudence tá fazendo bolo de cenoura para o café da manhã!

-E ela disse que vai me deixar raspar a calda de chocolate se eu a ajudasse a confeitar o bolo. – Vangloriou-se Anne, com seu enorme sorriso banguela.

-Acho que a Prudence está mimando vocês de mais.

-Num tá não. Ela só faz isso porque gosta da gente, diferente da tia Fanny que só fica resmungando.

-Anne, sabe que é grosseiro falar essas coisas dos mais velhos, não sabe?

-Mas ela tem razão, titio. – Choramingou Michael, concordando com a irmã – A tia Fanny está mais rabugenta do que antes e nem deixa a gente dormir direito.

-É... Ela fica chorando a noite toda.

Ouvir aquilo fez com que uma ruga surgisse entre as sobrancelhas de Theo. Fanny chorando? E desde quando ela era capaz de derramar lágrimas?

-Você tem certeza disso, Anne?

-Claro! A tia Fanny acha que a gente não escuta, mas ela chora a maior parte da noite. É por isso que a Kitty fica tão sonolenta de manhã.

-E você sabe o motivo dela chorar?

-Não. Quando a gente pergunta, ela finge que quem está chorando é a Dora.

-Mas uma vez a tia Fanny disse que a culpa era nossa, porque somos insuperáveis.

-Insuportáveis! – Corrigiu Anne, revirando os olhos – Outro dia ela até nos deu um beliscão e nos colocou de castigo, só porque a Kitty não queria comer o mingau de aveia. E hoje de manhã cedo ela saiu dizendo que precisava tomar um ar, pois não aguentava mais ouvir o Michael espirrando.

Theo não gostou nada de saber daquilo. Fanny sempre lhe tratou de forma frívola e rude, mas ela nunca maltratava as crianças... Será que havia acontecido alguma coisa para deixá-la naquele estado de humor?

-Meninos, porque vocês não vão se trocar? – Sugeriu Theo, achando melhor ir ver a esposa. Não queria imaginar o que aconteceria se Fanny esbarrasse em Prudence – Achei que vocês fossem ajudar a fazer um bolo de cenoura.

-Sim!! – Gritaram as duas crianças em uníssono, parecendo empolgadas novamente.

Em questão de segundos, Anne e Michael saíram do quarto correndo e gritando de maneira animada e fazendo com que Theo risse. Era bom ter os sobrinhos ali, mas vendo que o sol já havia nascido completamente, ele foi até o lavabo onde fez um rápido asseio e vestiu uma camisa simples com a calça de linho. Quando terminou de calçar as botas ele arrumou a cama e desceu as escadas, ouvindo o som de colheres batendo na panela antes mesmo de chegar na cozinha, dando de cara com uma cena que lhe inflamou o desejo.

Prudence estava de costas para ele, batendo ovos em uma tigela e parecendo distraída enquanto seu quadril mexia de um lado para o outro com graciosidade. Os olhos de Theo ficaram presos naquele traseiro redondo e firme... O mesmo traseiro que na noite passada estava todo empinado em sua direção, enchendo suas mãos e o levando a loucura.

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