I

31 6 3
                                    

O ar que me falta. As pernas que bambeiam. Os olhos que queimam. A mente que divaga e ao mesmo tempo remói milhões de coisas. O choro preso que não sai de jeito nenhum. As mãos frias que nem mesmo o calor de uma fogueira é capaz de esquentar. Aqui dentro também existe um fogo, que me consome dia após dia e é inteligente, escolhe as noites para queimar com mais intensidade, tanto que nem mesmo a água de uma represa seria capaz de apagar. Não é um fogo comum, é diferente do já existente. Consome lentamente a cada ano, a cada mês, a cada semana, a cada dia, a cada noite. É torturante, pois o prazer está em consumir de pouco a pouco, até que lhe falte o oxigênio para respirar. O fogo está na mente e, sem sair de lá, ele consegue queimar. O fogo não foi aceso por escolha própria, o fogo foi aceso por incidentes, acidentes, o fogo foi aceso por outras pessoas, e minha mente permitiu...ou foi eu?
Eu queria saber como apaga-lo, mas a cada queima intensa que ocorre, eu só penso em deixar queimar, queimar até que não reste nada de mim. Eu, uma mera humana lutando contra o fogo que queima aqui. Às vezes penso que sou capaz ganhar esta luta, mas na maioria das vezes eu penso que estou perdendo, e talvez eu esteja. O fogo consumiu muitas partes e tirou as minhas forças. O fogo continua queimando e eu não sei o que fazer. Correr.. mas correr para onde? Se aonde eu vou, o fogo também está...

Quando Falta ArOnde histórias criam vida. Descubra agora