Pelo meu olhar

Adivinha 1

Pista: *****/ ******

Passo a maior parte do meu tempo aqui. Talvez por nunca ter sido pessoa de ter muitos amigos. Talvez por preferir outro tipo de companhias. O certo é que este é um local imensamente importante para mim. Ele viu - e, de alguma forma, também posso dizer que sentiu - todas as minhas vitórias (que não foram poucas), as minhas quedas (que também foram algumas) e, certamente, já saberá de cor as minhas dores, manias e amores.

Na grande maioria das vezes, é um refúgio do Apocalipse que está a acontecer à nossa volta, enquanto cada um vive a sua vida: os valores que se estão a perder algures entre cada Passagem de Ano celebrada e o Natal do ano seguinte (sim, porque aquela altura do Natal é tudo paz e amor e 'bora estar com a família que só vês nesta altura do ano, que riquinho! - NÃO TE RIAS! Até parece que é mentira!); o poder que se acredita estar no Homem, quando, afinal, este apenas é subjugado pelo Capitalismo e pelo dinheiro, no geral; a falsa crença no domínio do Homem sobre a Natureza, apesar deste não saber aproveitar e gerir os recursos indispensáveis que ela lhe dá, etc., etc., etc. Depois ouve-se nas notícias: assaltos, atentados, filhos que matam os pais, pais que matam os filhos, cheias, incêndios, terramotos, ... E as pessoas ficam espantadas. Está tudo a caminhar em direção ao precipício e ainda estranham as consequências disso!

Eu é que não pactuo com isso. E, por isso mesmo, para evitar chatices - visto que sozinho sou incapaz de fazer uma revolução e, por mais que eu fale, ninguém quer saber - prefiro ficar sossegado aqui e evito, quase sempre, ver as notícias (raramente são positivas e para tristezas, bom... para tristezas...tu sabes..).

Porém, o refúgio também se consegue tornar uma prisão. É como tudo, depende dos dias, da força... E quando é uma prisão, raramente alguém me consegue recuperar daqui. Porque o poder está (alegadamente) em mim e, não tendo forças, não acreditando em mim, qualquer hipótese que eu tenha de me libertar simplesmente morre.

A verdade é que, seja em versão refúgio, seja em versão prisão, só cá entra quem eu permitir: é necessário as pessoas corresponderem a uns certos "pré-requisitos" se quiserem cá entrar. Mesmo a minha mãe, por vezes quer entrar e não tem essa sorte. Tampouco me consegue culpar por isso: é uma questão de intimidade, mas, sobretudo de espaço. É quando eu estou aqui que mais penso afincadamente sobre tudo e, por isso, este silêncio e conforto são essenciais ao meu crescimento. Quem não conseguir perceber isso, não conseguirá nunca aproximar-se de mim.

Ia-me esquecendo de dizer algo importante! É crucial que isto esteja limpo e organizado. Caso contrário, eu tenho imensos problemas de várias índoles. Uma consequência que posso dizer de caras (e já sei que vais te rir!) é: a minha mãe reclama e grita comigo e, sobretudo, tu reclamas e gritas comigo para que eu equilibre tudo. Mas às vezes não é fácil! Existe muita coisa para um único sítio!

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Notas da edição:

1. Esta descrição tem duas respostas certas. Uma é, provavelmente, mais óbvia que a outra. Mas para o meu melhor amigo as duas estão certas. E ele é que manda!

2. O que está em itálico é ele a dirigir-se diretamente para mim e, por isso, é que está grafado de forma diferente.

Boa sorte!

(Este é muito fácil!)