heresia; one.

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Fotografia para cinema e vídeo.

Se Jeon Jeongguk soubesse o quanto sua sanidade mental fora comprometida no exato momento em que matriculou-se naquela aula, jamais o teria feito. Ou teria. Sádico como era, mesmo que soubesse das dificuldades a serem encontradas, as escolheria outra vez se lhe fosse permitido, apenas pela companhia do acastanhado de riso fácil e aura acolhedora.

— Dizem que fotografar é escrever com a luz — contava Kim, o sorriso perfeito surgindo entre os lábios. A paixão pelas imagens sempre vira à tona em algum ponto de sua aula; Jeongguk apelidava tal ponto carinhosamente de ápice.

Uma frase de efeito a mais ou a menos, não importava. Aquele homem conseguia tomar sua atenção por completo — algo que, para Jung Hoseok, seu companheiro de classe, imaginação fértil e sorriso acolhedor, julgava impossível.

Ora, não podemos julgar o moreno. Fora aceito antes do tempo na faculdade, sempre esteve adiantado ao seu tempo — em muitos sentidos — e ver-se cercado da certeza dos adultos confundia sua mente ainda jovial. Hoseok acreditava que, embora a diferença de idade fosse considerável, Jeongguk possuía a maturidade e a garra necessárias para concluir o curso com êxito.

Os períodos passavam e, no auge do sexto, o que antes era apenas um sentimento, virou certeza. Jeon destacava-se em tudo o que fazia. Com dezenove anos, sua arte jamais passara despercebida. Ganhara destaque após o portfólio excelente com temática um tanto depressiva e cheia de sentimentos, no qual passara noites e noites acordado, lendo sobre os demônios internos que cismam em assolar cada indivíduo posto em sociedade.

Os males da década.

A depressão propriamente dita. Crises de ansiedade e identidade. Insegurança, transtornos bipolares e, em sua maioria, psicológicos. Todos muito bem retratados em suas fotografias.

Quem era tomado pela curiosidade, julgava o artista, na época com dezessete anos. Afinal, crianças não poderiam surpreender olheiros experientes. Já vimos de tudo o que a arte pode retratar e proporcionar, certo?

Errado.

Cada página era como um tapa bem dado em todas as faces que abriam seu simples portfólio.

Kim Taehyung fora apenas mais um que se deixou levar pelos encantos daquele trabalho universitário. Nunca vira algo tão bem feito. Era notável a paixão que cada fotografia carregava e o professor deixou-se apreciar por mais tempo do que lhe era permitido. Sentira vontade de perguntar a Jeongguk se estavam à venda e pagaria qualquer preço estipulado pelo mesmo, só pelo sentimento de acordar inspirado todos os dias do ano.

Desde que soubera que o menino havia matriculado-se em sua grade, não conseguia deixar sua curiosidade de lado. Qualquer brecha que achava era motivo para saber mais sobre o moreno. Em partes, sentia-se parecido com o mais novo, porque, além de ter começado a faculdade cedo, trilhara seu sucesso com maestria. Hoje, com apenas vinte e seis anos, Kim conquistara o respeito e simpatia necessários para ser alguém naquele lugar — algo que vira de perto acontecer apenas com os mais experientes. Sentia-se grato e, sobre tudo, capaz. E via um futuro semelhante ao olhar para o estudante, estrategicamente acomodado nas primeiras cadeiras do auditório.

— Alguém saberia dizer o que diferencia um fotógrafo amador de um fotógrafo profissional? — questionou o mais velho, divertido.

Adorava instigar seus alunos com perguntas que nem ele próprio pensara nas respostas antes de fazê-las, apenas pelo prazer de observar seus estudantes debatendo até dar um basta e, de fato, começar com sua aula. Esse era o "boa noite" alá Kim Taehyung.

heresia [ kth + jjk ]Where stories live. Discover now